Embora em grande parte do tempo vencedores e campeões, os gigantes da Europa (e do mundo, claro) também viveram (e viverão) fases péssimas que seus torcedores preferem esquecer. Neste texto, vamos relembrar algumas temporadas nas quais alguns clubes de Premier League, Bundesliga, La Liga e Calcio deixaram a desejar e fizeram campanhas vergonhosas.
Se não houvessem perdedores, não haveria vencedores, e essa é uma boa frase se lembrar antes de começar a ler um texto como este, em que praticamente nada de bom será exaltado, e tudo de ruim virá à tona. Como disse certa vez Sir Winston Churchill, “O sucesso não é definitivo e os erros não são fatais; é a coragem para seguir em frente que conta”.
Arsenal, temporada 2017-18
Vamos começar falando do Arsenal, cujo casamento de 22 anos com Arsène Wenger acabou no fim da temporada passada. Sou suspeito para falar aqui, claro, já que se trata do meu clube do coração, mas é consenso não apenas entre torcedores Gunners como também jornalistas e outros especialistas que o declínio do time começou junto com a construção do Emirates Stadium, lá em 2006, e eu assino embaixo.
Pagar pelo estádio custou milhões e mais milhões de libras ao clube, que praticamente abandonou o mercado de transferências enquanto comprador (situação que ainda não se reverteu completamente) e se tornou vendedor de tudo e mais um pouco – vide os nomes que foram embora ao longo dos anos: Thierry Henry, Cesc Fábregas, Robin Van Persie e tantos, tantos outros.
Se tivesse que escolher uma única temporada como a mais vexaminosa, ficaria com a última de Wenger no comando, 2017-18. Depois de beliscar o vice-cameponato nacional dois anos antes como quem não quer nada, o desempenho no ano seguinte caiu para o término da Premier League na quinta posição e, na dita temporada passada, sexto – pior colocação do Arsenal em 23 anos.
A derrota humilhante por 3×0 para o Manchester City na final da Copa da Liga Inglesa, outra ainda mais dolorosa para o Nottingham Forest por 4×2 que eliminou o então campeão da FA Cup na terceira fase da competição e, para coroar, a eliminação perante o Atlético de Madrid nas semis da Europa League marcaram a temporada final de Arsène Wenger em Londres. De brinde, o torcedor teve que aguentar Alexis Sánchez trocando os Gunners pelo odiado rival Manchester United do não menos odiado José Mourinho, num verdadeiro déjà vu de Van Persie.
Manchester United, temporada 2013-14
Falando em Manchester, os Red Devils também viveram momentos vergonhosos desde a aposentadoria de Sir Alex Ferguson em 2013. Aliás, a temporada seguinte, 2013-14, é a escolhida por mim para exemplificar os anos ruins dos Diabos Vermelhos, que só parecem estar chegando ao fim agora, com Solskjær fazendo história.
Assim que o lendário técnico escocês anunciou que iria parar, começou a boataria de quem iria substituí-lo. A escolha recaiu sobre o terceiro treinador mais longevo da Premier League até então (atrás do próprio Ferguson e de Wenger), David Moyes, com mais de 10 anos à frente do Everton. O que se viu dali em diante foi tudo rolando morro abaixo para o clube.
Moyes sequer chegou ao final da temporada, na qual o Manchester United amargou a sétima posição da Premier League (a pior desde 1989-90), foi eliminado pelo Bayern de Munique da Champions League nas quartas e acabou humilhado pelo humilde Swansea na FA Cup dentro de Old Trafford (com um gol de Bony nos acréscimos). Nem a pequenina Copa da Liga sobrou para os Red Devils, que foram despachados pelo fraco Sunderland nas semifinais. Resultado: David Moyes demitido em abril de 2014 e instabilidade que dura – ou durou? – até agora.
Liverpool, temporada 2015-16
Assim como o Arsenal, Liverpool dos últimos tempos também tem vivido seu próprio calvário – os longuíssimos 29 anos sem conquistar o Campeonato Inglês que o digam. Ao menos os Reds têm “prêmios de consolação” como a taça da UEFA Champions League de 2004-05 no meio da caminho, mas o torcedor sabe que ainda falta o gostinho de sair dessa fila gigantesca no próprio país.
A verdade é que o Liverpool se tornou um time do “quase”. Há poucas situação de verdadeira humilhação ou desgraça no currículo recente do time da terra dos Beatles, mas o “quase” incomoda demais, especialmente depois da temporada 2013-14, que será conhecida para sempre como a temporada do escorregão do ídolo Steven Gerrard, que custou a taça aos Reds.
A temporada mais amarga para o torcedor do Liverpool nos tempos recentes, porém, é outra: 2015-16. Engraçado é pensar que foi justamente nessa mesma temporada que Jürgen Klopp chegou que o Liverpool amargou sua pior colocação na Premier League em quase 20 anos – oitavo. Na verdade, o alemão chegou com a temporada em andamento, em outubro, mas não conseguiu impedir os Reds de ficarem de fora até da zona de Europa League.
O desempenho do time pode não parecer tão medíocre assim quando lembrarmos que foi suficiente para levá-lo às finais de ambas Liga Europa e Copa da Liga Inglesa, mas derrotas em ambos os casos (para Sevilla e Manchester City, respectivamente), a colocação horrorosa na Premier League e eliminação precoce na FA Cup (quarta fase) são suficientes para colocar aquele time dos Reds aqui, entre os maiores desapontamentos recentes.
Chelsea, temporada 2015-16
Antes de encerrarmos nosso papo sobre Premier League, é preciso citar o triste time do Chelsea da temporada 2015-16, a última de José Mourinho à frente do time azul de Londres. Aqui cabe usar aquele ditadozinho “quanto mais altura, pior a queda”. Estamos falando do até então campeão inglês, que acabou simplesmente na décima colocação no campeonato da temporada a que nos referimos.
Essa foi a temporada em que a estrela de Mourinho começou a se apagar e os problemas começaram a ficar realmente evidentes. Elenco rachado, entrevistas polêmicas e, claro, um desempenho lamentável em campo causaram o pior desempenho entre todas as temporadas do Chelsea em sua fase milionária. Note que é a mesma temporada que escolhemos para o Liverpool, e o Chelsea conseguiu fazer ainda mais feio dentro e fora de campo.
O time terminou na horrorosa décima posição (atrás de gente como Southampton, West Ham e Stoke City) e Mourinho já estava demitido antes do Natal. Quem herdou o abacaxi foi Guus Hiddink, mas o holandês não conseguiu melhorar muito a situação. O Chelsea foi eliminado nas oitavas da Champions League, na quarta rodada da Copa da Liga e sexta rodada da FA Cup. Bem abaixo do esperado do campeão da temporada anterior (e que seria campeão de novo no ano seguinte).
Barcelona, temporada 2013-14
Falar em temporada ruim para o Barcelona recentemente significa falar na temporada dos sonhos de muita gente, mas sabemos que para o gigante da Catalunha a coisa não funciona assim. A primeira e única temporada de Tata Martino à frente do Barça é para o torcedor esquecer.
Vamos levar em conta que, depois dos anos de sucesso com Guardiola e a trágica saída de Tito Vilanova no ano anterior para tratar da saúde (o treinador acabou falecendo em 2014), começar do zero seria um desafio para qualquer um. Infelizmente, foi um desafio que o técnico argentino não conseguiu encarar e superar.
O time acostumado a ganhar tudo teve que a se acostumar a bater na trave, terminando em segundo no Campeonato Espanhol, atrás do Atlético de Madrid, que também tirou o Barça da Champions, já na fase quartas de final, e ainda saiu derrotado na final da Copa do Rei para o odiado rival Real Madrid. Levando em conta a história e os parâmetros com os quais o Barcelona está acostumado, é uma temporada em que o time falhou pra valer.
Real Madrid, temporada 2018-19
Este é o único caso aqui em que vamos tratar da temporada que ainda está rolando, e talvez por conta disso nem precisemos falar muito a respeito, já que todo mundo sabe o vexame que o Real está dando nas competições de 2018-19.
A saída de Zidane foi sentida demais pelo clube merengue, que simplesmente não conseguiu arrumar um técnico à altura. O time ganhou o Mundial de Clubes no Emirados Árabes, claro, e merece todos os aplausos do mundo por isso, mas está passando vergonha na Espanha e na Europa.
O sonho de outra Champions League virou pó depois de o clube ser amassado pelo Ajax dentro de casa de maneira vexatória. A Copa do Rei também ficou para trás após uma dupla humilhação vinda do Barcelona. Resta o Campeonato Espanhol, que, convenhamos… não vai dar. Para se ter noção, quem apostar em título madridista em Betfair receberá obscenos 51 para 1 se vencer.
Milan, temporada 2014-15
Falar do Milan dos últimos tempos é falar da tristeza que se tornou o Campeonato Italiano – antes o melhor da Europa, agora uma competição de um time que só que ninguém se dá ao trabalho de acompanhar direito mais. Afinal, que graça tem?
O Milan não é mais o mesmo há quase 10 anos, e a temporada-símbolo para falar sobre o declínio Rossonero é a de 2014-15, na qual o time amargou uma patética décima posição no Calcio, caiu nas quartas de final da Copa Itália e sequer participou das competições europeias, vide seu desempenho quase tão ridículo quanto no ano anterior.
O técnico Inzaghi durou apenas um ano e o Milan continua sofrendo para conseguir manter treinadores e, principalmente, um desempenho minimamente decente. Naquela temporada horrorosa, os resultados na Seria A italiana foram de 13 vitórias, 13 empates e 12 derrotas. É pra esquecer mesmo.
Hamburgo, 2017-18
Para terminar nosso papo, vamos falar não necessariamente de um gigante, mas de um time tradicionalíssimo da Alemanha que, depois de muitas décadas, acabou quebrando um dos últimos tabus que restava na Bundesliga: O Hamburgo, que acabou rebaixado para a segunda divisão.
O motivo para o time do norte da Alemanha estar aqui é que se tratava do último clube do país a nunca ter sido rebaixado. Foram 55 anos consecutivos na primeira divisão – e os 44 anteriores o time passou apenas subindo pelos níveis de futebol na Alemanha.
Infelizmente para os torcedores do Hamburgo, o sonho chegou ao fim em 2017-18, quando o time fez a pior campanha da sua história, com apenas 31 pontinhos conquistados em 34 jogos. As oito vitórias, sete empates e acachapantes 19 derrotas levaram o clube para sua primeira temporada na Bundesliga 2, onde o time atualmente ocupa a segunda posição e sonha em voltar à elite no ano que vem.