Ídolos que você não conhece: Ian Wright

Este especial é algo…especial de fazer. Já falamos sobre um dos maiores (se não o maior dos) ídolos do Liverpool, Sir Kenny Dalglish, e não é sem satisfação pessoal que este que vos fala agora vai escrever sobre o astro de outro time inglês: Ian Wright, um dos gigantes da história do Arsenal.

O mais interessante é que, por ter jogado na década de 1990 e perdido Copas do Mundo, Wright é um nome que acabou passando batido para quem não acompanhava fervorosamente o Campeonato Inglês 25 anos atrás. Falar sobre o atacante é, de certa forma, fazer justiça à sua carreira brilhante e que ficou na obscuridade para muita gente.

Ian Edward Wright, atacante

Ian Edward Wright nasceu na Inglaterra, em 1963, e foi um jogador cuja carreira começou espantosamente tarde para os padrões modernos (e da época também). Seu primeiro contrato profissional, com o Crystal Palace, só se concretizou quando o jogador estava prestes a completar 22 anos, em 1985.

A carreira no Palace, embora menos glamorosa que no Arsenal, foi duradoura e extremamente prolífica. Pra começo de conversa, ele ajudou o time a subir de divisão em 1989, e acumulou um total 117 gols em seus 277 jogos entre 1985 e 1991. Não à toa, foi eleito um dos mais importantes atletas da história do clube, no qual é o terceiro maior artilheiro de todos os tempos, aliás.

Se aí o jogador já tinha tudo para se tornar um dos grandes, bastou trocar de bairro em Londres para, jogando num dos gigantes da Inglaterra, entrar para o panteão das lendas do futebol inglês e mundial.

“1×0 para o Arsenal”

Envergando a famosa camisa da Banana Estragada, Wright calou a torcida do Leicester na sua estreia

Em 1991, o Arsenal do técnico George Graham gastou 2,5 milhões de libras no atacante de 28 anos, algo mal visto por muita gente dentro e fora do clube. Ian Wright, porém, precisaria de pouco tempo para calar a todos e trazer sorrisos para o técnico e a torcida.

Estamos falando de um Arsenal pré-Arsène Wenger, note bem, numa época em que o time era conhecido como “Boring, Boring Arsenal”, o “Chato, Chato Arsenal”, muito por conta de um jogo extremamente físico, pensado na defesa e pouco vistoso – não muito diferente do estilo inglês como um todo na época.

Acontece que, em pouco tempo, o atacante, que passou a usar a icônica camisa 8 a partir de 1993, se provou uma máquina de fazer gols. Os Gunners até podiam ganhar de 1×0 com mais frequência do que talvez fosse normal, mas esse um gol saía via de regra dos pés de Wright. Nessa era de ouro, o jogador quebrou recordes, se tornando o maior goleador da história do clube.

Polêmico, provocador e particularmente criativo na hora de criar comemorações para gol (lembrado pela torcida por isso até hoje), Wright ainda proporcionou um momento especialmente sádico para os Gunners em 1992, quando fez um hat-trick no último jogo da temporada e arrancou o prêmio de artilheiro de Gary Lineker, do arquirrival Tottenham.

Declínio

Em 1995 chegou ao Arsenal Dennis Bergkamp, que fez uma parceria brilhante com Ian Wright por pelo menos duas temporadas. Em 1998, porém, mesmo ano em que o camisa 8 ganharia sua única Premier League com o time, os sinais de desgaste eram claros.

Já com seus 34 anos e tendo perdido boa parte da temporada por lesão (e também sendo deixado no banco pela ascensão da então jovem estrela Nikolas Anelka), não foi surpresa ver o Arsenal vendendo o jogador ao final do campeonato.

O destino foi o West Ham, onde o atacante mostrou que ainda tinha gás e marcou 9 gols nos seus 26 jogos. Depois de passagens-relâmpago e sem grande destaque por Nottingham Forest e Celtic, o grande gênio do ataque se aposentou jogando no Burnley, na segunda divisão, com seus 37 anos e muita história para contar.

Legado de um gênio

Até hoje Ian Wright é o jogador mais identificado com a número 8 do Arsenal, que já foi de Arteta, Ljunberg, Alan Smith e Ramsey

Atualmente Ian Wright é comentarista da TV britânica. Como “bônus” à sua carreira, ele ainda deu ao mundo outros dois jogadores profissionais de futebol, seus filhos Bradley e Shaun Wright-Phillips.

Ser lenda de um time já é um feito, mas Ian Wright conseguiu a proeza de ser em dois, já que tem muito carinho da torcida do Crystal Palace até hoje, fora o status de astro no Arsenal, onde foi eleito o 4º maior jogador de todos os tempos. O resultado dos anos de casamento entre Ian Wright e o Arsenal, aliás, foram um título de Premier League, dois de FA Cup, uma Copa da Liga e ainda uma Recopa Europeia.

Para se ter noção de como o atacante era prolífico na frente do gol com os Gunners, à exceção da primeira e da última temporada, ele sempre marcou pelo menos 30 gols. Tendo jogado entre 1991 e 1998, o número total é assombroso: 185 gols em 288 partidas. Esse recorde seria quebrado em 2005 por um tal de Thierry Henry. Desse aí, talvez, você já tenha ouvido falar.

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