Relembre a trajetória do Palmeiras na Libertadores 2020

Faltando apenas três dias para a grande final da Libertadores 2020 com o Santos, é hora de darmos uma olhada para trás e ver o que trouxe o Palmeiras até a decisão, para a qual o Verdão aparece com algum favoritismo na Betfair, vale adiantar.

Foi certamente um ano muito especial para o Palmeiras, que também pode ser campeão da Copa do Brasil, competição na qual o time paulista também está na final, prestes a enfrentar o Grêmio em dois jogos, começando no dia 11 de fevereiro. O Brasileirão, embora mais distante, também é um sonho alcançável, mas a cabeça do palmeirense está em um único lugar: o jogo no Maracanã contra o Santos.

Vamos, então, relembrar como foi que a Sociedade Esportiva Palmeiras chegou na sua 5ª final de Libertadores da história.

Preparação para um ano de glória

Antes de falarmos especificamente de Palmeiras na Libertadores, é bom lembrarmos que a atual temporada ainda é considerada 2020, e não 2021 ou mesmo 2020-21 (como é no molde europeu). Não há necessidade de alongar sobre o assunto – basta lembrar que os efeitos da COVID-19 também refletiram no futebol, que ficou meses parado.

Assim sendo, é válido relembrar como terminou a última temporada do Palmeiras, isto é, 2019: com altos investimentos e zero títulos. Eliminado do Paulista pelo rival São Paulo nas semis e pelo Grêmio nas quartas da Libertadores, resultado frustrantíssimo, restava o Brasileirão, no qual o Verdão acabou em terceiro, sem conseguir defender seu título.

Essa seca inesperada de um dos gigantes do futebol nacional, até então campeão brasileiro e com poderio de investimento invejável, resultou em mudanças sérias na estrutura de futebol, começando pela demissão do diretor de futebol Alexandre Mattos e do técnico Mano Menezes, visto com maus olhos desde o momento da contratação.

Essa reformulação, que trouxe Luxemburgo para a posição de treinador e Anderson Barros para a de diretor de futebol também afetou o elenco de campo. Muitos veteranos foram embora e, ao invés de investir pesado em nomes consagrados, coisa que vinha sendo praxe no Palmeiras há algum tempo, o time resolveu investir na base – ainda que boas contratações também tenham acontecido, vide as chegadas de Rony, Kuscević e Viña, por exemplo.

O resultado não poderia ser melhor. Subindo garotos como Gabriel Veron, Wesley, Lucas Esteves e, principalmente, Patrick de Paula e Gabriel Menino, o clube paulistano renovou os ares, principalmente depois de liberar folha salarial ao vender ou emprestar nomes consagrados do elenco, mas que vinha se tornando problemáticos: Dudu, Ramires, Bruno Henrique, Deyverson, Borja e vários outros.

Com novo ânimo com uma garotada de talento em campo, o Palmeiras começou a temporada 2020 conquistando seu primeiro Paulista em 12 longos anos – mas não sem antes viver toda a paralização por conta da pandemia, que também afetou diretamente peças do elenco. O título efetivamente só veio em agosto, e naquela altura o Verdão já estava avançadíssimo na Libertadores, que é do que vamos falar.

Palmeiras na Libertadores: consistência avassaladora

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Ramires e Dudu foram importantes na fase de grupos antes de irem embora, mas o Palmeiras mostrou que sabia repor peças e jogar com qualidade

Falar sobre Palmeiras na Libertadores é falar sobre uma verdadeira obsessão que o time tem há mais de 20 anos, uma vez que o título de 1999, por mais glorioso que seja, não terminou com troféu mundial, essa sim a menina dos olhos palmeirense. Ganhar a Libertadores, além do tão sonhado bi, é a porta de entrada para o Mundial.

Comprometido com esse objetivo ambicioso, o Palmeiras mostrou a que veio já na fase de grupos, na qual fez uma campanha praticamente impecável, com cinco vitórias e um empate nos seis jogos que fez. Vale lembrar, aliás, que a Libertadores também foi interrompida pela pandemia, de modo que o campeonato parou após a rodada #2, lá em março de 2020, e só foi retomada em meados de setembro.

Isso pouca diferença fez para o Verdão. Com a segunda melhor defesa (atrás apenas do Boca Juniors) e segundo melhor ataque (atrás apenas do River Plate) da competição, o Palmeiras passou o carro por adversários entre fracos e medianos, é verdade, mas em nenhum momento se viu ameaçado.

Depois de vencer todos os jogos em casa (Guaraní-PAR, Bolívar-VOL e Tigre-ARG) e dois fora também (Tigre e Bolívar), o Alviverde garantiu a primeira vaga com muito sossego e melhor campanha em pontos, empatado, ironicamente, com o Santos – mas à frente em saldo de gols, ressalte-se.

Vale dizer aqui que, em fins de outubro, antes mesmo de jogar a última partida da fase de grupos, Luxemburgo foi demitido pela fase ruim pela qual o time passava no Brasileirão e, depois de algumas semanas de interino, chegou o português Abel Ferreira para tocar o barco. Até agora, ao menos, parece ter sido uma decisão acertadíssima.

Depois de brilhar na fase inicial, o Palmeiras continuou mostrando que era candidato a título, sim, e dessa vez, na fase eliminatória, na qual qualquer derrota efetivamente poderia significar queda. Não foi o que se viu, porém.

Mata-mata: colhendo os frutos do mérito

Existe um ditado que diz que quem quer ser campeão não escolhe adversário, e o Palmeiras na Libertadores é um bom exemplo dessa filosofia, muito embora o sorteio de oitavas de final tenha sido bem generoso com o Verdão, colocando o humilde equatoriano Delfín para disputar a vaga.

Não deu nem graça; o Palmeiras abriu 3×0 no jogo de ida, no Equador e, embora tenha sofrido um gol e terminado em 3×1, o jogo de volta no Allianz Parque foi um massacre incontestável: 5×0 fora o baile. Com placar agregado de 8×1, o time ali mesmo já dava todos os sinais de que o Palmeiras na Libertadores lutava por troféu, sim senhor.

A campanha sensacional na fase de grupos viria a calhar também nas quartas para o Palmeiras, que ganhara o direito de enfrentar o adversário de pior campanha que sobrevivesse às oitavas. Esse sobrevivente foi o Libertad-PAR, time tradicionalíssimo de Assunção, mas longe de ser um adversário temível hoje em dia. Depois de tomar um susto no Paraguai, empatando por 1×1, o Palmeiras voltou a se impor como se esperava ao vencer o adversário por 3×0 em São Paulo.

Palmeiras x Boca Juniors: de tremer o chão

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O duelo de gigantes entre River e Palmeiras foi, de fato, titânico, terminando com classificação suada e sofrida do clube brasileiro

Era chegada, então, a hora da verdade: o grande duelo com o gigante argentino River Plate.

Multicampeão e dono de uma camisa se entortar varal, o River pode não ser um time forte no papel, mas cresce em jogos difíceis. Não foi o que se viu, porém, no Monumental de Núñez, onde se viu talvez o maior show do Palmeiras na Libertadores: 3×0 nos donos da casa sem piedade e podendo fazer mais.

Claro que, sem se tratando de River na Liberta, não havia nada decidido ainda, e o Boca foi à Barra Funda com sangue nos olhos. O que se viu no Allianz Parque, então, foi um dos melhores jogos de Libertadores de todos os tempos.

A partida terminou 2×0 para o River Plate, que teve diversos gols (corretamente) anulados pelo VAR, pênalti não marcado e emoção até o momento do apito final. Se é que isso existe, essa pode ter sido a chamada “derrota de campeão” para o Palmeiras na Libertadores.

Este é um post específico da trajetória do Palmeiras na Libertadores, e logo mais você poderá ver um sobre o Santos também, bem como um post específico de pré-jogo para o que vai rolar no Maracanã no dia 30, mas já é possível adiantar uma coisa com certeza: será histórico.

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