O Vasco decidia contra o Cruzeiro sua sobrevivência na edição 2018 da Copa Libertadores da América. Perdia por 1 a 0 quando por volta dos 20 minutos do primeiro tempo, o cartola Eurico Miranda, ainda poderoso no clube, deixou São Januário. Fugiu de assistir a terceira goleada sofrida pelo cruz-maltino no torneio por 4 a 0.
A equipe havia caído de quatro já na fase eliminatória. Apanhou do Jorge Wilsterman, na Bolívia, mas acabou avançando para o estágio de grupos uma vez que vencera pelo mesmo placar no jogo de ida e levou a melhor na decisão por pênaltis.
No grupo 5, todavia, foi atropelado pelo Racing, na Argentina, ainda no primeiro turno. Naquela ocasião, os torcedores até comemoraram os 4 a 0. A derrota poderia ter sido bem mais ampla. Os argentinos desperdiçaram duas cobranças de pênaltis.
Um, dois, três…
O terceiro 4 a 0, agora diante do time mineiro, eliminou matematicamente o Vasco da edição 2018 da competição continental e deixou os cruz-maltinos prestes a protagonizar um novo vexame. Desde que a primeira fase da Libertadores passou a ter seis jogos disputados, nenhum time brasileiro terminou sua participação com menos de dois pontos. Isso aconteceu com o pequenino Bangu, na edição 1986.
Caso o alvinegro carioca não pontue na partida da sexta e última rodada contra o Universidad de Chile, em Santiago, estabelecerá a pior campanha de um time do Brasil na competição. Em São Januário, os vascaínos foram derrotados pelos chilenos por 1 a 0.
Arquibancada mostra clube ainda mais dividido
Apesar de a terceira goleada nos últimos seis jogos da competição mostrarem os graves problemas vascaínos dentro de campo, eles não se limitam às quatro linhas. Houve brigas entre os quase 13 mil torcedores que compareceram em São Januário.
O clube segue politicamente dividido desde a manobra de traição que aconteceu na eleição. Os sócios votaram para conduzir Júlio Brant à presidência. Isso, porém, precisava ser confirmado pelos conselheiros. Alexandre Campello, que era candidato à vice na chapa de oposição, deixou o companheiro na mão às vésperas da votação, ganhou o apoio de Eurico Miranda e ganhou a eleição indireta, que contrariou o desejo da maioria dos sócios.
Retorno de Eurico marca era de fracassos
A fuga de Eurico Miranda enquanto o Vasco ainda tinha chances de reagir é o símbolo do fracasso de uma era. A gestão desastrosa e no estilo ditatorial do jurássico cartola havia sido morta e sepultada pelos associados do clube. As pedras do túmulo foram dinamitadas. A ressurreição do dirigente foi promovida por uma administração ainda pior de Roberto Dinamite, que havia sido escolhido para modernizar o clube.
Com o lema de “o respeito voltou”, os euriquistas se empolgaram com conquistas do atualmente desprezível Campeonato Carioca. Por esses pequenos momentos de glória duvidosa, fizeram vistas grossas aos desmandos administrativos e o caos financeiro implantados pelo dirigente. A conta chegou. E não será paga como deveria.
O conchavo Campello/Eurico evita que sejam tomadas medidas necessárias para verificar onde foi parar o dinheiro que entrou nos caixas do clube, buscar responsabilizar os culpados pela situação e tentar a recuperação dos danos.
Fugir do rebaixamento é próxima meta
Isso significa dinheiro reduzido para investimento, times limitados e a possibilidade de novas derrotas retumbantes nas competições que realmente importam. Três vezes rebaixado para a Segunda Divisão, o desafio agora é o Brasileirão.
A equipe terá a chance de reagir no próximo sábado, 5 de maio, quando em partida pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro receberá o América-MG, em São Januário. Com seis pontos ganhos, os mineiros estão na terceira colocação do torneio.
Os vascaínos, que realizaram um jogo a menos que a maioria dos rivais, ocupam o nono posto com quatro pontos ganhos.