Eu já falei aqui sobre a rodada do Brasileirão mais legal – foi a #19, com Flamengo x Santos e Palmeiras x Cruzeiro – e agora digo que o Grêmio x Flamengo é o duelo Brasil x Brasil mais importante do ano.
Não é muito difícil chegar à conclusão, já que o rubro-negro carioca e o tricolor gaúcho vão decidir quem chega à final da Copa Libertadores. Para provavelmente pegar o River Plate, que amassou o fraco e sem meio-campo Boca Juniors nesta terça-feira.
Mas não só o peso do momento conta, como também outros fatores que estão movimentando o duelo e só fazendo a ansiedade crescer. E para isso temos que agradecer Renato Gaúcho.
Obrigado Renato
Que o futebol brasileiro ficou chato no quesito carisma e personalidade, não há dúvidas. As provocações sumiram por pretensamente incitar a violência e serem desrespeitosas. Evidentemente isso é ridículo. Sabe quem também acha isso? Renato Gaúcho.
Ele está falando e provocando, falando e ainda falando mais um pouquinho. Já disse que o Flamengo tem a obrigação de vencer, que Jorge Jesus não ganhou nada e que se tivesse 160 milhões de reais – gasto do Flamengo com contratações – teria montado uma seleção.
O presidente do Grêmio também botou um pouco de gasolina na fogueira “denunciando” um clima de já ganhou no Flamengo. Para sermos justos, Jorge Jesus e o elenco não parecem ter entrado no oba oba que sempre ronda o clube, incentivado pela torcida e imprensa.
O Grêmio está na sua, se colocando como desafiante e o time do trabalho duro, sem tanto dinheiro, com vários garotos da base, enquanto pinta o Flamengo como um time de estrelas com o burro na sombra. Aliás é estranho ver um time do Flamengo sem um jogador de sua base no time titular habitual.
O Flamengo é o favorito
Um fato que o Renato falou é que o Flamengo é favorito. Outro fato é quando ele afirma que o Flamengo é o time de melhor futebol no Brasil hoje, mas que o Grêmio joga bem há mais tempo.
Essa consistência realmente importa porque nada que o Grêmio passar hoje será surpresa: o time venceu a Copa do Brasil em 2016, a Libertadores em 2017, ficou a 10 minutos de chegar à final continental em 2018.
Eu não me importo com tabus de clubes, a menos que a pressão seja absurda. O Flamengo não chega a uma semifinal de Libertadores desde os anos 80. Isso por si só pouco importa na minha opinião. O que importa é a pressão ser enorme e mesmo as estrelas desse time não terem tanta experiência em momentos do tipo.
Gabriel e De Arrascaeta já jogaram finais de Copa do Brasil, mas este é outro patamar. Bruno Henrique é ainda mais inexperiente nesse sentido. Diego Alves jogou fora, mas nunca teve jogos deste tamanho no Valencia. Rafinha, nos seus anos de Bayern, com certeza teve sua conta de decisões, mas ele não tinha a importância ou até os minutos em campo. O que mais tem experiência neste sentido é Filipe Luis.
Eu apontei tudo isso não para dizer que jovens e veteranos flamenguistas irão se borrar ao entrar na Arena do Grêmio nesta quarta, mas que experiência nestes jogos importa. Vamos ver se a personalidade dos bons jogadores fará esse fator ser diminuído.
Porque, no fim das contas, o Flamengo é um time melhor. O meio-campo com Gerson e Everton Ribeiro é de enorme produção e De Arrascaeta, mesmo não sendo um atacante, gosta de marcar gols. Ele é basicamente o que Ganso nunca será. Gabriel e Bruno Henrique são letais e jogam tanto fora quanto dentro da área.
Mas o que falei no post “Quem pode tirar pontos do Flamengo?” ainda se aplica: o time deixa jogar. O São Paulo criou contra eles no fim de semana. Mesma coisa do Santos na semana anterior e do Inter, no Beira-Rio e quando quis atacar no Maracanã.
O Grêmio tem Everton Cebolinha, em fase tão boa ou até melhor que os atacantes do Flamengo. É uma pena que Jean Pyerre e Geromel não possam jogar.
Para o primeiro jogo, no Sul, o Grêmio é favorito para a Betfair, pagando 2,4 para 1, com 3 para 1 no empate e 3,2 para 1 a vitória do Flamengo. Já separa a pipoca e a cerveja que o jogo será demais.