Logo mais teremos o primeiro jogo da novíssima temporada do Campeonato Inglês. O atual vice-campeão Liverpool recebe o recém-promovido Norwich para um duelo em Anfield, o primeiro de 380 jogos que rolam de agora até maio.
Como preparação para aquele que é provavelmente o campeonato nacional mais badalado e querido do mundo, resolvemos fazer um guia com informações sobre os times, analisar as odds para classificação final, título, rebaixamento e, em suma, falar sobre o que poderemos esperar da Premier League de 2019-20!
O Big 6
Vamos começar falando da movimentação de mercado e das principais previsões e expectativas para os seis principais times ingleses da atualidade, isto é, Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham.
Arsenal
O torcedor do Arsenal – este que vos fala incluso – não tinha uma janela de transferências tão boa assim desde o começo da década passada. Após anos e anos de Arsène Wenger (depois acompanhado por Ivan Gazidis, diretor executivo do clube de 2008 a 2018) fazendo compras arriscadas e de última hora, finalmente o time se planejou e, mesmo com um orçamento reduzidíssimo (foi anunciado cerca de 43 milhões de libras), foi ao mercado com segurança.
Depois de desentulhar a folha salarial e ganhar dinheiro útil liberando e vendendo gente como Koscielny, Welbeck, Lichtsteiner, Ospina, Jenkinson, Iwobi e muitos outros, o time fez contratações cirúrgicas para todos os setores do campo, incluindo aí David Luiz (ex-Chelsea, zagueiro), Kieran Tierney (ex-Celtic, lateral-esquerdo), Nicolas Pépé (ex-Lille, ponta-direita), Dani Ceballos (emprestado do Real Madrid, meio-campo), entre outros, e vem forte para a nova temporada.
Ninguém é iludido a ponto de pensar que o time do técnico Unai Emery chega para brigar por título (embora tudo seja possível em se tratando de Premier League), mas o time do Arsenal é, ao menos no papel, infinitamente superior ao da temporada passada. Analistas ingleses e de outros países cravam os Gunners brigando pela terceira posição, disputando principalmente com o arquirrival Tottenham.
As odds em Betfair para título do Arsenal são de 41 para 1, o que faz dos Gunners os quintos melhores cotados (empatados com o Manchester United). Se terminar no Top 4, pagamento de 2,4 para 1, sexto menor entre todos.
Chelsea
Já falamos um pouco sobre o Chelsea aqui, mas vamos recapitular e resumir o que os Blues devem trazer para a nova temporada de futebol na Inglaterra. De todos os times do Big 6, o Chelsea talvez seja o com menos ambições num primeiro momento.
Depois de trocar de técnico pela décima vez em dez anos e se ver limitadíssimo no mercado por conta do Financial Fair Play (FFP) da UEFA, o Chelsea basicamente tentou manter seu time base que foi campeão da Liga Europa (e por isso vai jogar Liga dos Campeões, aliás) e quarto colocado na Premier League da temporada, mas não conseguiu fazer isso porque teve que abrir mão de Eden Hazard, que carregava o time nas costas. Com o astro agora jogando no Real Madrid, o time azul de Londres vai ter que se virar com a capacidade do técnico Frank Lampard de tirar leite de pedra igual fez com o Derby County.
Dos nomes mais conhecidos, deixam o Chelsea o já citado Hazard e também Cahill (zagueiro, Crystal Palace), David Luiz (zagueiro, Arsenal), Moses (meia, emprestado ao Fenerbahçe) e Morata (atacante, emprestado ao Atlétido de Madrid), entre outros. De novidade, apenas Christian Pulisic, que chega do Borussia Dortmund.
Depois de uma janela de transferência na qual foi totalmente passivo, o Chelsea chega sem muita força para brigar por coisas grandes. As odds em Betfair para título dos Blues está em 51 para 1, a pior entre os seis grandes. Se ficar entre os quatro, odds a 2,7 para 1.
Liverpool
Também já fizemos uma análise inicial do Liverpool, atual vice-campeão da Premier League e campeão da UEFA Champions League. Mais uma vez, e talvez mais fortes do que nunca, os Reds vêm para brigar por título inglês e sair da incômoda fila de 30 anos.
Ninguém pode dizer que o técnico Jürgen Klopp não seja um homem de palavra. Quando chegou em Liverpool, o alemão pediu três temporadas para começar a ganhar grandes coisas, e foi justamente ao final da terceira que o time faturou a tão cobiçada Liga dos Campeões. Para o quarto ano comandando o clube, Klopp sem dúvida vai atrás do título inglês.
A atuação dos Reds no mercado foi discreta, já que o time-base da temporada passada foi mantido. A palavra de ordem em Anfield era limpar a folha salarial, então gente como Sturridge (atacante, sem clube), Moreno (lateral-esquerdo, Villarreal), Bogdán (goleiro, sem clube), Mignolet (goleiro, Club Brugge) e Danny Ings (atacante, Southampton), entre outros, foram todos dispensados ou vendidos, e não veio ninguém conhecido (fora o veterano goleiro Adrián, que chegou de graça do West Ham).
Com um time absolutamente entrosado e cada vez mais lapidado em qualidade e jogo coletivo, o Liverpool vai brigar lá em cima o tempo todo, sem sombra de dúvida – e o primeiro desafio é ainda hoje (8), contra o Norwich, em Anfield. Vitória do Liverpool paga apenas 1,12 para 1 em Betfair.
As odds para o fim da temporada são bem baixas, dado o favoritismo do time. Se os Reds forem campeões, odds em 3,75 para 1, o que faz deles o segundo time mais bem-cotado. Se ficarem só no Top 4, patético 1,06 para 1, de tão provável.
Manchester City
Assim como o vice Liverpool, já falamos do Manchester City num outro post, e aqui vamos faremos um resumo rápido. O atual bicampeão da Premier League, como sempre, é mais uma vez favoritíssimo ao título, para surpresa de ninguém.
A temporada dos Citizens já começou com troféu depois que o time de Pep Guardiola venceu o Liverpool nos pênaltis na Supercopa da Inglaterra. Antes disso, porém, o clube azul de Manchester já havia deixado claro que suas ambições no mercado de transferências seriam limitadas, também por medo de represálias da UEFA através do Financial Fair Play (ainda mais tendo visto o que aconteceu com o também milionário Chelsea).
Discretos, os Citizens apenas venderam Delph (lateral-esquerdo, Everton) e Danilo (lateral-direito, Juventus), além de dispensarem o veterano capitão Kompany. De novidade para o primeiro time, vieram apenas o jovem Angeliño (lateral-esquerdo, PSV), João Cancelo (lateral-direito, Juventus) e Rodri (meio-campo, Atlético de Madrid).
Toda a nata que ajudou o time a faturar seu sexto troféu inglês em maio, porém, continua firme e forte com a camisa azul, e por conta disso as odds sobre o City são patéticas de tão baixas – ou seja, a moral está em alta. Se forem campeões, os Citizens garantem odds a 1,44 para 1 em Betfair. O Top 4 é de inacreditáveis 1,01 para 1.
Manchester United
De todos os clubes que estamos falando, talvez nenhum tenha deixado o torcedor mais desapontado que o Manchester United. A temporada passada foi ruim como a do Arsenal, o dinheiro disponível rivaliza com o do City, as ambições são dignas de Liverpool e Tottenham e, ao contrário do Chelsea, o FFP da UEFA não era um problema. Ainda assim, o gosto na garganta após o término do deadline day da Inglaterra é amargo.
Tirando Lukaku, vendido para a Inter de Milão aos 45 do segundo tempo por 75 milhões de libras (25 milhões a mais do que o time pagou para o Everton para tê-lo, lá em 2017), o United não lucrou mais nada com suas vendas, e viu gente como Ander Herrera (meia, PSG) e Antonio Valencia (latera-direito, LDU-Quito), entre outros jovens, irem embora de graça.
As contratações do United, por outro lado, deixaram muito a desejar. Quem esperava Paulo Dybala teve que se conformar com Wan-Bissaka (lateral-direito, Crystal Palace) e Harry Maguire (zagueiro, Leicester), que se tornou o zagueiro mais caro do mundo após o United adquiri-lo por (dizem) 87 milhões de euros, superando o caminhão de dinheiro (85,5 milhões de euros) pago pela Juventus ao Ajax para contar com a jovem estrela De Ligt. Bons nomes, inegável, mas pouco para um torcedor que se acostumou só com tudo do bom e do melhor.
Embora as ambições sempre sejam grandes em se tratando do maior campeão inglês de todos os tempos, as possibilidades realísticas são outras para os Red Devils. Com papos de elenco rachado e Solskjaer tendo vários problemas para resolver dentro e fora de campo, ninguém espera nada além de um quarto lugar para o United.
As odds em Betfair para título são bem altas até: 41 para 1, o quarto clube mais bem-cotado, empatado com o Arsenal. Se ficar no Top 4, algo bem mais palatável dada a situação de momento em Old Trafford, odds a 2 para 1.
Tottenham Hotspur
O Tottenham provavelmente é a maior incógnita entre os gigantes para a temporada que se inicia. Mesmo terminando 2018-19 sem títulos, os Spurs fizeram campanhas espetaculares e históricas, especialmente na UEFA Champions League, na qual foi finalista contra o Liverpool. O torcedor do time londrino talvez nunca tenha estado tão empolgado para um início de temporada nova como agora.
A atuação de mercado dos Spurs seguiu o padrão das suas últimas temporadas – ou seja, sem compras insanamente caras e badaladas, mas colocando as manguinhas de fora para trazer peças interessantes para um elenco já entrosado e talentoso. Os nomes fortes que chegam são o do meia Giovani Lo Celso, emprestado pelo Real Bétis, do meia Tanguy Ndombele, vindo do Lyon e do jovem Ryan Sessegnon, que veio do Fulham (em troca de Onomah).
Os grandes nomes dos Spurs continuam no norte de Londres, então o time vem, no mínimo, tão forte quanto na última temporada, que terminou numa excelente terceira posição (levando em conta o nível estratosférico de competitividade e qualidade dos dois primeiros, City e Liverpool). Mauricio Pochettino vai ter, de novo, muito material de qualidade com o que trabalhar.
As odds para um Tottenham campeão da Premier League são as terceiras menores: 21 para 1, atrás apenas dos já citados City e Liverpool, mas à frente dos rivais londrinos Arsenal e Chelsea e também do Manchester United. Chegada no Top 4 paga apenas 1,5 para 1, mais uma prova da força com a qual todo mundo enxerga o Tottenham.
Quem briga no meio da tabela
Falar em meio de tabela na Premier League é sempre complicado, porque a disputa do sétimo ao último é em geral embolada e complicada sempre.
Um dos que deve figurar na parte de cima da tabela, ao menos rondando a zona de Liga Europa, é o Everton, que abriu a carteira e gastou com alegria nesta janela de transferência. Vieram Iwobi (Arsenal), Kean (Juventus), Delph (Manchester City) e outros para compor um elenco já bem consolidado. As odds para vermos o Everton no Top 4 são de 15 para 1.
Leicester e Wolverhampton também contam com elencos interessantes – inclusive os Wolves enfiaram 4×0 fora de casa no Pyunik, da Armênia, pelas preliminares da Liga Europa, e ambos têm odds a 17 para 1 se ficarem no Top 4.
Mais quatro times devem compor o meio da tabela, ora brigando mais embaixo, ora mais acima: West Ham, Southampton, Watford e Bournemouth. Eles deram as caras ativamente no mercado e devem ter mais um ano de primeira divisão garantida ao final da temporada, se tudo correr como o esperado.
Quem briga contra o rebaixamento
Premier League é algo absolutamente imprevisível, como não cansamos de falar, mas dos 20 participantes, pelo menos sete começam a temporada com aquele jeitão de quem vai lutar para não cair, dado seus elencos e retrospectos nas últimas temporadas.
O Sheffield United volta à Premier League pela primeira vez em 12 anos, muito em parte graças ao seu dono, um príncipe saudita que começou a colocar dinheiro em toneladas no time a partir de 2013. Os Blades ficaram de 2011 a 2017 na terceirona inglesa e emendaram duas ascensões em seguida. Mesmo com tudo isso, o time não sabe o que é jogar no nível altíssimo do Campeonato Inglês desde 2007 e deve sofrer bastante, especialmente no começo.
O tradicionalíssimo Aston Villa está de volta à primeira divisão depois de uns bons anos também, mas corre o risco de se tornar o famoso “iô-iô” – mesmo caso do Norwich, atual campeão da Segunda Divisão, mas que também corre risco de voltar para lá ao fim da temporada.
Burnley, Newcastle e Brighton completam a lista de clubes que, segundo Betfair, têm a maior chance de acabarem rebaixados quando a temporada chegar ao fim.