
A trajetória do Santos na Libertadores 2020 não foi nada convencional. Na sua 15ª participação o Peixe chega na sua quinta final e pode conseguir o quarto título, ficando assim como o maior vencedor brasileiro de Libertadores. Se isso não é motivação suficiente, os 15 milhões de dólares para cobrir os muitos rombos no orçamento do clube com certeza são algo que dará mais ânimo.
No sábado teremos a conclusão desse conturbado torneio com uma final brasileira – a terceira na história – e mais um duelo entre Santos e Palmeiras, que nos últimos anos viram a rivalidade renascer. Relembre agora a trajetória do Santos na Libertadores.
Santos na Libertadores: começo sem muita atenção

O vice-campeonato no Brasileiro de 2019 garantiu ao Santos uma vaga diretamente na fase de grupos. O time comandado por Jorge Sampaoli empolgou a torcida, mas a virada para 2020 foi um chute naquele lugar. O argentino deixou o time e em entrevista à EFE deu uma declaração dura: “Para o próximo ano, o clube tinha uma transição que não permitiria fazer coisas importantes na Libertadores ou no torneio local, assim decidimos cortar o vínculo”.
Jesualdo Ferreira chegou e o primeiro jogo foi na Argentina, contra o Defensa y Justicia. Marinho, machucado, não jogou. No gol estava Everson. Carlos Sanchez era o principal nome no meio. Já deu para notar como as coisas mudaram. O Santos saiu atrás, mas virou com gol de cabeça de Jobson (que lesionou o joelho e não estará na final) e a virada veio com Kaio Jorge, que começou ali sua trajetória ascendente.
No segundo jogo, contra o Delfin, o placar foi magro. 1 a 0, gol de Lucas Veríssimo de cabeça. Sasha estava no ataque, Jesualdo ainda era o treinador.
O time já estava decepcionando, não lembrando nem de perto a equipe intensa de Sampaoli. A criação de jogadas não existia e Marinho ao voltar já precisou carregar o fardo. Com todas as atenções no Flamengo, ainda com Jorge Jesus e o Palmeiras não jogando tão bem, mas vencendo, o Santos não estava no radar de analistas e secadores.
Jesualdo foi demitido depois de meses de pandemia e a eliminação para a Ponte Preta no Paulista. Cuca chegou sem muita festa: sua passagem em 2008 foi péssima e em 2017 foi decepcionante. Apesar de ter salvado a equipe no Brasileiro, o time tinha Rodrygo, Gabriel, Bruno Henrique, Sanchez, entre outros, e não tinha grande desempenho.
Dessa vez tudo mudou.
Dificuldades não importaram
Everson e Sasha entraram na justiça e acabaram saindo do clube. O medo dos santistas é que mais jogadores fizessem o mesmo, mas Cuca conseguiu segurar a debandada. O time ainda foi proibido de contratar, impedindo que até atletas acertados – como o volante Elias – vestissem a camisa. O primeiro jogo com Cuca foi um 0 a 0 em casa contra o Olimpia, que não foi trágico, mas poderia trazer dificuldades em caso de tropeço no Paraguai.
Não foi isso que aconteceu. O time venceu o Delfin fora de casa e bateu o Olimpia por 3 a 2. Mas teve uma péssima notícia com a lesão de Carlos Sanchez no joelho, tirando-o da temporada. Logo surgiu a notícia que Soteldo sairia do clube, com até Cuca dizendo que ele faria seu último jogo pelo clube. O venezuelano não estava em grande fase, mas mesmo assim seria uma grande perda já que o Santos não podia contratar. No jogo final a equipe venceu o Defensa y Justicia, terminando folgado como primeiro do grupo.
Chaveamento não ajudou o Santos na Libertadores
Com todos os problemas financeiros e instabilidade – que só pioraria com a notícia da volta de Robinho e os posteriores acontecimentos – quando surgiu a LDU no caminho era normal pensar que o Peixe seria eliminado. O clube praiano ainda teria o Presidente retirado do cargo, aliás.
Só para falar da LDU, o time equatoriano goleou o São Paulo em Quito e passou no grupo junto com o River, deixando o Tricolor paulista de fora.
A vitória do Santos na altitude, por 2 a 1, com belo gol de Soteldo, foi um tapa na cara de quem achava que o Santos não tinha muita força. Mas o jogo de volta foi preocupante: o time levou um gol dos equatorianos, sofreu e poderia ter sido eliminado, passando pelo gol fora de casa.
Nas quartas o Grêmio era o rival. A equipe de Renato Gaúcho é o brasileiro com melhor desempenho na Libertadores nos últimos anos, tendo vencido em 2017, semifinalista em 2019 eliminando o Palmeiras nas quartas e quase finalista em 2018, sendo eliminado pelo River com dois gols no final da partida de volta.
Mas o time virou a chavinha. O jogo de ida na Arena do Grêmio teve domínio do Santos, que abriu o placar e estava segurando a vitória até um pênalti nos acréscimos marcado pelo VAR. Diego Souza empatou a partida.
Na volta o Santos não deu chances. Com 11 segundos Kaio Jorge aproveitou um péssimo passe na saída de bola, driblou Vanderlei e fez 1 a 0. Marinho com um golaço fez o segundo com 16 minutos do primeiro tempo. O placar final de 4 a 1 causou surpresa e um novo status para o Peixe.
O rival nas semis seria o Boca e Carlitos Tevez, algozes na final de 2003, a única de Libertadores perdida pelo Santos. No jogo de ida o Santos fez bom primeiro tempo e no segundo tempo teve um pênalti clamoroso não marcado. O 0 a 0 podia ser visto por dois lados: uma vitória simples bastava para passar à final. Mas um gol do Boca obrigaria o Santos a fazer dois.

Esse medo se provou exagerado: o Santos colocou uma bola na trave com Marinho antes do primeiro minuto, abriu o placar aos 16 minutos com Pituca, não sofreu em momento algum e no começo do segundo tempo fez o segundo – mais um golaço de Soteldo -, o terceiro e podia ter enfiado mais.
Como o Santos chega na final
O atropelo contra o Boca fez o Santos ser respeitado e se a final fosse três dias depois, é provável que até fosse favorito já que o Palmeiras deixou péssima impressão no jogo de volta contra o River.
Mas como aqui estamos, quase três semanas depois, será que o time conseguiu manter esse ânimo todo? Cuca achou sua equipe, com Alisson no meio, Soteldo e Lucas Braga revezando posições, Marinho na direita – ele até chega a flutuar, mas seu corte para o meio para chutar segue sendo um ponto forte – e Kaio Jorge com liberdade.
A dúvida que fica é no gol: será John ou João Paulo o titular? João Paulo teve excelentes partidas até pegar a COVID, John entrar e dar conta do recado contra o Boca. Parece que só saberemos no sábado mesmo.
Independente do resultado, a campanha do Santos na Libertadores será lembrada por seus torcedores. Mas, claro, tudo será muito mais saboroso se o troféu vier junto com a delegação da viagem do Rio. Caso você queira dar um palpite, as odds na Betfair pagam 1,57 para o Palmeiras campeão e 2,25 para o Santos campeão. As odds para o tempo regulamentar (90 minutos) são de 2,2 para a vitória do Verdão e 3,3 para o triunfo do Peixe.