A jornada do Palmeiras no Mundial de Clubes da FIFA de 2020 chegou ao fim da forma mais melancólica o possível: com um quarto lugar, o que seria o equivalente ao time sequer ter entrado em campo (considerando que os sul-americanos já entram nas semis).
Difícil cravar em palavras simples quais foram os erros do ainda recém-campeão da Libertadores. Mais fácil descrever o jogo contra o Al-Ahly e, claro, falar do título do mais novo campeão do mundo, Bayern de Munique.
Com festa morna, Bayern fatura 6º título da temporada
Claro que a final contra o Tigres-MEX não era o que ninguém estava esperando – nem palmeirenses, nem bávaros e muito menos os mexicanos. O time da cidade de San Nicolás de los Garza, porém, fez por merecer chegar onde chegou e, mesmo perdendo, fez o que quase todos os vices do mundo fazem: cair de pé.
Já o Bayern de Munique entrou para cumprir seu papel, ou seja, confirmar que é o melhor do mundo. Não é segredo para ninguém que os europeus encaram o Mundial da FIFA talvez não com desprezo ou desdém, mas certamente com menos importância do que todos os outros – e com infinitamente menos seriedade do que a Champions League e mesmo seu campeonato nacional, dependendo do país.
A festa não foi das maiores, ainda mais com Boateng longe (sua ex-namorada faleceu esta semana) e também com as notáveis ausências de Thomas Müller e Goretzka, ambos com COVID-19. Sem o vencedor da Libertadores na final, ainda por cima, a final parecia ainda menos empolgante, principalmente para quem via de fora.
Isso pouco importou, claro, aos campeões, que, mesmo sem fazer grande festa, conseguiram igualar o recorde do já lendário Barcelona de 2011, comandado por Pep Guardiola: conquistar os 6 títulos disponíveis na mesma temporada – na verdade, o feito é até maior porque o Bayern conquistou tudo o que disputou, enquanto que o Barça daquele ano disputou 7, mas perdeu um (a Copa do Rei).
No caso do Bayern, a glória foi a combinação de Bundesliga, Copa da Alemanha, Supercopa da Alemanha, UEFA Champions League, Supercopa da UEFA e, por fim, o Mundial de Clubes da FIFA. O rol no qual os Bávaros entraram é seletíssimo e daqueles que dificilmente se vê duas vezes na mesma década.
A final
Como já virou tradição nas finais de Mundial, o jogo não foi dos melhores e, como manda o protocolo do imaginário popular, terminou em 1×0 – mesmo placar de 2005, 2006, 2012, 2017 e 2019. A única diferença é que, em todos esses anos, o finalista não-europeu era um sul-americano. Mas falaremos disso depois.
O jogo em si foi exatamente o que se esperava: domínio e pressão do Bayern até sair gol. No caso, o tento veio dos pés de Kimmich, mas acabou anulado pelo VAR. O time alemão ainda teve boas chances de abrir o placar no primeiro tempo, com algumas boas chances perdidas – principalmente pelo jovem canadense Davies.
O Tigres se segurou até quase metade do segundo tempo, mas Pavard botou para dentro depois de a bola desviar em Lewandowski – no braço. Desta vez o VAR analisou e…validou o gol do time de Munique.
Mesmo com alguma pressão dos mexicanos, era o próprio Bayern quem aparecia com mais chances de matar a partida. Foram diversos gols perdidos e poucas chances reais de gol por parte do Tigres até o apito final. Sem muito choro, os mexicanos aceitaram com dignidade o posto nada indigno de vice-campeões do mundo, ainda mais depois de chegaram como completos azarões.
Palmeiras decepciona a níveis inéditos
Quem tem, sim, com o que se indignar, é o torcedor do Palmeiras. Não bastasse a vergonha de perder para o Tigres na semifinal – e poucas vergonhas para o time sul-americano do Mundial podem ser maiores do que falhar na missão de chegar à finalíssima – o Verdão não conseguiu nem o 3º lugar.
No caminho para o miniprêmio de consolação estava o Al-Ahly, do Egito. Mesmo sem grandes estrelas, o time africano deu trabalho, exigiu muito de Weverton (melhor do Palmeiras no jogo, de longe) e não se viu ameaçado de verdade pelos brasileiros. Se o goleiro foi bem, o mesmo não pode ser dito de gente como Rapahel Veiga e William, que fizeram um jogo para esquecer.
Com a insistência do 0x0, a já melancólica disputa foi para os pênaltis. Foi o castigo final para o Palmeiras, que perdeu por 3×2. Weverton até defendeu uma cobrança, mas os erros de Rony (uma batida medonha e vergonhosa), Luiz Adriano (chutou para fora) e, finalmente, Felipe Melo (o goleiro defendeu) decretaram a pior campanha de um brasileiro na história dos Mundiais: quarto lugar e 0 gols marcados. De sofrer.