Regionalizada, Brasileirao Série C mantém a emoção do mata-mata
A Série C do Campeonato Brasileiro abre para os saudosistas a possibilidade de acompanhar uma disputa com características que ficaram no passado em praticamente todas as principais ligas nacionais do planeta. Visando reduzir os gastos, ela é regionalizada, conta com etapas de classificação e jogos eliminatórios. Utiliza o sistema de mata-mata não apenas para decidir seu campeão, como também na fase que define quem tem o direito de subir para a Série B do Brasileirão.
Esse privilégio é reservado aos quatro primeiros colocados. Os quatro últimos são mandados para a Série D. Nesse aspecto, o regulamento mantém os mesmos percentuais de acesso e descenso da Segunda Divisão, que tem o mesmo número de times subindo e descendo entre os 20 participantes. No entanto, com sistema de pontos corridos, a Segundona exige a realização de 380 jogos divididos em 38 rodadas para a sua definição.
Série C tem menos de 200 partidas e termina mais cedo
Na Série C, o total de partidas é de 194. Pouco mais da metade do número de enfrentamentos da Segundona. Isso significa economia de gastos para a realização dos eventos, redução de despesas com viagens e possibilidade de fazer contratos de duração mais curta com os jogadores.
Enquanto as séries A e B vão se espalhar entre abril e dezembro em 2018, a Terceira Divisão tem previsão de início para abril e conclusão em setembro. Para os clubes, na parte operacional, isso significa a possibilidade evitar pagamento da folha nos três últimos meses do ano.
Para que essa possibilidade de economia não fosse desperdiçada, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) pediu autorização à Fifa (Federação Internacional de Futebol) e foi atendida evitando que a Série C seja interrompida durante a realização da Copa do Mundo da Rússia. Assim, entre 14 de junho e 15 de julho, quando as disputas tanto da Série A quanto da Série B serão suspensas, a Terceira Divisão seguirá em ação permitindo a conclusão do torneio dentro de seu calendário habitual.
Questão financeira define até mesmo formação das chaves
Os aspectos técnicos também são afetados pela questão financeira. Em vez que recorrer a sorteio ou ao posicionamento dos clubes no ranking, a CBF utiliza o critério geográfico como o mais importante para definir os grupos da disputa. Os clubes são agrupados de acordo com a proximidade de suas sedes. Assim, as viagens para disputar jogos são mais curtas e, naturalmente, menos custosas.
Na temporada 2017, o grupo A teve como integrantes clubes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A chave B foi composta por times das regiões Sul e Sudeste. Para 2018, essa forma de divisão precisará de ajustes.
Acesso e descenso mudam equilíbrio regional
Isso porque o acesso e o descenso promoveram uma alteração no equilíbrio dos disputantes de acordo com suas regiões. Da Série D, conseguiram o acesso para Terceira Divisão o Operário (PR), como campeão, além de Globo (Rio Grande do Norte), Atlético Acreano (Acre) e Juazeirense (Bahia). São três do bloco A e um do B. Essa situação acabou sendo compensada pelo acesso à Segunda Divisão de Fortaleza (Ceará), CSA (Alagoas), Sampaio Corrêa (Maranhão) e São Bento (São Paulo), o que manteria a mesma proporção de 2017.
Porém, quando se leva em consideração o descenso a situação muda. Foram rebaixados para a Série D dois times de cada bloco. Caíram Moto Clube (Maranhão), ASA (Alagoas), Macaé (Rio de Janeiro) e Mogi Mirim (São Paulo). Só que da Série B caíram apenas times das regiões Nordeste e Centro-Oeste: Santa Cruz e Náutico (Pernambuco), Luverdense (Mato Grosso) e ABC (Rio Grande do Norte). Assim, a edição 2018 da Série C terá dois times a mais dessas regiões na comparação com o Sul e o Sudeste.
Dessa forma, dois desses times ficarão fora de sua área geográfica caso a CBF mantenha o mesmo critério para a divisão dos grupos. Essa situação, no entanto, ainda não está definida. Só será solucionada no começo de 2018 quando a CBF anunciará a divisão dos grupos. Eles terão como remanescentes da temporada 2017 Confiança (Sergipe), Salgueiro (Pernambuco), Cuiabá (Mato Grosso), Remo (Pará), Botafogo (Paraíba), Tupi (Minas Gerais), Tombense (Minas Gerais), Volta Redonda (Rio de Janeiro), Joinville (Santa Catarina), Botafogo (São Paulo), Ypiranga (Rio Grande do Sul) e Bragantino (São Paulo).
Organizadores mantêm formato da disputa
Apesar da possibilidade de uma mudança nos critérios para a formação dos grupos, o formato da Série C em 2018 continuará o mesmo. As 20 equipes disputantes vão ser divididas em duas chaves, cada uma com dez times. Os clubes jogarão entre si na primeira fase no sistema de ida e volta. Ao final de 18 jornadas e 180 partidas, os quatro primeiros de cada grupo avançarão para a etapa dois.
Nesse estágio, de quartas de final, o primeiro colocado enfrenta o quarto do outro grupo. O segundo pega o terceiro. Assim, também em jogos de ida e volta, serão definidos os quatro times que conseguirão acesso para a Série B de 2019. Com a subida assegurada, os semifinalistas disputam o direito de ir à final em duas partidas. A decisão também é feita em confrontos de ida e volta.
O rebaixamento para a Série D é definido já na primeira fase. São relegados os dois últimos colocados em cada um dos grupos. Esse formato está em vigor desde 2012, embora o número de 20 tenha sido estabelecido como limite para participantes em 2009.
Time sergipano é líder em número de participações
A Terceira Divisão começou a ser disputada em 1981, mas sua realização não foi ininterrupta. O Confiança, que vai atingir a marca de 19 participações na temporada 2018, é o clube que mais vezes disputou a Série C levando-se em consideração todos os formatos do torneio. É seguido pelo Caxias (Rio Grande do Sul), com 16 participações, e Tupi, que disputou 15 edições.
Quando são consideradas apenas as disputas no formato com 20 disputantes, ainda que os regulamentos no período tenham sofrido alterações, o Fortaleza, que conseguiu subir para a Série B em 2017, é quem apresenta o maior número de participações. Foram oito. Com presença em sete edições estão Águia de Marabá (Pará, rebaixado em 2015), Caxias, Macaé (rebaixado no ano passado) e Salgueiro.
Terceirona tem dois bicampeões
Apenas dois times conseguiram conquistar o título da Série C em duas oportunidades. Os líderes em conquista de troféus são os goianienses Atlético e Vila Nova, ambos atualmente na disputa da Série B. Outros 21 times dividiram levaram as demais taças. Nesse bloco o destaque é o Fluminense, único dos clubes que são considerados grandes nacionalmente que já foi rebaixado para a Terceira Divisão.
A lista de campeões da Série C tem:
- 2017 – CSA
- 2016 – Boa Esporte
- 2015 – Vila Nova
- 2014 – Macaé
- 2013 – Santa Cruz
- 2012 – Oeste
- 2011 – Joinville
- 2010 – ABC
- 2009 – América-MG
- 2008 – Atlético-GO
- 2007 – Bragantino
- 2006 – Criciúma
- 2005 – Remo
- 2004 – União Barbarense
- 2003 – Ituano
- 2002 – Brasiliense
- 2001 – Etti Jundiaí
- 2000 – Malutron (sem reconhecimento oficial)
- 1999 – Fluminense
- 1998 – Avaí
- 1997 – Sampaio Corrêa
- 1996 – Vila Nova
- 1995 – XV de Piracicaba
- 1994 – Novo Horizontino
- 1993 – não houve disputa
- 1992 – Tuna Luso
- 1991 – não houve disputa
- 1990 – Atlético-GO
- 1989 – não houve disputa
- 1987 – Americano (não tem reconhecimento oficial)
- 1986 – não houve disputa
- 1985 – não houve disputa
- 1984 – não houve disputa
- 1983 – não houve disputa
- 1982 – não houve disputa
- 1981 – Olaria