Copa Libertadores da América
Quem gosta da Copa Libertadores da América vai defendê-la com unhas e dentes. Com características únicas, a competição continental organizada pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) não se assemelha à Champions League – maior competição continental de futebol da Europa – em muita coisa, além, é claro, do esporte jogado.
Os estádios, mais acanhados, são verdadeiras panelas de pressão, com a torcida fazendo questão de fazer parte do jogo. As partidas são mais truncadas e não é rara a catimba aparecer para deixar o jogo psicológico ainda mais presente. E tudo isso não quer dizer que a técnica e os bons jogadores ficam em segundo plano. Atletas como Riquelme, Neymar, Pelé, Zico, Juan Sebastián Verón foram campeões e mais um grande número de craques e jogadores de carreiras consagradas passaram pelos gramados sul-americanos em busca dessa conquista.
Por essa junção de fatores a Libertadores é apaixonante, com uma tradição de quase seis décadas e um especial espaço reservado no coração e a sala de troféus de cada time que a conquistou.
Grêmio volta a ser imortal na América do Sul
Depois de ver o Internacional, seu grande rival na cidade de Porto Alegre, vencer duas vezes a Libertadores e igualar em número de conquistas, o Grêmio sonhava com o momento que poderia tomar a dianteira novamente. Agora, junto com 1983 e 1995, o tricolor gaúcho pode somar 2017 a seus anos de conquista da Copa Libertadores da América.
Com o torneio se estendendo por todo o ano, deu para o torcedor do Grêmio saborear ainda mais essa longa trajetória até o título. Com a vaga por causa da conquista da Copa do Brasil, o torcedor estava junto com esse time por vários fatores, sendo os principais os vários jogadores formados em casa como Luan, Marcelo Grohe e Arthur. E, é claro, o treinador Renato Portaluppi, grande ídolo como jogador da história do clube e que agora comandando a equipe trouxe mais um título para seu clube do coração.
E foi com esse núcleo de jogadores da base e Renato no banco que o Grêmio foi avançando, ficando em primeiro em um grupo que era favorito, superado o Godoy Cruz com duas vitórias nas oitavas, o Botafogo em um duelo apertado (1 a 0 no agregado) nas quartas e o Barcelona de Guayaquil nas semis. O time equatoriano, que tinha eliminado na sequência Palmeiras e Santos, rivais superiores tecnicamente, foi despachado de forma brilhante praticamente no primeiro jogo, com os tricolores fazendo 3 a 0 fora de casa.
Na final veio um duelo contra os argentinos do Lanús, que eliminaram o River Plate com um jogo da volta incrível. Mas depois de um jogo nervoso em casa, que o Grêmio escapou com o gol da vitória no fim de Cícero, o jogo da volta foi um passeio, com os visitantes abrindo 2 a 0 ainda no primeiro tempo, o segundo gol sendo uma pintura de Luan. Mesmo com o gol dos mandantes, o jogo não pegou fogo e o Grêmio controlou as ações para vencer a sua terceira Libertadores na história de forma brilhante. Luan, Marcelo Grohe, Pedro Geromel, e Arthur se estabelecem como ídolos. Já Renato Portaluppi fica próximo de uma divindade no lado azul, preto e branco do Rio Grande do Sul.
Número de times e formato da competição
A Libertadores de 2017 teve duas novidades bastante importantes. A primeira é que a disputa deixou de ser de janeiro a julho, como era anteriormente, pegando a metade inicial do ano futebolístico dos times brasileiros e a metade final das equipes argentinas, só para pegar os países mais tradicionais. Dessa vez, a competição foi de janeiro até novembro. E esse aumento nos meses acomodou também um aumento grande de times, que passaram para 47.
Antes da fase de grupos começar, tivemos três fases eliminatórias, o que muitos chamam de Pré-Libertadores mas na verdade já faz parte da competição. Equipes tradicionais como Botafogo, Olimpia e Colo-Colo participaram dessas eliminatórias, inclusive com o time carioca eliminando os dois campeões da Libertadores.
Depois de todos esses jogos, quatro equipes avançaram para a fase de grupos, que contou com mais 28 times, fechando oito grupos com quatro clubes cada. Os dois melhores de cada grupo se classificaram para as oitavas, quando, outra mudança da edição 2017, os confrontos foram sorteados. Antes, o melhor desempenho da fase de grupos pegava o time de pior desempenho, o 2º melhor pegava o 2º pior e assim por diante.
A fase de mata-mata ocorreu como já é tradicional: dois jogos, com os times invertendo o mando e o time de melhor campanha na fase de grupos decidindo em casa. A final ainda foi em dois jogos, não sendo implantado o modelo de final única em campo neutro que a Conmebol acenou, assim como acontece na Europa com a Champions League.
História
Criada em 1960, com o nome de Copa dos Campeões da América, o torneio era bastante similar à Copa dos Campeões da Europa, com apenas os campeões nacionais participando dela. Ao longo dos anos, o número de vagas foi aumentando e em 1965 recebeu o nome de Copa Libertadores da América.
A razão do nome é uma homenagem aos heróis da independência dos países sul-americanos. Por muitos anos a competição aceitou times mexicanos, que tecnicamente fazem parte de outra confederação, a Concacaf. Até 2017, quando por questões de calendário as equipes mexicanas preferiram não disputar mais o torneio, os times do país tiveram três vice-campeonatos: Cruz Azul (2001), Chivas Guadalajara (2010) e Tigres (2015).
Brasileiros têm poderio financeiro, porém Libertadores vai além disso
Em comparação com os times dos países vizinhos, como Argentina, Uruguay, Chile e Colômbia, o Brasil têm os times mais ricos, com maior faturamento e possibilidade de comprar jogadores sul-americanos e também trazer jogadores que não tem mais grande mercado na Europa. Mas isso não se refletiu em uma dominância sul-americana.
Antes do Grêmio neste ano, o último brasileiro a ganhar o título tinha sido o Atlético-MG em 2013. Entre esses dois, San Lorenzo e River Plate da Argentina e Atlético Nacional da Colombia foram campeões.
Porém há quem aposte que agora chegou o momento dos brasileiros encurtar a diferença de conquistas em relação aos times argentinos. Hoje está em 24 a 18. Para isso, os times nacionais teriam que ter uma sequência similar à entre 2010 e 2013, quando Internacional, Santos, Corinthians e Atlético-MG ganharam um atrás do outro. Grêmio, Santos, Corinthians, Palmeiras, Flamengo, Vasco da Gama e Chapecoense irão para a batalha na Libertadores 2018. Boca Juniors, River Plate e Estudiantes vão tentar impedir esse domínio. E não podemos esquecer dos tradicionais Peñarol e Nacional do Uruguay e o Atlético Nacional da Colômbia, campeão em 2016.