O mundo do futebol vai parar amanhã para acompanhar uma das finais de UEFA Champions League que promete ser das mais espetaculares de todos os tempos. Liverpool x Tottenham se enfrentam no estádio Wanda Metropolitano de Madrid na primeira final totalmente inglesa desde 2008, valendo título inédito para os Spurs e o sexto para os Reds.
A seguir vamos falar um pouco sobre a trajetória desses dois clubes dentro da própria Champions League e da temporada de maneira geral, analisar o desempenho de cada e tentar palpitar sobre quem vai obter a glória máxima do futebol europeu em 2019, levando o troféu mais cobiçado do continente para casa.
Tottenham: o caminho até a final
Mauricio Pochettino está fazendo um belíssimo trabalho no norte de Londres. A campanha de Premier League do Tottenham não foi ruim, terminando em quarto lugar e garantindo vaga na próxima Liga dos Campeões ganhando ou perdendo a final deste sábado (1). Ainda assim, o time em nenhum momento conseguiu liderar o Campeonato Inglês – o mais alto que chegaram foi o segundo lugar, e por uma única rodada.
O desempenho espetacular dos Spurs foi mesmo na Liga dos Campeões, não há o que discutir. A palavra aqui é superação, já que o Tottenham caiu num dos grupos mais difíceis, jogando contra Barcelona, Inter de Milão e PSV. Os dois primeiros jogos (Inter na Itália e Barça na Inglaterra) acabaram em derrotas amargas, e o terceiro, contra o PSV na Holanda, em empate. Parecia o fim da linha.
Os jogos de volta viram o Tottenham acordar e reagir de maneira espetacular, sempre com emoção até o fim. O duelo contra o PSV em Londres estava 1×0 para o time de Eindhoven até os 33 minutos do segundo tempo, quando Harry Kane empatou. Sabendo que o empate era a eliminação, os Spurs pressionaram e viram o mesmo monstro Kane marcar o gol da virada aos 44.
Também não faltou drama no jogo seguinte, quando o Tottenham recebeu a Inter no Wembley num jogo de vida ou morte. Até um empate era interessante para os italianos, mas os ingleses tanto apertaram que, aos 35 do segundo tempo, Eriksen fez o único gol da partida.
O jogo seguinte terminou em empate por 1×1 com o Barcelona no Camp Nou, no primeiro dos vários milagres de Lucas Moura com a camisa branca dos londrinos. Como a Inter empatou com o já eliminado PSV, os Spurs passaram no terceiro critério: gols fora. Tá bom ou quer mais?
O mata-mata
Nas oitavas de final, um Borussia Dortmund que não assustou em nenhum momento e foi eliminado com placar agregado de 4×0. As emoções pra valer estavam guardadas para as quartas, quando o adversário seria ninguém menos do que o futuro campeão inglês, Manchester City. Em dois jogos dos quais ninguém vai se esquecer tão cedo, os londrinos saíram na frente vencendo o jogo de ida por 1×0.
A volta, em Manchester, foi um dos maiores espetáculos de futebol que já se viu na história, terminando em 4×3 para o City, o Tottenham avançando por conta dos gols fora, placar já em 3×2 com 20 minutos de jogo, gol salvador dos Citizens anulado por VAR no fim dos acréscimos e acesso às semis para os Spurs. Histórico e inesquecível.
As semifinais não foram menos dramáticas e colocaram frente a frente dois dos times mais queridos da edição da competição, Tottenham e Ajax. Os holandeses haviam passado em segundo no grupo que teve o Bayern de Munique líder e eliminaram pesos-pesados no mata-mata: Real Madrid e Juventus, em dois jogaços incríveis fora de casa. Na hora de enfrentar o Tottenham, porém, o Ajax de certa forma provou do próprio veneno.
O jogo em Londres acabou com vitória holandesa por 1×0. O jogo na Amsterdam Arena, porém, levou às lágrimas muita gente na arquibancada – de tristeza do lado do Ajax, de alegria do lado do Tottenham. Os holandeses abriram 2×0 no primeiro tempo e tinham a vaga mais do que encaminhada.
Foi no segundo tempo que brilhou a estrela, de novo, de Lucas Moura. Substituindo o lesionado Harry Kane, o brasileiro, que havia passado o primeiro tempo em branco, fez dois gols quase seguidos, aos 10 e aos 14 da etapa final. O Ajax se segurou, foi pra cima com coragem e teve chances de matar o jogo, mas não o fez. No minuto final dos acréscimos, aos 45+6, os Spurs arrumaram uma jogada coletiva linda e viram Lucas, mais uma vez, criar um ângulo impossível e meter nas redes. Inacreditável.
Pela primeira vez na história, o Tottenham estava numa final de Liga dos Campeões da Europa.
Liverpool: o caminho até a final
Se a trajetória do Tottenham até a final foi recheada de emoção, menos não pode ser dito do Liverpool. Para começo de conversa, o time fez não apenas sua melhor campanha no Campeonato Inglês em quase 30 anos, como estabeleceu um novo recorde de melhor vice-campeão de todos os tempos. O título escapou por meros detalhes, já que o Manchester City fez um único pontinho a mais.
Na Liga dos Campeões, o sorteio foi ingrato com os Reds, que caíram no talvez mais complicado de todos os grupos, com Napoli, PSG e Estrela Vermelha. O começo foi excelente, com uma vitória sobre o PSG em Anfield, mas em seguida o Liverpool perdeu por 1×0 para o Napoli, na Itália. O jogo contra o Estrela Vermelha, na Inglaterra, foi o mais sossegado, terminando em 4×0 para os donos da casa.
Veio o returno…
Se tudo foi bem na ida, o mesmo não pode se dizer da volta. A visita do Liverpool a Belgrado acabou em derrota por 2×0 e, em Paris, vitória dos franceses por 2×1. O jogo final, contra o Napoli dentro do Anfield, era de vida ou morte. Qualquer vitória italiana ou empate eliminavam os Reds. O jogo foi dramático, truncado e acabou em 1×0 para o Liverpool com gol de Salah. O PSG foi o primeiro enquanto que, empatados em pontos e saldo de gols com o Napoli, o time inglês passou por ter o melhor ataque.
O mata-mata
O primeiro adversário dos Reds foi ninguém menos que o gigante Bayern de Munique. Após um primeiro empate em 0x0, em Liverpool, o jogo foi para a Allianz Arena, e foi lá que os Reds começaram a provar que eram o time a ser temido na temporada. A vitória por 3×1 fora de casa calou a torcida Bávara. Nas quartas de final, aguardava o azarão Porto. Com todo respeito aos portugueses, mas foi o jogo sem surpresas daquela fase, com placar agregado de 6×1. O Liverpool estava nas semis.
Era chegada a hora do grande desafio. Pela frente, ninguém menos que o Barcelona de Lionel Messi. O jogo no Camp Nou foi um massacre, 3×0 para o Barça e com o Liverpool amassado, tendo podido tomar o quarto e o quinto não fosse o desleixo de Dembélé. Esses gols viriam fazer muita falta, como os catalães estava prestes a descobrir.
O jogo da volta no Anfield foi daqueles que faria até extremistas do ISIS ficarem com medo da pressão da torcida. Aliás, os torcedores do Liverpool sempre foram e continuam sendo o 12º jogador em campo, e nunca isso ficou tão claro como naquele duelo. Origi abriu o placar no primeiro tempo, mas o Barça se fechou e levou o resultado ainda favorável para o intervalo.
No segundo tempo, o “You’ll Never Walk Alone” berrado a plenos pulmões das arquibancadas serviu de gasolina aditivada para os motores vermelhos, que exerceram pressão e, jogaram com foco e inteligência raramente vistos dentro das quatro linhas. Com o irrepreensível Wijnaldum vieram o segundo e o terceiro gols, mas o Liverpool não queria correr o risco de jogar prorrogação e pênaltis. Num escanteio antológico, Alexander-Arnold enganou a defesa do Barcelona, os torcedores, locutores, jornalistas e todo mundo mais que você possa imaginar e deu um gol feito para Origi.
Explode o Anfield. Pela primeira vez em 12 anos, Liverpool numa final de UEFA Champions League.
O que esperar da grande final
Só alguém muito iludido para não saber que o Liverpool é franco favorito no confronto. Para começo de conversa, a história fala a favor dos Reds e seus 5 títulos. A campanha do time dentro da Premier League foi avassaladora, e o próprio Tottenham provou do veneno vermelho nos dois turnos, perdendo ambos os jogos dentro e fora de casa por 2×1.
O Liverpool de Jürgen Klopp joga colocando pressão absurda em cima do adversário, num estilo que o próprio treinador alemão gosta de chamar de “futebol heavy metal”. O Tottenham, porém, tem um excelente time, e já provou quantas vezes fossem necessárias que sabe lidar com adversários teoricamente superiores. Não é um time a ser subestimado.
As odds são favoráveis ao Liverpool, que conta com números de 1,88 para 1 em Betfair se ganhar no tempo normal. Se o troféu for para os Reds, independente se no tempo normal, prorrogação ou pênaltis, as odds caem para 1,5 para 1. Vitória do Tottenham no tempo normal, por sua vez, paga belos 4,2 para 1. Se os Spurs forem campeões fora do tempo regulamentar, odds a 2,62 para 1.
Um grande jogo aguarda, isso é certeza!