Depois que o Palmeiras ganhou do Boca Juniors na Bombonera e garantiu a melhor campanha da fase de grupos da Copa Libertadores, o sinal verde estava ligado: o clube tinha que ser considerado um dos favoritos para a conquista.
E a chegada de Felipão, que foi o treinador que entregou o único título que o Palmeiras tem nessa competição, parece ter feito um bem absurdo. O time começou a jogar muito mais, jogadores como Dudu e Bruno Henrique subiram de rendimento e a defesa parou de sofrer gols.
Ajuda também o fato que o time está basicamente classificado para as semifinais depois de vencer o Colo-Colo no Chile, por 2 a 0. O time pegará o vencedor da eliminatória entre Boca e Cruzeiro.
É por isso que na Betfair, o alviverde é o favorito para a conquista, pagando 3,1 para 1. O Boca Juniors está com 4 para 1 e o Grêmio logo atrás.
Mas será que é para tudo isso? O que pode dar o título ao Palmeiras? E o que pode tirar?
Atuações fora de casa são impressionantes
Além da vitória na Argentina contra o Boca, o Palmeiras conseguiu vencer também na Colômbia, Peru, o Cerro no Paraguai e o Colo-Colo no Chile. Em um mata-mata, saber defender sua casa é vital, mas vencer fora é ainda mais importante e raro.
Sempre que se fala da qualidade de um time no Brasil e o bom trabalho de seu treinador, algumas coisas têm que ser levadas em conta. Felipão não chegou com seu dedo de Midas e fez a equipe voar em campo e jogar um futebol maravilhoso e moderno. O futebol do Palmeiras com certeza não é belo.
Mas isso importa para o torcedor? O time não chega nas semis da Libertadores há 17 anos e nesse período viu São Paulo e Santos ganharem o tri e, o mais duro dos golpes, o Corinthians finalmente vencer a sua e empatar em número de conquistas.
Portanto o fato do treinador do penta ter acertado o sistema defensivo e o quarteto com Moisés, Willian, Borja e Dudu resolver na frente é o suficiente para uma estátua com bigode na frente do Allianz Parque.
A liderança no Brasileirão veio com o uso de times mistos e até reservas, motivando assim quem não estava jogando tanto e criando dores de cabeça “positivas”. Para o jogo de hoje, Felipe Melo não joga por suspensão, com Thiago Santos de titular.
O Palmeiras é favorito pela quantidade de peças que tem no elenco e seu poder fora de casa. Mas nem tudo são flores.
Descontrole é arma (para os argentinos)
Não é novidade para ninguém que na Libertadores, os argentinos usam tão bem a cabeça como os pés. Historicamente eles sempre souberam aproveitar em certos momentos a inocência dos brasileiros e em outros seu descontrole emocional.
Para o Palmeiras o emocional é uma criptonita. O zagueiro Antonio Carlos e Dudu passam o jogo inteiro reclamando do árbitro. Deyverson parece não ter a mínima noção de como jogar futebol sem causar e Felipe Melo é um episódio à parte.
E isso pode pesar em um duelo contra River Plate ou Boca Juniors, já que a informação sobre esse descontrole será usada como ouro. A expulsão de Felipe Melo aos três minutos contra o Cerro fez uma eliminatória que chegou 2 a 0 em São Paulo ser quase perdida para um time limitado.
Boca e River têm times muito melhores que o Cerro. E não tem vergonha de usar o emocional para ganhar a vantagem que seja.
Grêmio liga o ataque
Não podia terminar sem falar da excelente atuação do Grêmio contra o Atlético Tucumán. Depois de fazer 2 a 0 na Argentina, o time gaúcho não relaxou, levou pequenos sustos no primeiro tempo e abriu a porteira rapidamente.
O 4 a 0 foi impressionante porque o tricolor teve problemas no ataque em diversas oportunidades durante o ano, especialmente tentando achar um centroavante. Com Luan de falso 9, talvez a fórmula tenha sido encontrada. Nas semifinais o rival é o River Plate em um duelo que promete ser equilibrado e espetacular.