A programação desta semana reservava um post com o que aconteceu nos jogos de volta das semifinais da Champions League apenas na quinta-feira. Mas é óbvio que este 4 a 0 do Liverpool contra o Barcelona exige uma arregaçada de mangas para tentar descrever o indescritível.
O Liverpool estava sem seu melhor jogador de frente e tinha levado um 3 a 0 na ida, que poderia ser mais não fosse o desleixo de Dembele.
Não vou ficar descrevendo lance a lance o que aconteceu além dos próximos dois parágrafos. O jogo foi para o intervalo com 1 a 0 e o Barcelona perdendo chances. No segundo, domínio dos reds, que fez o Barça desmoronar no 2 a 0 e logo abrir o terceiro.
O quarto veio no escanteio mais icônico da história. Você vai lembrar para sempre a pegadinha do Mallandro de Alexander-Arnold que Origi aproveitou.
A verdade é que por mais elástico que seja e pela pena que podemos sentir por Messi, que deixou companheiros na cara, mas falhou um gol que não podia e se ausentou no segundo tempo, tudo foi merecidíssimo. Aliás, estamos falando do melhor prêmio de consolação da história.
Os Deuses do futebol deram essa para o Liverpool
Apenas um dia depois do zagueiro Kompany acertar um chute no ângulo que basicamente deu o título para o Manchester City, ficou claro que a pena de perder o título inglês era demasiada para o Liverpool.
Mesmo tendo vencido uma Champions League inacreditável em 2004/05, algo que o City só pode sonhar, o time da terra dos Beatles não conquista o campeonato inglês desde 1989/90.
Desde que a Premier League começou, o Liverpool não conseguiu algo que Blackburn e Leicester conseguiram e que os novos ricos Chelsea e City empilham. O Manchester United, com sua dominância na era Alex Ferguson, passou o Liverpool em número de conquistas domésticas.
Por isso tudo, ter 94 pontos com uma rodada faltando e vitórias da 30ª até a 37ª rodada, e mesmo assim provavelmente perder por um ponto para o City de Guardiola parece até uma sacanagem divina.
Depois do 3 a 0 levado na ida em Barcelona, parecia que nada sobraria no colo de Jurgen Klopp, cujo trabalho é além de fantástico, mesmo sem um mísero título até o momento. Eis que hoje veio o “prêmio de consolação”: a vaga na final europeia, onde será favorito independente do adversário, e uma possível sexta taça continental.
Essa sexta vai tirar os ingleses do grupo dos 5 que tem o próprio Barcelona e o Bayern de Munique e os deixa a uma do Milan, segundo maior vencedor da competição. Klopp já perdeu duas finais, uma com o Borussia Dortmund e a outra no ano passado. Essa “consolação” é basicamente um abraço de uma top model em um cruzeiro nas ilhas gregas com 2 bilhões de libras no bolso.
O Barcelona precisa renovar
Quando o Barcelona venceu a final da Champions em Wembley contra o Manchester United, sua quarta conquista, o time tinha Valdés, Piqué, Busquets, Xavi, Iniesta, Messi e Pedro de revelados no clube em seu 11 titular. Mais da metade. No banco ainda tinha Puyol no fim, Bojan e Thiago Alcântara, além de Pep Guardiola, revelado na base como jogador e também como treinador.
Quatro anos depois, em mais uma final conquistada, a equipe já tinha um ar mais de mercenários contratados para matar. Ter Stegen estava no gol, Suárez tinha acabado de chegar e Neymar estava no seu auge.
Hoje, em Anfield, nós vimos que a principal essência do Barcelona se foi. Desde a final em 2011, apenas Sergi Roberto foi “revelado” e tem relevância no atual elenco do Barcelona. O estilo de jogo também não é algo claro, dependendo muito mais do talento de Messi que de qualquer facilidade imposta por um sistema, algo que o Liverpool tem muito bem implantado.
O que o time inglês faz com sua pressão incansável na saída de bola e movimentação constante dos três dianteiros resulta na melhora de jogadores que até foram deixados de lado em outros times, como Salah.
Depois de duas eliminações vergonhosas após criar uma vantagem o Camp Nou, é difícil precisar se Ernesto Valverde continuará. Piqué e Busquets já não são os mesmos, Alba foi péssimo ontem e o meio do campo com Rakitic, Vidal além de Busquets foi completamente engolido. Dembele e Philippe Coutinho fizeram o dinheiro de Neymar ser jogado no lixo.
Frenkie de Jong, do Ajax, já chegará como uma das peças fundamentais do futuro. Mas o Barcelona precisa de mais e é necessário que volte a olhar para sua cantera (categoria de base), que simplesmente secou nos últimos anos.