O torcedor do Grêmio deu dois suspiros de alívio na noite de ontem. O primeiro quando acabou o primeiro tempo, depois do Flamengo ter dois gols anulados e dominado completamente o jogo e mesmo assim o placar ainda mostrar 0 a 0. E o segundo quando, no fim, Pepê empatou o jogo e deixa a semifinal da Libertadores ainda aberta.
Mas não foi bonito. E se o torcedor do Flamengo fica chateado por não ter vencido até por mais de um gol de diferença em Porto Alegre, o do Grêmio precisa ficar bem preocupado: a diferença técnica foi grande.
Vamos aos tópicos de hoje.
O Flamengo amassou, mas fez o gol quando era dominado
O futebol tem dessas coisas. Um impedimento de Gabriel e uma falta de Gabriel impediram dois gols do Flamengo no primeiro tempo. O time carioca dominou a etapa inicial, com quase 70% de posse de bola e muitas chances.
A torcida local ficou mais calada, comemorando mais o VAR que a produção ofensiva. Everton foi muito bem marcado, não só por Rafinha, mas por todo o sistema defensivo carioca. Gerson mais uma vez se multiplicava em campo e Bruno Henrique e Gabigol variavam de posições. O lado direito de David Braz e Rafael Galhardo foi bombardeado. Paulo Victor mais uma vez quis deixar o torcedor suando frio.
É uma pena que o Grêmio não tenha o arsenal do rival. Mas não é por uma questão de diferença financeira apenas. Diego Tardelli chegou para ser o cara que faz algo fora da curva depois de anos com Jael, André e muita canela no comando do ataque. No jogo de ontem Tardelli foi mais um assistente de volante. Luan, craque na Libertadores de 2017, não foi aquele de dois anos atrás, mas foi voluntarioso. Só que o Grêmio precisava de mais.
A volta do intervalo trouxe um Grêmio melhor. Luan acertou um belo passe e Everton ficou cara a cara com Diego Alves e um marcador próximo. O chute foi seco e cruzado. Alves fez uma linda defesa.
A bola começava a ficar mais com o Grêmio. Então o Flamengo colocou ela no chão, tocou por um minuto, chamou a defesa para o lado esquerdo dela e o cruzamento foi perfeito para Bruno Henrique voar sobre Galhardo e abrir o placar.
Trocas surtiram efeito
Seria muito fácil falar bem de Renato aqui, já que ele colocou Maicon e Pepê e o primeiro deu um passe importante para Everton, que cruzou para Pepê e este fez o gol na pequena área.
Mas a verdade é que não foi um bom plano de jogo de Renato Gaúcho, que viu o Flamengo dominar completamente no primeiro tempo enquanto Everton estava estático. Colocar Tardelli na direita em alguns momentos também não deu certo e meio-campo não “conversou” entre si. Mais do que a falta de Geromel, que foi grande, o que pesou foi a ausência de Jean Pyerre. A volta dele no Maracanã será importantíssima.
O mais preocupante para o torcedor do Grêmio, além do resultado, claro, é que a diferença técnica ficou clara e Jorge Jesus conseguiu achar uma forma de limitar Everton. Enquanto isso Renato viu Gabriel, Bruno Henrique e Gerson serem grandes. De Arrascaeta decepcionou.
Mas algo muito importante que poucos estão dizendo: o fato de Jesus usar um time titular que todos já decoraram e pouco ter poupado até agora foi sentido no jogo de ontem. O time caiu de rendimento no segundo tempo, apesar de ter feito o gol, Gerson saiu carregado, Filipe Luis foi ao chão no lance que terminou no gol do Grêmio e outros jogadores, como De Arrascaeta, pareciam moídos.
Enquanto o Grêmio está de boa durante essas três semanas e deve receber Jean Pyerre e Geromel de volta, o Flamengo quer o Brasileiro e ainda terá Rodrigo Caio e Gabriel viajando com a seleção.
As odds na Betfair ainda não abriram para o jogo da volta, mas é normal esperar que o Flamengo seja o favorito para vencer o jogo e passar de fase. Mas o Grêmio ganhou uma sobrevida, assim como aconteceu na fase de grupos e contra o Palmeiras. Vai ter que aguentar o Renato e sua turma no Maracanã.