O começo do ano costuma ser o auge da disputa das temporadas europeias, uma vez que já deu tempo de todos os times se entrosarem (teoricamente) e a situação de cada um em suas respectivas tabelas é mais clara – para bem ou para mal.
Ao mesmo tempo, ainda é cedo o suficiente para que muitos times possam disputar tanto o título quanto as vagas nas competições europeias – e, é claro, tentar escapar de um potencial rebaixamento.
Por trás de cada um desses times, é claro, existe um treinador, que pode tanto ter acabado de chegar para suprir uma demissão de meio de temporada como pode também estar lá há vários anos, lutando para formar uma equipe competitiva.
Selecionamos 10 dos técnicos do futebol europeu que julgamos estar fazendo o melhor trabalho, levando em conta a situação do time no campeonato nacional (e eventualmente na Liga dos Campeões também), seus recursos disponíveis e as expectativas no começo da temporada.
10. Sergio Conceição (Porto)
Nosso décimo colocado pode ser uma surpresa por estar na lista, já que o Campeonato Português não é lá sinônimo de altíssima qualidade. Ainda assim, Sergio Conceição merece estar no top-10 pelo trabalho que tem feito à frente do time do Porto, líder isolado da Primeira Liga.
Técnico dos Dragões desde 2017, o treinador português já havia levantado duas taças do campeonato português enquanto jogador (1996-97 e 1997-98) e conquistou mais uma, dessa vez como técnico, logo na sua primeira temporada (2017-18). Não bastasse, Conceição classificou o Porto em primeiro lugar no seu grupo da Liga dos Campeões, que vai enfrentar a Roma nas oitavas de final – poderia ser bem pior, não?
9. Christophe Galtier (Lille)
Galtier pode ser um nome estranho para muitos, mas está fazendo um trabalho incrível à frente do humilde Lille no Campeonato Francês
Mais um nome que pode surpreender por estar na lista, mas a verdade é que Galtier está fazendo um trabalho excepcional à frente do Lille, atual vice-líder do Campeonato Francês. Vale dizer, aliás, que a Ligue Un é aqueles casos em que o segundo lugar praticamente vale um título, já que dificilmente o campeão muda (mesma coisa que geralmente acontece na Itália e na Alemanha). Além do mais, claro, o vice ganhar acesso direto à fase de grupos da Liga dos Campeões.
Não é vergonha nenhuma estar atrás apenas do multimilionário e estrelado PSG, portanto o ex-zagueiro francês Galtier, que venceu gente como Olympique de Marseille (nos dois turnos), tem jogador disputando artilharia do campeonato (Nicolas Pépé, com 16 gols) e o segundo melhor ataque do Francês certamente merece estar aqui na nossa lista!
8. Nuno Espírito Santo (Wolverhampton)
Se os dois nomes anteriores não te fizeram dar uma arregaladinha que fosse nos olhos, com certeza o português Nuno Espírito Santo na oitava posição fará! Como pode um técnico de time pequeno da Inglaterra estar no nosso Top 10 da Europa? Respondo: fazendo uma campanha histórica tendo vindo direto da segunda divisão inglesa!
O treinador português saiu do Porto em 2017 para chegar aos Wolves, que amargavam uma sequência de seis temporadas na segundona, e ser campeão da Championship logo na seu primeiro ano por lá.
Na temporada atual, os Wolves fazem a melhor campanha fora do grupo do Top-6 inglês, composto apenas por gigantes e/ou milionários e, inclusive, estão dando trabalho para eles – vide as vitórias sobre Chelsea e Tottenham e empates com Arsenal e Manchester City. Uma campanha digna de aplausos de Espirito Santo e seus comandados.
7. Dieter Hecking (Borussia Mönchengladbach)
Assim como falamos dos campeonatos Francês e Italiano, a Bundesliga alemã se tornou um campeonato um tanto quanto chato e previsível nos últimos anos, já que o mesmo time (o Bayern) ganha o troféu ano após ano – até a temporada atual, pelo menos.
O Borussia Mönchengladbach de Dieter Hecking ocupa a segunda posição do Campeonato Alemão, atrás apenas do xará Borussia Dortmund e, surpreendentemente, à frente do todo-poderoso Bayern de Munique. Aliás, no jogo do primeiro turno, o Gladbach atropelou os Bávaros por 3×0 em plena Allianz Arena, para choque de todos.
Vitórias também contra times da parte de cima da tabela, como Eintracht Frankfurt e Bayer Leverkusen ajudaram, e eis o Borussia Mönchengladbach em segundo na liga, com a melhor defesa do campeonato! O técnico Dieter Hecking, à frente da equipe desde 2016, tem mais do que motivos para estar na nossa sétima posição.
6. Massimiliano Allegri (Juventus)
Falar da qualidade técnica, peso da camisa (e dinheiro também, vai) da Juventus é chover no molhado. Não é qualquer time do mundo que tira Cristiano Ronaldo do Real Madrid e pega para si, e só por isso Allegri já mereceria um lugarzinho na nossa lista – mas o técnico italiano vai muito além.
É verdade que a Juventus tem dominado a Serie A italiana há oito anos e o campeonato já não é o que foi um dia, mas não se pode tirar o mérito de um time e um treinador que mantém esse nível tão alto de futebol por tanto tempo – afinal, Allegri é o treinador da Velha Senhora desde 2014, e já havia sido campeão italiano com o Milan em 2010-11. No meio do caminho, duas finais de Champions League “de brinde”.
Allegri sem dúvida merece a sexta posição da lista não só pela história à frente da Juve, mas pelo trabalho consistente que apresenta na temporada atual também – afinal, a Velha Senhora é líder invicta do Campeonato Italiano, tem a melhor defesa e o segundo melhor ataque.
5. Thomas Tuchel (PSG)
Chega a ser engraçado pensar que o jovem técnico alemão Thomas Tuchel era um zé-ninguém há apenas 10 anos, quando tinha começado a treinar o humilde Mainz 05, recém-promovido da segunda divisão da Bundesliga. Em 2019, o treinador é o comandante do Paris Saint-Germain e já tem no currículo uma Copa da Alemanha com o Borussia Dortmund e uma Supercopa da França na sua primeira temporada com o PSG – a atual.
Tuchel chegou para substituir Unai Emery, que foi para o Arsenal depois de conquistar quatro copas nacionais e um campeonato francês com o PSG. Sob seu comando, atletas como Buffon, Mbappé, Di Maria e Neymar, entre outros, fazem inveja a qualquer clube no mundo. Na Ligue Un, o time parisiense é líder isolado, tem o melhor ataque e a melhor defesa – honestamente, é difícil imaginar qualquer outro sendo campeão. Nada mal para a primeira temporada do alemão na capital francesa!
4. Pep Guardiola (Manchester City)
Não há o que discutir: Pep Guardiola é o técnico mais badalado dos últimos tempos e praticamente criou um novo estilo de jogo – o famoso tiki-taka, símbolo do Barcelona sob seu comando e que foi, de certa forma, pego emprestado pela Seleção da Espanha campeã do mundo em 2010.
Levando em conta a aposentadoria de medalhões como Sir Alex Ferguson e Arsène Wenger e o declínio de treinadores rivais (José Mourinho, Rafa Benitez, etc.) nos últimos anos, dá pra dizer que Guardiola tomou conta de vez do primeiro escalão do futebol europeu – e sua geração em si parece ter se tornado a nova cara dos técnicos de sucesso no Velho Continente.
Alguns podem dizer que o treinador espanhol gosta de pegar times prontos e simplesmente vencer tudo com eles (Barcelona, Bayern de Munique e agora o City) – e não estariam errados – mas isso não tira o brilho do trabalho de Guardiola, que sempre foi campeão de tudo o que ganhou – quero dizer, de que adianta pegar timaços para treinar se você não mantém o alto nível quando chega?
Atual campeão inglês e quebrador de recordes com os Citizens, Guardiola só está em quarto na nossa lista porque os três primeiros colocados fazem campanhas absolutamente excepcionais sem ter o elenco (tão) caro como o do Manchester City – ou ao menos sem a mesma fonte aparentemente inesgotável de dinheiro vindo dos Emirados Árabes.
3. Lucien Favre (Borussia Dortmund)
Favre é um dos nomes menos conhecidos da lista e, ainda assim, é líder da Bundesliga com o Borussia Dortmund – e na sua primeira temporada à frente do time auri-negro da Alemanha.
Mais velho dos dez listados, o treinador de 61 anos começou sua carreira como técnico de maneira discreta na Suíça, seu país-natal, e chegou ao Campeonato Alemão em 2007 para treinar o Hertha Berlin. Depois foi para o Borussia Mönchengladbach, onde ficou de 2011 a 2015. Após breve passagem pelo Nice, da França, entre 2016 e 2018, o suíço foi chamado pelo Dortmund para substituir Thomas Tuchel após este ter ido para o PSG. Foi amor à primeira vista.
Sob o comando de Lucien Favre, o Borussia faz uma campanha histórica e caminha a passos largos para o título da Bundesliga, que não conquista desde 2011-12 (todos os troféus dali em diante foram para o Bayern de Munique). Os 15 primeiros jogos do campeonato foram de invencibilidade para os auri-negros, incluindo aí vitórias sobre RB Leipzig, Bayer Leverkusen, Bayern de Munique e o odiado rival Schalke 04.
Mesmo depois de perder seu único jogo até agora, o Borussia segue isolado na liderança e é dono do ataque mais letal da competição. Para um técnico recém-chegado, praticamente desconhecido e com quase nenhuma glória no passado, Favre está fazendo um trabalho mais do que fantástico.
2. Jürgen Klopp (Liverpool)
Falando em Borussia Dormtund, Jürgen Klopp mal sabia (ou será que sabia?) que deixar o clube alemão para trás significaria se tornar um dos mais badalados técnicos da Inglaterra, cujo campeonato nacional se estabeleceu como o mais competitivo do mundo. Mais do que isso, Klopp pode estar prestes a se tornar o treinador que tirou o Liverpool de uma seca de quase 30 anos sem levantar o troféu inglês.
Desde sua chegada no clube, em 2015, o técnico alemão passou por momentos difíceis, viu-se terminando atrás dos campeões Leicester, Chelsea e Manchester City, além de ter chegado à final da última Liga dos Campeões da Europa como quem não quer nada, mas perdido após uma batalha duríssima travada com o Real Madrid. Até então, Klopp era um bom técnico, mas só isso.
Foi só quando chegou a temporada 2018-19 que o técnico alemão mostrou a que veio. Conforme ele mesmo havia prometido, lá em 2015, seriam necessárias ao menos três temporadas para montar um time preparado para ganhar títulos.
Talvez este momento tenha chegado, visto que os Reds estão em segundo na Premier League, empatados com o Manchester City em número de pontos, mas com um jogo a menos. Agora é ver se Klopp e seu time têm folego para voltar à liderança e levantar o troféu da liga mais disputada do continente lá em maio.
1. Ole Gunnar Solskjær (Manchester United)
Solskjær tirou o Manchester United da lama e está levando de volta à glória
Nosso primeiríssimo colocado pode não ser o que você esperava – afinal, estamos falando de um time gigante que não sabe o que é estar acima da quinta posição na tabela praticamente desde que o campeonato começou – mas para mim, Solskjær é o técnico que está voando mais alto na Europa no momento.
O que difere o ex-atacante norueguês de todos os outros técnicos da nossa lista é que ele pegou um Manchester United em frangalhos, detonado mentalmente e caindo pela tabela rodada após rodada, graças aos fracassos consecutivos e teimosia insustentável de José Mourinho.
Assim que o Special One caiu e Solskjær assumiu os Red Devils, o time voltou a jogar bem como que num passe de mágica. O Pogba sumido e birrento deu lugar a um dos melhores meias do mundo; Alexis Sánchez voltou a fazer gols; Marcus Rashford entrou em fase espetacular; De Gea voltou a provar que é o melhor goleiro do mundo e até atletas contestados como Lingard e Lukaku passaram a fazer bons jogos.
A parte trágica da história, podemos dizer, é o fato de o norueguês ser apenas um interino, já que o United deixou claro que pretende contratar um treinador de grande nome quando a temporada terminar (Zidane é o sonho-mor da torcida). Ainda assim, os oito jogos invictos (sete vitórias e um empate) na Premier League não serão esquecidos tão cedo. Assim como fazia em campo, Solskjær parece que saiu da reserva e veio resolver os problemas do clube no momento de desespero. Topo da lista pra ele!