Top 5: os maiores duelos entre brasileiros na Libertadores

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Atualização: este texto foi publicado durante a Libertadores de 2019. Mal sabíamos que na decisão da edição seguinte teríamos um jogo entre Palmeiras x Santos no Maracanã. Veremos se ele pode entrar nesta lista de duelos brasileiros na Libertadores e derrubar algum.

Grêmio e Flamengo estão empatados em 1×1 no placar agregado da semifinal da Libertadores, e o jogo de volta rola amanhã, no estádio do Maracanã. Como forma de esquenta para o grande duelo entre dois times do Brasil, vamos relembrar cinco dos maiores confrontos entre brasileiros de todos os tempos pela Libertadores.

Selecionamos apenas cinco partidas, mas sabemos que existem muitas outras que poderiam muito bem ter entrado e ficaram de fora. Deixa aí nos comentários os duelos que você sentiu falta! Vamos lá, então?

5. Flamengo x Atlético-MG (1981)

Num jogo histórico pela violência e a polêmica, o Flamengo foi declarado vitorioso quando o Atlético-MG não tinha mais atletas o suficiente em campo

Nosso quinto colocado é o jogo mais antigo da lista, ainda nos anos 80, quando o futebol brasileiro tinha monstros do porte de Zico entre seus principais nomes. Num duelo de três jogos que entraram para a história como alguns dos mais polêmicos (e violentos) de todos os tempos na Libertadores, o Flamengo passou pelo Atlético-MG pela primeira fase da competição, que acabaria em título para o Rubro-Negro.

Os dois jogos dessa fase de grupos acabaram empatados por 2×2, tanto no Rio de Janeiro quanto em Minas Gerais. Somente um time de cada grupo passava, e para decidir a vaga foi determinado que haveria um terceiro duelo, em campo neutro. O local escolhido foi o Serra Dourada, em Goiânia, e o Flamengo contava com vantagem do empate por ter saldo de gols melhor.

O que se viu naquele fatídico dia foi uma batalha que começou muito antes do apito inicial. A primeira coisa é lembrar que o Flamengo era o atual campeão brasileiro, tendo vencido o próprio Atlético-MG na final de 1980. O time do Galo tinha 9 dos 11 titulares da finalíssima de alguns meses antes, enquanto que o Flamengo, indiscutivelmente o melhor time da época (campeão brasileiro não só de 80, mas também de 82 e 83).

Dentro de campo, o duelo foi um dos jogos mais curtos e brutais de todos os tempos. O árbitro José Roberto Wright se tornou inimigo público número 1 dos atleticanos por anos a fio (e até hoje muitos não o perdoaram).

Foram cinco cartões amarelos (quatro para o Atlético-MG) até por volta de 32 do primeiro (e único) tempo, quando Wright expulsou Reinaldo por entrada em Zico. Minutos depois, vermelho para Éder e confusão generalizada, culminando em Chicão e Palhina indo para o chuveiro. Mais confusão, mais jogo parado e, depois de tentar reiniciar a partida de novo, o árbitro Wright expulsou o goleiro atleticano João Leite.

Depois de cordão de isolamento policial, invasão de campo, bate-boca entre deus e o mundo, fim de jogo por W.O. (o Atlético ficou com seis em campo). O Flamengo de Zico, Júnior e cia. seguiu em frente até seu primeiro e único título de Libertadores (até agora).

4. Palmeiras x Corinthians (2000)

No episódio que canonizou São Marcos de vez, o Palmeiras passou pelo arquirrival Corinthians num mata-mata de Libertadores pelo segundo ano consecutivo

Poucas rivalidades se comparam com a que existe no Clássico Paulista, seja no Brasil, seja no mundo. Se ainda hoje as coisas são quentes, só quem viveu lembra como era nos anos 90 e começo dos anos 2000, quando os dois times estavam entre os melhores do país e, quiçá, do mundo também.

No ano 2000, os grandes rivais se encontravam em posição de relativa igualdade. O Corinthians havia sido campeão do primeiro Mundial FIFA no mesmo ano, e era campeão brasileiro da edição de 1999. Já o Palmeiras era o atual campeão da Libertadores, tendo eliminado o próprio Corinthians naquela edição (falaremos disso daqui a pouco).

Com fases tão gloriosas, elencos tão marcantes e uma rivalidade mais acirrada do que nunca (levando em conta não só a Libertadores de 1999, mas também a lendária final do Campeonato Paulista de 1999), ninguém esperava menos que um grande duelo nas semifinais da Libertadores de 2000.

Foram dois jogos, ambos no estádio do Morumbi, para decidir quem chegaria à finalíssima. O primeiro jogo acabou num 4×3 épico a favor do Corinthians, que saiu perdendo, virou para 3×1, viu o Palmeiras empatar em 3×3 e, nos instantes finais, fez o gol da vitória com Vampeta. Já na volta, outro duelo épico, que começou com o Palmeiras vencendo com gol de Euller, o Corinthians virando com dois tentos de Luizão e, para coroar o drama, o Palmeiras “desvirando” com gols de Alex e Galeano.

Com tudo igual, a decisão foi, assim como no ano anterior, para os pênaltis. O Verdão converteu suas cinco cobranças com perfeição, enquanto que o Timão bateu e acertou as quatro primeiras. No derradeiro pênalti, o ídolo corintiano Marcelinho Carioca parou nas mãos do ídolo palmeirense Marcos, que pelo segundo ano consecutivo foi responsável por acabar com o sonho corintiano de título – para delírio supremo da torcida alviverde.

Com a classificação, o Palmeiras foi pegar o Boca Juniors na grande final – e perdeu, é verdade, mas a grande eliminação do maior rival nas semis entrou para a história para nunca mais sair. Em qualquer lista de duelos brasileiros na Libertadores este aqui precisa estar.

3. Corinthians x Vasco (2012)

O Corinthians também teve no seu goleiro um herói da Libertadores: Cássio virou ídolo no Timão ao parar Diego Souza num lance de tudo-ou-nada valendo vaga nas semis de 2012

No item anterior falamos de um momento que os corintianos não gostam de relembrar, mas este aqui certamente vai trazer um sorriso ao rosto do torcedor alvinegro. No nosso item mais recente da lista, vamos relembrar o duelo épico em que o Corinthians deu o passo definitivo na sua direção ao tão sonhado primeiro título da Libertadores vencendo o Vasco da Gama nas quartas de final de 2012.

O time do Corinthians era o atual campeão brasileiro, tendo conquistado o título de 2011 depois de superar em pontos definitivamente o próprio Vasco, que acabou com o vice-campeonato. O primeiro jogo entre os clubes foi em São Januário, debaixo de muita chuva e encarando lama em campo. O duelo acabou em 0x0, mas só porque o árbitro anulou o gol vascaíno de Alecsandro já no segundo tempo em decisão polêmica.

Na volta, no Pacaembu, um jogo que o torcedor corintiano nunca irá se esquecer, e que serviu de comprovação prática do que já se via no Brasileirão de 2011: defesa sólida, raça e retranca, estratégia que consolidou de vez o técnico Tite como um dos maiores nomes da época. O gol do Corinthians saiu só aos 42 do segundo tempo (quanto Tite já havia sido expulso e passava instruções pelo alambrado, diga-se de passagem), pela cabeça de Paulinho.

Quando tudo parecia resolvido, o lance que se tornou símbolo do jogo e do título que se seguiria: Diego Souza, absolutamente sozinho com a bola no meio campo e com a chance de empatar (e praticamente classificar o Vasco pela regra do gol fora) parou na pontinha dos dedos do goleiro Cássio – momento este em que nasceu a idolatria pelo arqueiro que dura até hoje.

No escanteio gerado pelo lance, bola do Vasco na trave, para coroar o drama, mas o resultado foi esse mesmo: 1×0 para o time paulista e caminho aberto até a glória, depois de passar por Santos e Boca Juniors na semifinal e final, respectivamente.

2. Internacional x São Paulo (2006)

Na final de 2006, o Internacional saiu da fila dos títulos batendo o todo-poderoso São Paulo, então campeão da Libertadores e prestes a conquistar o tricampeonato brasileiro

Se Corinthians e Palmeiras dominaram os últimos anos dos anos 90 e começo dos 2000, as potências que surgiram alguns anos depois, na metade da primeira década do novo milênio, eram sem dúvidas São Paulo e Internacional.

O Tricolor Paulista viria a faturar o tricampeonato Brasileiro em 2006, 2007 e 2008, além da Libertadores e Mundial de 2005, enquanto que o Inter foi vice-campeão brasileiro em 2005 (naquele polêmico campeonato que ficou com o Corinthians) e também em 2006, atrás do próprio São Paulo. O momento de glória do Colorado, porém, foi mesmo seu título da Libertadores, conquistado naquele ano e justamente contra o São Paulo, então defensor do título.

A rivalidade entre os dois já estava cada vez mais acirrada, e a finalíssima da Copa Libertadores só serviu para levar isso ao auge. O São Paulo de 2006 era o time de Rogério Ceni, Lugano, Josué, Mineiro e tantos outros no auge, enquanto que o Inter contava com ídolos como Clemer, Tinga, Rafael Sóbis e Fernandão do seu lado. Uma grande final era apenas o mínimo do que se esperar, e foi isso que os torcedores viram.

O Inter mostrou a que veio logo no primeiro jogo, em pleno Morumbi. Depois de um primeiro tempo agitado, com Josué expulso antes dos 10 minutos de jogo, o Inter se viu em clara posição de tomar a iniciativa. Ainda no primeiro tempo, porém, Fabinho também foi expulso e o jogo seguiu 10 contra 10, muito mais aberto. No segundo tempo, Rafael Sóbis fez dois para enlouquecer a torcida gaúcha. O São Paulo até descontou, com Edcarlos, mas foi o Inter quem ficou com a vitória e a vantagem para o segundo confronto.

O jogo de volta, no Beira-Rio, serviu para o Inter confirmar sua vantagem. Rogério Ceni falhou no primeiro gol, anotado por Fernandão, e o intervalo chegou com o Inter na frente. Na volta, Muricy Ramalho mexeu no time, soltou o São Paulo e o time chegou ao empate com Fabão, logo no início do segundo tempo.

Não adiantou muito, já que o Inter voltou a ficar à frente com Tinga, 15 minutos depois. O Tricolor até empatou de novo, dessa vez com Lenílson, mas não adiantou. O São Paulo pressionou até o fim e forçou Clemer a fazer milagre, mas o título ficou mesmo com Internacional, na última final entre clubes brasileiros da história da Libertadores até hoje.

1. Palmeiras x Corinthians (1999)

Naquele que é um dos clássicos mais importantes de todos os tempos entre Corinthians e Palmeiras, o Verdão levou a melhor e entrou para a história da Libertadores

Há pouco falamos do duelo de 2000, que levou o Palmeiras até a final da Libertadores. Agora é hora de falar daquele que é provavelmente o ponto alto da gigantesca rivalidade entre Palmeiras e Corinthians: as quartas de final da Libertadores de 1999, a qual o Palmeiras seguiria em frente até vencer a final contra o Deportivo Cali.

Como já falamos, 1999 seria ano de título paulista e brasileiro para o Corinthians, que já era o atual campeão nacional de 1998 também, diga-se. O Palmeiras não vencia o Brasileirão desde 1994, mas nunca deixou de ser uma força gigante e ameaçadora e havia sido campeão da Copa do Brasil em 98, ressalte-se. No último ano dos anos 90, então, os grandes rivais se enfrentaram naquele que é, ao menos para o torcedor palmeirense, provavelmente o clássico mais importante da sua história.

Na época, a Conmebol colocava os times do mesmo país no mesmo grupo, o que quer dizer que os rivais paulistas se enfrentaram já na fase de grupos – uma vitória para cada lado em dois jogos truncados e polêmicos. Com os resultados, nas oitavas de final o Palmeiras foi obrigado a pegar o então campeão Vasco (vencendo e avançando) e o Corinthians foi jogar contra o Jorge Wilstermann.

Nas quartas, enfim, os rivais se reencontraram para os duelos mais importantes da sua história até então – ambos no Morumbi. O jogo de ida, no dia 5 de maio, viu uma série de milagres de Marcos (que se tornou “São Marcos” por conta desse e outros clássicos no mesmo período) e o Palmeiras venceu por 2×0, com gols de Oséas e Rogério.

O jogo da volta, no dia 12 de maio, viu o troco do Corinthians no tempo normal. Edílson abriu o placar, no primeiro tempo, e Ricardinho fez o segundo, na etapa final. Edílson e o lateral palmeirense Júnior acabaram expulsos, aliás.

Com o placar totalmente empatado, a decisão foi para os pênaltis, e é aí que passou a residir o ar de lenda em volta do duelo. O herói supremo Marcos pegou a cobrança de Vampeta – Dinei chutou para fora, e o Corinthians parou no 2. O Palmeiras converteu seus quatro pênaltis e seguiu adiante – e seria, afinal, campeão da Libertadores, pela primeira e até agora única vez em sua história. Ser logo um confronto entre brasileiros na Libertadores, ainda mais contra o Corinthians, deixa tudo mais saboroso.

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