
Há algumas semanas fizemos uma lista especulando os 10 atletas que possivelmente iriam se destacar ou, de maneira geral, fazer a diferença para seus respectivos times no Brasileirão 2019. A seguir, faremos a mesma coisa, mas com protagonistas diferentes: os técnicos!
O recado é antigo, mas sempre bom lembrar: listas existem para que discordemos delas, todo debate é válido e uma opinião dificilmente é igual à outra. Assim sendo, vamos ver quais dez dos vinte treinadores entraram no nosso top 10 e em qual posição!
10. Odair Hellmann (Internacional)

Nosso décimo colocado é um técnico bastante jovem, com apenas 42 anos, e que foi construindo sua carreira a passos pequenos nas categorias de base do próprio Inter, de onde o treinador nunca saiu, a não ser para treinar a Seleção Olímpica em 2016 e fazer seu famoso estágio no PSG.
Em 2018, Odair fez uma campanha fantástica vindo direto da Série B para terminar em terceiro lugar. Com o início do Campeonato Brasileiro de 2019, o Inter foi derrotado pela Chapecoense na primeira rodada, mas se redimiu na segunda, vencendo o todo-poderoso Flamengo. O treinador já provou que sabe extrair o máximo do seu elenco, mesmo este sendo um pouco envelhecido e não exatamente estelar, então olho aberto para o que Odair pode entregar no final da temporada.
9. Abel Braga (Flamengo)

Colocar o Abel numa lista de melhores técnicos é pedir pra caírem matando em cima, mas não há como fugir do atual campeão carioca e treinador de um dos melhores e mais caros elencos do Brasil.
Polêmico, cabeça quente e, como diz meu avô, “bocudo” até não poder mais, o treinador campeão brasileiro com o Fluminense em 2012 é a aposta do Flamengo para sair de uma fila incômoda. Experiência o técnico tem, vamos ver se ele combina isso com o elenco “all-star” do Rubro-negro e transforma em título.
8. Tiago Nunes (Athletico-PR)

Mais jovem de todos os técnicos da lista, Tiago Nunes completou 39 anos em 2019 e já tem a seu favor um título de Campeonato Paranaense usando o sub-23 do Furacão em 2017 e o mais recente troféu da Copa Sul-Americana.
O Athletico-PR lidera seu grupo na Libertadores (que tem o Boca Juniors) e já está garantido na próxima fase, enquanto que vem de uma vitória e uma derrota no Brasileirão – e é o melhor ataque até agora, empatado com o Palmeiras. Tiago Nunes parece ser um dos poucos treinadores com novas ideias e talvez por isso o time esteja funcionando bem. Se continuar a surpreender, especialmente na Arena da Baixada, o Athletico pode calar a boca de muitos críticos.
7. Cuca (São Paulo)

Assim como o Flamengo fez com Abel Braga, o São Paulo apostou no técnico de 55 anos sabendo que não ia ter novidade nenhuma em esquema tático, estratégias ou estilo de jogo. Ainda assim, não dá para julgar um time que não sabe o que é ganhar um trofeuzinho sequer há 7 anos por querer contar com um nome experiente e vitorioso – afinal, estamos falando do campeão da Libertadores de 2013 com o Atlético-MG e do Brasileirão de 2016 com o Palmeiras.
Ainda não deu pra ver bem o famoso “Cucabol” em ação no São Paulo, mas se o técnico conseguir fazer o que faz de melhor, extraindo o máximo dos elencos que monta, mesmo que sem grandes estrelas, o são-paulino até pode se acostumar com lateral forte e chuveirinho na área adversário se isso render bons frutos. A se ver.
6. Rogério Ceni (Fortaleza)

O começo da carreira de técnico de Rogério Ceni não foi o sonho lindo que ele e o torcedor do São Paulo imaginavam, mas o renascimento na segundona com o Fortaleza, com quem subiu para a Série A coberto de glórias, serviu para provar que ninguém deve subestimar o lendário ex-goleiro.
Até o momento, além da promoção, Rogério chegou às semifinais da Copa do Nordeste e pode muito bem ser campeão, faturou o Campeonato Cearense em cima do maior rival e, no Brasileirão, após ter perdido para o atual campeão Palmeiras, venceu o Athletico-PR. Não acho que vamos ver o Tricolor do Pici na Libertadores nem nada do tipo, mas Rogério se encaixou tão bem no time que é difícil esperar menos do que uma Sul-Americana – e a Copa do Brasil está aí…
5. Mano Menezes (Cruzeiro)

Mano Menezes é um daqueles clássicos casos de amor e ódio. O torcedor do Cruzeiro, pelo menos por enquanto, parece bem satisfeito com o treinador, que levou a Raposa ao título da Copa do Brasil em cima do Corinthians dentro do estádio de Itaquera em 2018. Treinando o time desde 2016, Mano é o nome mais longevo da nossa lista, o que quer dizer que, de alguma maneira, o trabalho feito em Belo Horizonte está agradando.
O futebol do treinador de 56 anos é aquele velho conhecido de todos, mas foi o que levou o Cruzeiro ao bicampeonato mineiro, além da já citada Copa do Brasil. No Brasileirão 2019, o time tem uma derrota e uma vitória, mas as atenções mesmo estão na Libertadores, onde a Raposa faz a melhor campanha entre todos os clubes. Se repetir o desempenho da competição continental na nacional, dá até para sonhar com o título, ainda inédito para Mano.
4. Luiz Felipe Scolari (Palmeiras)

Felipão é outro que viveu um renascimento quase que inacreditável. Depois do 7×1, muita gente (eu incluso) achava que a carreira do técnico do Penta estava morta e enterrada, mas eis que ele ressurge e leva o Palmeiras a um título merecido no Brasileirão 2018. De lá pra cá, o mais velho da nossa lista provou que ainda tem muito o que oferecer, ainda que as ideias sejam as mesmas de sempre.
O Palmeiras parou nas semis do Paulistão, é verdade, mas está fazendo bonito na Libertadores, entra com força total na Copa do Brasil e já deixou claro que, no Brasileirão, vai defender seu título com toda a qualidade que tem nos jogadores e no experiente técnico.
3. Fábio Carille (Corinthians)

A imagem de Fábio Carille se tornou um tanto quanto messiânica dentro do Corinthians, e é por isso que ele está com a nossa medalha de bronze. A situação do Timão e do técnico é idêntica àquela em que se encontravam em 2017, com um time desacreditado, vindo de uma temporada lamentável e instável. Em 2017 veio título paulista e Brasileiro…
O elenco corintiano é consideravelmente melhor que na temporada passada e quem não estava acostumado se adaptou rápido ao estilo de jogo de Carille. Eu ainda acho difícil acreditar em título do Corinthians (muita gente fez isso em 2017, não fez?), mas o Timão pode voltar a sonhar alto agora que conta com seu maestro de volta do mundo árabe.
2. Renato Gaúcho (Grêmio)

Segundo lugar para o segundo técnico há mais tempo no mesmo time. Renato Portaluppi, o eterno Renato Gaúcho, elevou o Grêmio a uma condição de gigante perigoso não vista há anos. Desde que chegou já faturou Copa do Brasil e Libertadores, sem contar os Gauchões.
Renato anda cheio de moral pelo Brasil e pelo mundo, e com razão. É fácil reconhecer o estilo do treinador sendo aplicado jogo após jogo no Grêmio, e muita gente coloca o ex-ponta-direita como um dos motores do futebol brasileiro entre os técnicos. Tirando o Imortal da fila de 23 anos sem troféu do Brasileirão, Renato Gaúcho vai gravar seu nome a fogo de vez entre as lendas gremistas.
1. Jorge Sampaoli (Santos)

Mesmo não sendo torcedor do Santos, dá gosto ver o que Jorge Sampaoli está fazendo dentro e fora de campo com o Peixe.
Geralmente menos extrovertido do que corintianos e palmeirenses na hora de falar do próprio time, por exemplo, os santistas têm toda a razão em idolatrar o argentino e sorrir de orelha a orelha para falar dele, que chegou, ao que tudo indica, para mudar a cara do futebol no Brasil. Como acontece com todo estreante, as coisas não começaram 100% nas nuvens para Sampaoli e o Peixe, mas parece que jogo a jogo o time conquista um pouquinho mais da sua identidade.
Talvez faltem algumas peças importantes no elenco do Santos para dar aquela profundidade tão importante em competições de pontos corridos e ser campeão, mas Sampaoli trouxe gente de qualidade inquestionável, reparou perdas que muito treinador mediano ficaria chorando a respeito em todas as coletivas de imprensa até dezembro e ganhou bonito os dois jogos do Brasileirão até agora – com gostinho especial contra o azedo Grêmio, em pleno Rio Grande do Sul.
Pode não acabar em troféu, mas o torcedor santista tem mais motivos para se sentir otimista hoje do que em muitos anos. O melhor técnico do Brasil – um argentino – está na Vila Belmiro.