Diretoria do Santos em 2020 fez tudo errado e pode dar certo; São Paulo a mesma coisa

kaio jorge santos

O São Paulo atropelou o Atlético-MG em um duelo direto na disputa pelo Campeonato Brasileiro de 2020 e com 12 rodadas a disputar só o Flamengo pode ter gás para evitar o hepta. A diferença de oito pontos pode cair para dois, já que há duas partidas por fazer do rubro-negro. É inegável que o Tricolor é o grande favorito.

O Santos foi avassalador contra o Grêmio, que tinha uma série invicta de quase 20 jogos, é o time mais consistente do Brasil nos últimos 4 anos e investiu para esta temporada depois da vexatória derrota para o Flamengo. Renato Gaúcho de novo teve que pensar em desculpas

Isso quer dizer que São Paulo e Santos fizeram tudo certo em 2020? Que nada, fizeram tudo errado, especialmente nos andares mais altos da diretoria.

José Carlos Peres trouxe Jorge Sampaoli em 2019, disparado seu maior acerto como presidente do clube. Só que ele decidiu que contratar jogadores e pagar por eles eram duas coisas que não combinam. Resultado: seguidas punições da FIFA, contas reprovadas e finalmente um impeachment.

Já no São Paulo não tem um torcedor que goste do Leco. Ele se despede da direção do clube tendo arruinado a relação com ídolos, zero títulos e várias contratações péssimas e caras.

O São Paulo é líder do Brasileirão

luciano são paulo
Pato era o “craque”, Pablo chegou por 30 milhões. Luciano é quem decide

O que mudou do São Paulo que foi eliminado pelo Mirassol, que tinha perdido 18 jogadores por causa da parada, e caiu na fase de grupos da Libertadores? Fernando Diniz balançou mais que bote em mar turbulento, mas Raí bancou – o maior acerto do eterno ídolo – e ambos tiveram estômago para dar minutos a jogadores com menos nome.

Pablo chegou por mais de R$30 milhões. Brenner já estava no clube e Luciano chegou em uma troca com o Grêmio que era vista como seis por meia dúzia. Os dois últimos são destaques da equipe e Pablo é banco. Hernanes é ídolo, mas seu status de reserva de luxo é o mais adequado para seu momento na carreira. Alexandre Pato saiu e ninguém sente saudades.

Daniel Alves, uma contratação caríssima, até pode ser uma liderança no elenco, mas nesse time do São Paulo ele é mais um. O trabalho de Diniz é inegável, finalmente alcançando todo o potencial que a imprensa jogou nas suas costas – e até segurou a sua barra – quando Fluminense e Athlético não o mantiveram.

Se o São Paulo ganhar o Brasileirão tem que construir uma estatua para Diniz, parabenizar Raí e não deixar Leco pisar no gramado para ver o troféu.

O Santos está nas semis da Libertadores

As duas últimas janelas de virada de ano para o Santos foram trágicas. De 2018 para 2019 o time viu Cuca sair por problema de saúde e metendo a boca na bagunça que imperava. Bruno Henrique foi vendido para o Flamengo, Gabigol não foi emprestado de novo pela Inter, mas não porque os italianos queriam o jogador, já que estes o cederam ao Flamengo por uma temporada. Eles formaram o ataque do Flamengo campeão da América.

Peres tirou Sampaoli da cartola e entre várias contratações mais ou menos, Soteldo, Marinho e Luan Peres (ambos no meio do ano) e Felipe Jonathan se firmaram. Na virada para 2020 Sampaoli saiu enfurecido com a diretoria, atletas botaram o time na justiça e as punições da FIFA vieram. Jesualdo Ferreira foi um erro e apesar de fatores que complicaram – COVID, saída de jogadores – a equipe era modorrenta em campo.

Não é a primeira vez que o Santos só pode olhar para a base. Em 2002 o time estava devendo meses e meses de salários depois de ter contratado medalhões e não teve um título para contar história. Robinho, Diego, Elano, Renato, Léo, Alex carregaram a barra.

Sandry, Kaio Jorge, John e João Paulo não são craques inegáveis, mas são alguns dos novos nomes cheios de personalidade que o Santos têm neste momento. Alisson e Lucas Veríssimo também são da base, mas já podem ser considerados veteranos. Marinho é o craque. Soteldo é um ótimo jogador para o nível nacional. E Cuca faz seu melhor trabalho porque dele foi pedido tudo: ele é o presidente, motivador, psicólogo e treinador enquanto tudo a seu lado desmorona. Até infectado pelo vírus ele foi.

Neste momento, na Betfair, Palmeiras e River tem odds mais baixas para vencer a Copa Libertadores. O Verdão paga 2,88 para 1 e o River paga 3,75 para 1. Só que ambos se enfrentam nas semifinais (ok, o River ainda precisa segurar o Nacional hoje, algo 99% certo). O Santos paga 4,5 para 1 e pegará Boca ou Racing – ambos com odds de 6 para 1 para vencer a competição. O Racing venceu o jogo de ida por 1 a 0.

O Santos tem totais condições de bater as equipes argentinas, que sempre precisam ser respeitadas, mas não são de enorme qualidade. E com jogo único na final, o Santos até é azarão, mas é mais fácil rolar uma surpresa do que com o antigo formato de ida e volta. Há razões para o torcedor se empolgar, mesmo com a diretoria tendo feito tudo errado.

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