O “Furacão Eurico” diminuiu de intensidade. Depois de mais uma gestão desastrosa do truculento dirigente, eleição tumultuada, vitória não consolidada da oposição graças a uma traição no capítulo final de uma novela que durou por meses, o devastado Vasco da Gama inicia nesta quarta-feira, 31 de janeiro, sua tentativa de reconstrução. Para tentar acelerar esse processo, o passo mais importante é conquistar uma vaga na fase de grupos da Copa Libertadores da América. A primeira escala será feita no Chile. Em Concepción, a partir das 21h45 (horário de Brasília), vai enfrentar o Universidad de Concepción.
Trata-se da primeira partida do confronto de ida e volta que será complementado em sete de fevereiro com o duelo em São Januário. Mas só esse sucesso não será suficiente. Para atingir seu objetivo, os cruz-maltinos, caso consigam despachar os chilenos, ainda precisarão bater o vencedor do duelo boliviano envolvendo Oriente Petrolero e Jorge Wilsterman para chegar ao paraíso.
Inimigos internos são ainda maiores
A qualidade técnica dos rivais chilenos e dos possíveis adversários em eventual segunda fase não é assustadora. O que mais preocupa o Vasco é aquilo que pode ser chamado de “fogo amigo”. O time viveu uma crise política sem precedentes. No final do ano passado, a oposição foi considerada vencedora na eleição feita pelos sócios. A votação teve a marca de denúncias de irregularidades que acabaram fazendo com que a justiça tivesse que
intervir e anular uma urna, a de número sete. Ela apresentou um resultado completamente incompatível com as demais. Assim, os indícios de fraude fizeram com que ficasse de fora da contagem final.
Eurico Miranda acabou, então, sendo batido por Júlio Brant, da oposição. Contudo, isso não significou sua queda, como esperava a maioria dos associados. A eleição no clube não é direta. Estabelece ainda votação no conselho para definição do principal mandatário. Alexandre Campelo, que era candidato à vice-presidente na chapa vencedora, viu a oportunidade de tomar o poder, traiu Brant e apresentou sua própria chapa para concorrer à eleição no conselho. Contando com o apoio de Eurico, ficou com o cargo. Assim, o “Furacão Eurico” foi rebaixado para a categoria “tempestade tropical”. Vai continuar influenciando na administração do clube, mas seu potencial de estrago foi reduzido.
Processo levou ao planejamento zero
A briga de bastidores praticamente paralisou o clube e fará com que o Vasco entre em campo nesta quarta-feira sem que tenha feito um planejamento e preparações adequadas. Eurico Miranda, quando viu a possibilidade de perder o poder, promoveu venda de jogadores, adiou investimentos e deixou o clube paralisado. Só quando a oposição se esfacelou e ele conseguiu impor sua vontade, as coisas voltaram a caminhar novamente. Mas já não havia tempo de mudar muito.
Assim, o Vasco vai estrear nesta quarta-feira com um elenco enfraquecido na comparação com o da temporada anterior. A queda na qualidade foi demonstrada claramente nas quatro partidas oficiais que o time realizou no primeiro turno do Campeonato Carioca, a Taça Guanabara. Ganhou apenas quatro dos 12 pontos disputados.
Time chileno ficou em 10º lugar no campeonato local
O Universidad de Concepción não teve os mesmos problemas em sua pré-temporada, mas isso não significa muito. No ano passado, o clube terminou o Campeonato Chileno em uma modesta décima posição. Somou 17 dos 45 pontos possíveis (três vitórias, oito empates e quatro derrotas) no Torneio Clausura.
Depois de ficar fora da zona de classificação para torneios continentais, garantiu sua vaga na Libertadores superando, na repescagem, o União Espanhola, vice-campeão nacional. O potencial do clube para a nova temporada, no entanto, ainda não pode ser medido. Como sua primeira participação no Campeonato Chileno 2018 foi marcada apenas para 3 de fevereiro, o duelo com o Vasco será seu primeiro jogo oficial do ano.