O ano de 2018 não está sendo nada simpático para o futebol brasileiro. E a rodada do Campeonato Brasileiro é sempre a cereja do bolo para deixar os mais pessimistas indo procurar a gaveta de remédios para pegar o antidepressivo.
O texto de hoje era para falar mal do Palmeiras, o que deixaria os torcedores do time irados e minha caixa de mensagens cheia. Mas é claro que o alviverde não é o vilão em um cenário de mocinhos: é o melhor time de um campeonato fraco em um futebol brasileiro onde todos têm culpa do seu atual estado.
Não há o que comemorar no futebol brasileiro
As torcidas de Cruzeiro e muito provavelmente Palmeiras vão comemorar seus títulos nacionais neste fim de ano ao fechar a conta. Mas só elas vão ter alguma lembrança dessas equipes no futuro, já que o futebol apresentado foi de pobre para baixo e o tempo vai se encarregar de esquecer esses times.
Como já disse aqui em outros artigos, acho que times que fazem grande investimento e têm plantéis considerados talentosos têm a obrigação de apresentar algo em campo. Não precisa jogar como as equipes de Guardiola, mas não podem ter a bola parada como expressão máxima de criação de jogadas e entregar a bola para o rival com 1 a 0 a favor no placar. Mano Menezes, Felipão e Tite, também, deveriam querer mais.
O jogo de sábado entre Santos e Palmeiras foi um microcosmo de tudo que vejo de falido no futebol nacional atual. A equipe alviverde jogou melhor no primeiro tempo e até apresentou mais com bola rolando que o normal. Palmas para eles, mesmo.
Não peço o Palmeiras da Academia ou de 1996. Só jogar bola e se impor como time com jogadores mais técnicos e elenco multimilionário que tem.
Chega o segundo tempo e o único que Felipão tem a apresentar é “vamos recuar e esperar uma chance”. Tomou dois gols.
Venceu a partida? Venceu. Vai vencer o campeonato? Sim. Mas não é por isso que temos que aplaudir um time como o Palmeiras, que paga mais de R$ 10 milhões por mês de folha salarial e supostamente estaria pensando no Real Madrid no Mundial.
O Boca, mesmo com grande investimento para seus padrões (muito menores que os do Brasil), bateu esse time nas semis mesmo tendo uma equipe limitadíssima.
Aplaudindo as vitórias rasas que acontecem no Brasil, perdemos o foco do maior: o protagonismo que tínhamos lá fora com nossos jogadores e times e a Seleção.
Não é à toa que perdemos as últimas duas Copas de forma impactante. O futebol brasileiro hoje é um espetáculo de times que não gostam da bola e uma ode à formação deficiente de jogadores. É exatamente o contrário do que nos fez ser grandes.
Damos preferência a jogadores fortes e atléticos que não sabem criar, só correr e marcar. Somos o país do atacante que não sabe atacar, mas marca lateral muito bem. E os que sabem criar (Lucas Lima, Ganso) não sabem jogar o futebol moderno. E os que sabem criar e jogar de forma moderna, nós os mimamos e criamos uma bolha que logo explode na cara de todos (nem preciso dizer qual é o exemplo máximo).
Isso sem contar o goleiro que cai ao fazer uma defesa, parecendo que levou um tiro no braço, para esfriar o jogo…
A cera em todo final de jogo, tornando a partida algo impossível de assistir..
As reclamações com a arbitragem até para lateral no campo de ataque…
E por aí vai.
Continuando no clássico do sábado…
O futebol brasileiro sempre foi marcado pela irreverência. Diversos craques de nossa história gostavam de provocar e tirar onda. Por mais que muitos vejam isso como desrespeito e algo perigoso – supostamente incita idiotas a fazer idiotices fora do estádio – eu acho isso uma balela.
Mas toda provocação era encarada com as responsabilidades que vinham junto: para provocar você tinha que ser bom para justificar. E arcar com a consequência caso alguém não gostasse.
Mas agora o futebol brasileiro está tão maluco que o Deyverson, um cara que não joga nada e no sábado não teve impacto algum no jogo, se acha no direito de provocar. Edilson provocava. Só que ele hoje, sem joelhos, deve jogar mais que o atual atacante do time paulista. Mesma coisa para Edmundo, Paulo Nunes, Viola, Renato Gaúcho e a lista continua.
E Lucas Lima, que só existe no futebol e ganha um salário pornográfico no Palmeiras porque “apareceu” no Santos aos 26 anos, também acha que tem moral para dizer que o porco comeu sardinha.
É claro que é fazer média com a torcida. E ele precisa, porque quando ficou 2 a 2 ele foi tirado do jogo e o futuro dele cada vez mais se aproxima de um final na segunda divisão. E o Santos também tem culpa, já que elevou o meia a um nível que ele não estava e também ofereceu um contrato ridiculamente supervalorizado para renovar.
O grande problema é que ele acha que é craque e muita gente aplaude como foca. Nem a reserva do Palmeiras fez ele abaixar a bola.
E Felipão complementa com mais uma cena patética de paizão de novela mexicana, tirando seu jogador da entrevista e mandando o repórter para inferno. E depois ele pediu para a imprensa para “ajudar”, querendo que os jornalistas não entrevistem Deyverson porque se não ele terá que impedir os jogadores de falarem.
Mas ele será campeão brasileiro. E muita gente vai aplaudir, dizer que ele se reciclou e que não devemos julgar treinadores de “mais idade” como ultrapassados.
Não há dúvidas: Felipão é ultrapassado. O Palmeiras não joga um bom futebol. Os Benedettos vão vir todo ano. E o Brasil não será campeão mundial até que volte a formar craques que decidem, que podem até provocar, mas aparecem mais em campo que no Instagram.
2018 foi o ano do vareio que a Bélgica nos deu. De Neymar rolando no campo, sendo ridicularizado pelo mundo e não ficando entre os 10 do mundo, mesmo com talento para ser top 3. De Benedetto e o River virando em 10 minutos. Da Conmebol fazendo merd*, da CBF sendo ridícula e de Vinicius Junior e Rodrygo com passagem para fora do Brasil caos 18 anos.
Não há nada para comemorar.