A glória – Palmeiras campeão da Libertadores 2020

O Palmeiras está celebrando sua maior conquista em anos. Então nesta terça o interesse não será grande

Pode comemorar, torcedor palmeirense! A Sociedade Esportiva Palmeiras entra agora no rol dos bicampeões da Taça Libertadores. Com a vitória magrinha sobre o Santos por 1×0, o título de 1999 passa a ser orgulhosamente acompanhado pelo de 2020 (mesmo que decidido em 2021).

É justo ver com calma tudo pelo que o Palmeiras passou para chegar ao troféu, relembrando um pouco o início da temporada, as dificuldades pelas quais o time passou e, claro, falar sobre tudo o que rolou no estádio do Maracanã, palco da vitória e da festa palmeirense.

Depois de 20 anos, o sonho vira realidade

Maior campeão brasileiro de todos, com 10 títulos reconhecidos pela CBF, o Palmeiras tinha verdadeira obsessão com o título da Libertadores, que não vinha desde 1999, ainda nos tempos áureos de Parmalat, uma verdadeira Era de Ouro na história palmeirense.

Depois da amarga derrota na final contra o Boca Juniors no também já longínquo ano 2000, o Palmeiras acumulou frustrações, começando em 2001, com a queda novamente para o Boca, dessa vez nas semis, e então vivendo temporadas irregulares, como 2005, 2006, 2009 e 2013, sempre caindo cedo.

As coisas só começaram a mudar a partir de 2016, temporada que viu a estreia do novo estádio, Allianz Parque, e o retorno triunfal à competição depois do título da Copa do Brasil no ano anterior (ironicamente, sobre o Santos). Ainda assim, aquela primeira temporada acabou em frustração, com eliminação na fase de grupos.

Foi só de 2017 em diante, já campeão brasileiro depois de 23 anos, que o Palmeiras começou a esboçar que realmente poderia ser candidato a título, caindo naquele ano amargamente nas oitavas, nos pênaltis.

Em 2018, o sonho bateu na trave, novamente por conta do Boca Juniors, que eliminou o Verdão nas semis. Em 2019, enfim, mais uma eliminação na reta final, dessa vez perante o Grêmio, nas quartas de final. Com tantos e tantos anos de frustração, o sentimento de ansiedade no torcedor palmeirense não podia ter sido maior.

Mas a ansiedade agora dá lugar ao alívio, à euforia e ao mérito de ter deixado para trás Guaraní, Bolívar, Tigre, Delfín, Libertad, River Plate e, agora, o rival paulista Santos, para finalmente levantar sua segunda taça da Libertadores – e, como falaremos mais adiante, começar a pensar no Mundial, daqui a algumas semanas.

O jogo

O segundo tempo foi muito mais agitado que o primeiro, mas o jogo deixou de ser morno apenas no fim dos acréscimos

Sob a visão imparcial e desinteressada de um jornalista corintiano, é seguro afirmar que o jogo foi tecnicamente bem fraco. Diferente dos jogaços dos últimos anos, a primeira final em campo neutro e com jogo único viu um 0x0 insistente por muito mais que 90 minutos (considerando quão tarde o gol da vitória do Palmeiras saiu).

Primeiro tempo

O primeiro tempo foi morno, com uma ou outra ação mais empolgante, como o chute de Pará ainda aos 5’, e a boa jogada individual de Rony invadindo a área do Santos pela esquerda, aos 10’ de jogo, que terminou com Luiz Adriano sem conseguir finalizar na pequena área.

Rafael Veiga ainda levou perigo à meta santista no primeiro tempo, mas a falta de pontaria manteve o placar inalterado e os ânimos um tanto quanto esmorecidos – o torcedor, com razão, esperava mais dos dois lados.

Segundo tempo

O segundo tempo começou sem muita força de vontade por parte de ambos os finalistas, mas foi o Palmeiras quem resolveu tomar a iniciativa, ainda que timidamente. Aos 7’ da etapa final, um cruzamento lindo de Luiz Adriano passou a centímetros da cabeça de Rony, mas a bola acabou indo pela linha de fundo.

Poucos minutos depois, o Santos deu o troco e o susto na mesma moeda. Em jogada de bola parada, Marinho levantou e até achou a cabeça de Lucas Veríssimo, mas a finalização foi para fora, assustando Weverton, a zaga e o coração palmeirense.

Ainda na bola parada, apenas instantes depois, Raphael Veiga quase causou infartos coletivos no estádio e no Brasil inteiro com uma cobrança de falta traiçoeira que acabou na parte de cima da rede do gol do Santos.

A melhor chance do lado Santista, talvez, tenha sido aos 76’, num chutaço de fora da área do meia Diego Cristiano, defendido no puro reflexo por Weverton, que deu rebote e ainda viu a bola passar por cima do gol na finalização do lateral Felipe. O jogo seguiu equilibrado, porém morno, até que Kaio Jorge finalizou de bicicleta, já na reta final, mas o goleiro do Palmeiras encaixou com facilidade.

A coisa só pegou fogo mesmo nos acréscimos. Num lance absolutamente bobo, o técnico Cuca interferiu na partida, tentando retardar o reinício do jogo quando a bola saiu pela lateral. Resultado: treinador do Santos expulso e princípio de confusão. O juiz já havia dado 8 de acréscimos, aliás.

No minuto seguinte, porém, o substituto Breno Lopes entrou para sempre na história do Palmeiras; após cruzamento perfeito de Rony, o camisa 19 acertou uma cabeçada perfeita, colocando no cantinho do goleiro John, que só pôde olhar.

Com o tempo adicionado já estourado em muito, o Santos não conseguiu fazer nada e só pôde lamentar quando o árbitro argentino Patricio Loustau assoprou o apito pela última vez. Não havia mais nada, finalmente, entre o Palmeiras e a taça de campeão da Libertadores da América.

Cabeça no mundial

Ainda recém-chegado, o português Abel Ferreira já tem muito o que comemorar com o Palmeiras – o momento mais importante da sua breve carreira

Agora é o momento da comemoração, da glória pura. Daqui a alguns dias, porém, o torcedor do Palmeiras vai poder voltar a se preocupar com os três grandes compromissos que terá pelo resto da temporada.

O mais imediato é o Brasileirão, o qual ainda não acabou e, embora seja uma possibilidade distante, com o qual o Palmeiras ainda pode sonhar com título. São dois compromissos no início de fevereiro, mas aí as coisas param, porque o elenco do Palmeiras viaja para o Catar para, então, tentando atingir sua maior ambição de todas: obter sucesso no Mundial de Clubes.

O primeiro compromisso palmeirense no Oriente Médio é direto pelas semifinais, como manda o regulamento, e naturalmente que o Verdão só saberá sobre seu adversário conforme os outros concorrentes jogarem uns contra os outros nas fases preliminares.

Considerando que esse jogo de semi é no dia 7/2, é óbvio que a CBF deverá jogar para frente tanto os compromissos mais imediatos do Brasileirão (o jogo contra o Coritiba, no dia 8 e, muito provavelmente, o clássico contra o São Paulo, que rola antes de tudo isso, ainda no dia 5).

O mais importante nesse período caótico do calendário, porém, é certamente a grande final da Copa do Brasil contra o Grêmio. O primeiro jogo, marcado para a Arena do Grêmio, é no dia 11/2, exatamente o mesmo dia da final do Mundial de Clubes. Claro que o Palmeiras precisa chegar lá antes, mas a possibilidade existe.

Mesmo com o Grêmio tendo que esperar, a verdade é que a Copa do Brasil seria apenas uma cerejinha num bolo delicioso que é a temporada palmeirense, mas a tão sonhada conquista do Mundial é uma obsessão, uma necessidade de conquista que só tem comparativo com a tão sonhada conquista de Libertadores do Corinthians, lá em 2012 – o último campeão mundial brasileiro, diga-se.

Se de fato chegar à final, é muito provável que o Palmeiras tenha que encarar o Bayern de Munique, titã alemão campeão da Champions League e um dos melhores times do mundo.

Isso tudo, porém, é problema para o torcedor de amanhã; o de hoje só precisa se preocupar em comemorar, porque o Verdão é, sim senhor, campeão da Libertadores da América 2020.

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