
O Cruzeiro e a Copa do Brasil sem dúvida combinam. Criada em 1989, o time mineiro já levantou a taça seis vezes, o que é mais do que todos os times cariocas juntos (5) e apenas uma a menos que Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos combinados.
Além disso, a raposa conseguiu algo incrível em um mata-mata: vencer todos os rivais fora de casa: venceu na Arena da Baixada contra o Atlético-PR, o Santos na Vila Belmiro, o Palmeiras no Allianz Parque e o Corinthians em sua Arena.
Dito tudo isso, agora precisamos falar de algo mais sério, que já discursei sobre outro dia mas é interessante voltar a tocar no assunto.
O resultado não pode ser o único parâmetro
O Cruzeiro agora tem e deve comemorar, já que arriscou sua saúde financeira por esta temporada e com o prêmio da Copa do Brasil vai poder pagar as contas. Esportivamente, a tentativa era pela Libertadores, mas o Boca estava no meio do caminho e o time ainda foi prejudicado no jogo de ida.
Então é importante salientar que este texto não é uma tentativa de colocar mancha no título do Cruzeiro e estragar a festa, mas sim de exigir algo mais de uma equipe que pode muito mais e usa o uniforme de um clube que ofereceu um futebol vistoso em seus melhores momentos.
Eu critiquei bastante o Cruzeiro no jogo de ida, especialmente por um segundo tempo onde abdicou da bola, sendo que com a superioridade técnica enorme que tinha sobre esse fraco Corinthians, poderia ter feito dois ou mais.
E é claro que em Itaquera, mesmo com o Timão tendo que colocar Emerson Sheik (e que não foi mal) em campo, a equipe sofreria pressão. Não no primeiro tempo, onde conseguiu abrir o marcador, mas no segundo onde poderia ter perfeitamente perdido o título ou então se complicado muito.
VAR será o centro

O VAR hoje será o centro das atenções, já que tanto o pênalti em Ralf com a falta de Jadson em Dedé são discutíveis. Pessoalmente eu faria exatamente como o VAR, dando o pênalti e a falta: teve contato em Ralf, por mais que ele tenha dobrado o joelho antes.
E Jadson abriu a mão em Dedé, acertando claramente seu ombro, por mais que ele tenha simulado no rosto.
Como você pode ver, eu não acho que o problema é o VAR e sim a simulação, um câncer no futebol brasileiro que ficou evidente para o mundo na Copa. E acho que o VAR pode ajudar a acabar com isso, já que a argumentação para muitos sobre não ter sido falta no Dedé foi que ele simulou no rosto. O árbitro podia achar o mesmo e não dar a falta.
Times técnicos têm obrigação no Brasil

Não é aceitável olhar apenas aos resultados para analisar os melhores times do Brasil, o país que era sinônimo de qualidade e que tinha times talentosos e que davam gosto de ver há menos de 20 anos. Só pegar a final entre Corinthians e Cruzeiro no Brasileiro de 98.
O fato de aplaudirmos equipes que só sabem criar em contra-ataque, valorizar atacante que não sabe dar um drible, mas marca muito bem o lateral e dizer que cera e simulação é “esfriar o jogo” vai criando um rombo entre o que somos e o que devemos fazer.
A conquista da Copa nacional não pode ocultar o fato que esse Cruzeiro pode muito mais e Mano Menezes tem obrigação de mostrar que pode treinar um time que jogue com a bola no pé, ainda mais com Robinho, Thiago Neves e De Arrascaeta em seu time. Porque assim como quase perdeu para um Santos que estava em crise, passou sufoco para um Corinthians que é extremamente limitado. Mas bota limitado nisso, tanto que agora vai lutar para não cair no Brasileiro.