
Nós do Notícias Futebol sequer havíamos planejado um texto para falar dos técnicos do Brasileirão ainda, – talvez só comentar a queda de Cuca no São Paulo, o primeiro de todos – mas entre quarta-feira e hoje vimos um carrossel obsceno de demissões, contratações e brigas envolvendo vários técnicos dos clubes da Série A, de modo que é inevitável falar sobre isso.
Vamos dar uma olhada, então, em quem perdeu o emprego, quem ganhou um e também algumas surpresas que apareceram entre os treinadores – além de falar, é claro, dos nomes que ainda correm risco em seus clubes, ainda mais depois de dias malucos como estes últimos de setembro.
A queda de Cuca e a ascensão de Fernando Diniz no São Paulo
A carreira de Cuca deu uma guinada espetacular para cima depois da conquista da Libertadores com o Atlético-MG e, três anos depois, do Campeonato Brasileiro à frente do Palmeiras. Naquele período, o técnico se tornou um dos que mais tinha moral entre os grandes da Série A.
O Brasileirão de 2017, de novo comandando o Verdão, não foi lá essas coisas, e o treinador caiu em outubro daquele ano depois de ser eliminado da Libertadores (fora a briga com Felipe Melo). Foram mais de 9 meses parado até o treinador ser contratado pelo Santos, time no qual teve passagem bem apagada e do qual se desligou assim que o Brasileirão de 2018 acabou.
Em 2019, Cuca assume o São Paulo na reta final do Campeonato Paulista, cuja final foi perdida para o Corinthians, e segue com o time no Brasileirão. Já eliminado precocemente da Libertadores em fevereiro, o Tricolor conta apenas com a Copa do Brasil e o campeonato nacional como preocupações, mas cai perante o Bahia na primeira.
Na Série A, as coisas até começam bem, mas parece que o “Cucabol” simplesmente não pega no São Paulo, que é sexto colocado no momento em que este texto foi escrito. Enquanto que o período entre o fim de julho e fim de agosto foi de pura glória, vencendo Chapecoense, Fluminense, Athletico-PR, Santos e Ceará seguidamente, depois veio uma sequência de seca no Morumbi, com resultados horrorosos como empates contra Grêmio e CSA em casa e derrotas para Vasco, Inter e Goiás – esta última a gota d’água, que selou a demissão do técnico.
No mesmo dia, literalmente poucas horas depois da queda de Cuca, o São Paulo anunciou Fernando Diniz, treinador ainda bem jovem, com 10 anos de experiência de banco por enquanto. As passagens mais relevantes do técnico foram as por Athletico-PR e Fluminense, justamente as duas últimas. O aproveitamento do técnico no Furacão foi de apenas 35%, enquanto que no Tricolor Carioca foi de 49% – ambos baixos, convenhamos.
Uma parte da torcida do São Paulo já demonstrou descontentamento com a contratação – em destaque a Independente, que não ficou nada feliz com a chegada do técnico. Resta ver o que esperar de Diniz, que ainda não tem nenhum título relevante no currículo, famoso por sua versão “tiki-taka à paulista”, bem diferente do Cucabol clássico.
Rogério Ceni no meio do vendaval com Cruzeiro e Fortaleza

A dança das cadeiras que citamos no título é a perfeita metáfora para a situação vivida por Rogério Ceni. Depois de ser demitido do clube onde é ídolo como jogador, o São Paulo, lá em 2017, Ceni se reinventou enquanto técnico e foi treinar o Fortaleza, time no qual ficou claro que o ex-goleiro tinha carta-branca para mexer no que quisesse na parte de Futebol do time cearense.
Após sucesso estrondoso no Tricolor do Pici, com direito a troféu da Série B após uma campanha excepcional, Ceni foi jogar a Série A com seu time e fez um bom trabalho na primeira parte da temporada, levando em conta todas as limitações de um time que, até 2017 estava na terceira divisão.
Esse bom trabalho chamou a atenção do Cruzeiro, que vinha péssimo no campeonato e demitiu o técnico Mano Menezes, agora treinador do vice-líder Palmeiras (já já vamos falar sobre isso). Ceni foi chamado para o lugar de Mano.
A campanha da Raposa não melhorou em nada, com três derrotas e dois empates nos seis jogos de Ceni à frente do clube, além da amarga eliminação da Copa do Brasil perante o Inter, nas semifinais e, depois de apenas 6 semanas, o treinador se viu sem trabalho.
O grande papo do momento é que o Fortaleza está interessadíssimo em trazer Rogério Ceni de volta, enquanto que o Cruzeiro, enquanto nosso texto estava sendo escrito, anunciou o nome mais cotado e óbvio: Abel Braga, ex-Flamengo, que vai ter que suar para tirar a Raposa do buraco no qual se encontra.
A casa caiu para Oswaldo no Fluminense

Todo mundo sabe que técnicos e jogadores sempre mantém um rosto polido e respeitoso para falar uns dos outros nas coletivas de imprensa e tudo mais, enquanto que não é segredo que esses relacionamentos podem não ser exatamente pacíficos por trás dos panos. Agora, de isso até o que rolou entre Ganso e Oswaldo de Oliveira na beira do campo no empate com o Santos são outros quinhentos.
O jogo já estava empatado por 1×1 quando o técnico substituiu o meia, que saiu xingando Oswaldo, sem nenhuma sutileza, de “burro”. Como resposta, o treinador mandou um “vabagundo!”, e, como dali para chegar às vias de fato era fácil demais, os jogadores e membros da comissão precisaram separar os dois. A torcida do Fluminense tomou partido de Ganso e repetiu, em coro, o grito de burro contra o treinador, intercalando o nome de Cuca, num claro pedido de demissão e substituição.
Foi surpresa para absolutamente ninguém quando, na manhã desta sexta (27), Oswaldo publicou nota oficial anunciando seu desligamento do clube. Se o também recém-desempregado Cuca vai assumir o Fluminense é outra história, mas é sempre bom lembrar que foi justamente Cuca que, 10 anos atrás, na temporada 2009, salvou o Flu do rebaixamento já na reta final do Brasileirão.
Quem está mandando bem e quem está ameaçado

A expressão “cair para cima” parece ser a ideal para descrever a situação de alguns técnicos do Brasileirão no momento. O primeiro deles, sem sombra de dúvidas, é Mano Menezes, que vinha de anos de sucesso no Cruzeiro e acabou demitido num momento de crise, que só se agravou com Rogério Ceni e parece cada vez mais difícil de solucionar, e agora está sendo muito bem-sucedido no Palmeiras, vice-líder e totalmente recuperado, por sua vez, da crise que também enfrentava.
Desde que assumiu o time, no comecinho de setembro, Mano só viu glórias. Foram quatro vitórias em quatro jogos, sofrendo três gols e fazendo 10 – nada mal para um time que literalmente ficou dois meses inteiros sem vencer. Com a goleada de ontem sobre o CSA por 6×2, em São Paulo, o Verdão não apenas coloca pressão no líder Flamengo, que está a apenas três pontos, como não deixa o Rubro-Negro fugir no saldo de gols.
Se por um lado as coisas vão bem para o Palmeiras, os rivais Corinthians e Santos não podem dizer o mesmo, assim como seus técnicos. O Alvinegro Praiano ainda dá uma boa dose de moral para Jorge Sampaoli, tanto vindo da presidência quanto do elenco (e até da torcida, embora seja mais difícil calcular isso), mas os corintianos estão até o pescoço com Fábio Carille.
O Santos não vence há quatro jogos, é verdade, mas continua na parte de cima da tabela, na zona de Libertadores e dono de um excelente ataque. Se conseguir reagir nas próximas semanas, Sampaoli pode ficar sossegado no cargo.
Já no Corinthians, o buraco é mais embaixo. O time vem capengando há semanas, pra não dizer meses, intercalando vitórias sofridas com derrotas apertadas e empates desnecessários que poderiam ter sido qualquer outro placar, irritando demais o torcedor.
A esperança de título do Timão era a Sul-Americana, e o que se viu foram dois vexames perante o desconhecido Independiente Del Valle-EQU, com direito a derrota por 2×0 em Itaquera e empate bobo por 2×2 em Quito, num jogo no qual o Corinthians esteve na frente duas vezes. Eliminado da competição e também da Copa do Brasil faz um tempo, o objetivo de Fábio Carille passa a ser, portanto, garantir o clube ao menos na Libertadores.
Por enquanto a vaga está vindo, com o Alvinegro Paulista em quinto, mas se a crise se aprofundar, Carille pode muito bem se ver desempregado antes do fim da temporada.