A resposta para a pergunta no título é simples: não vimos um grande jogo. Talvez tenha sido um daqueles clássicos casos em que a expectativa estivesse tão alta que o resultado simplesmente não correspondeu à altura, mas parece mais provável, depois de termos tido dois dias para digerir os acontecimentos, que simplesmente foi uma partida de futebol mal jogada mesmo.
Vamos a seguir analisar com mais calma o que vimos dentro do Wanda Metropolitano de Madrid num jogo que colocou frente a frente dois ingleses pela primeira vez em 11 anos e viu o Liverpool faturar seu sexto título de UEFA Champions League, o primeiro desde aquela histórica final de 2005.
O cenário da final
Falamos longamente aqui sobre o caminho que ambos Tottenham e Liverpool percorreram para chegar até a finalíssima da Champions de 2019, e não precisamos nos alongar muito no assunto. Basta lembrar que os dois passaram por adversários e situações igualmente complicadas e ambos fizeram história chegando na final contra todas as previsões iniciais.
Independentemente de qualquer coisa, não é possível ser inocente e achar que os dois chegaram em pé de igualdade – o Liverpool era o franco favorito. A campanha dos Reds ao longo da temporada, especialmente na Premier League, era amplamente superior à dos Spurs, que ainda assim não fizeram feio nem na Inglaterra e muito menos na competição continental.
O histórico de confrontos diretos também falava totalmente a favor do Liverpool. Nos últimos 14 jogos disputados entre eles, foram nove vitórias dos Reds e apenas uma dos Spurs. Na temporada que acabou de acabar, duas vitórias para o time de Klopp pelo Campeonato Inglês.
O jogo
Vamos ao que interessa então: os 90 minutos em Madrid. O Liverpool precisou literalmente apenas do primeiro lance para sair na frente. Após lançamento de Mané, a bola resvala no braço de Sissoko e o juiz marca pênalti, sem sequer consultar o VAR – para surpresa e revolta de alguns. O mesmo Salah que havia sido lesionado por Sergio Ramos na final do ano passado pegou a bola, bateu com categoria e pôs o lado vermelho do duelo na frente, mesmo com Lloris quase triscando na pelota.
O que se viu dali em diante parecia um duelo típico de Premier League mesmo, com os dois times disputando a posse de bola ferozmente, o Tottenham tentando pressionar para chegar ao empate (sem muita eficiência, porém) e o Liverpool respondendo com perigo, forçando o goleiro dos Spurs a fazer pelo menos três boas defesas só no primeiro tempo. Ainda assim, um duelo com qualidade abaixo do esperado.
Depois do intervalo o Tottenham tentou continuar pressionando, mas sem muito sucesso, ao menos até os 10 minutos finais. Foi só na casa dos 35 do segundo tempo que os londrinos realmente levaram perigo ao gol de Alisson, que não deixou entrar nenhuma. Talvez se tivesse mantido mais pressão, o empate tivesse vindo para os Spurs. O problema foi que, aos 43, num escanteio para o Liverpool, Origi pegou a sobra do bate-rebate e chutou bonito. 2×0 e fim de papo.
Klopp escreveu seu nome na história – finalmente!
A sorte havia sido consideravelmente ingrata com Jürgen Klopp desde que o treinador despontou como um dos grandes nomes entre os técnicos na Europa. Foram seis finais de mata-mata até que o alemão conseguisse sair da fila, mas ninguém pode dizer que ele não fez isso com estilo – ganhando a maior competição de clubes do continente, quiçá do mundo.
Palmas para Klopp, pelo trabalho de três anos ininterruptos nos Reds até conquistar a primeira glória, mas também para Mauricio Pochettino, que fez um trabalho fantástico à frente do Tottenham a temporada inteira e levou um elenco com 0 contratações novas a uma final europeia inédita. A derrota pesa e machuca, claro, mas pode ser apenas um pequeno tropeço numa história que tende a ascender cada vez mais.
O duelo do último sábado talvez não possa ser chamado de histórico, mas certamente vai ser para sempre lembrado com carinho pelo torcedor dos Reds.