Um é o atual campeão da UEFA Champions League, o outro é bicampeão da Premier League e detentor de recordes impressionantes na competição, além de ter ganhado também a Copa da Inglaterra. Liverpool e Manchester City passaram a temporada passada se digladiando de forma espetacular em todas as competições que participaram, e o mesmo deve ser visto agora em 2019-20.
No último sábado a Inglaterra viu seu tradicional jogo de abertura de temporada, a Community Shield (ou Supercopa da Inglaterra), que coloca frente a frente o campeão da Premier League contra o campeão da FA Cup. No caso de 2019, o mesmo time havia vencido ambas as competições (o City), então coube ao Liverpool, vice-campeão inglês, fazer as honras de disputar o primeiro troféu da temporada com os Citizens.
O que se viu foi uma partida bem equilibrada e que terminou num 1×1 justo. Nos pênaltis, 5×4 em favor do City por conta da defesa de Claudio Bravo na cobrança de Wijnaldum e título para o time de Manchester. Embora tradicional, a partida não tem lá muita importância, mas serve como metáfora para falar o que foi a temporada passada e como deve ser a atual: equilibrada, em alto nível e disputada nos detalhes, que é onde mora a diferença entre a glória e o fracasso.
Já falamos sobre como deve ser a temporada do Chelsea, e agora é a vez de Citizens e Reds!
Liverpool
Vencer uma Liga dos Campeões não é para qualquer um e isso não precisa nem ser dito. O Liverpool faturou sua sexta orelhuda (primeira em 14 anos), saiu da fila de troféus importantes e consagrou de vez, entre outros, nomes como Wijnaldum, Salah, Van Dijk, Mané e Firmino, além do técnico Jürgen Klopp.
A Premier League não veio por detalhes, mas a campanha foi tão excepcional que o Liverpool se tornou o melhor vice-campeão de todos os tempos. O título ficou com o City, é verdade, mas a história vai sempre se lembrar da temporada 2018-19 como uma corrida acirrada entre dois times espetaculares, decidida no último metro da última reta.
Mas o passado é o passado e, já campeão da Champions, cabe agora aos Reds se preocuparem com a temporada que começa na próxima sexta (9), quando o próprio Liverpool abre o novo campeonato jogando contra o recém-promovido Norwich dentro do Anfield.
A preparação de qualquer time começa nos atletas que chegam e saem do time, e nesse aspecto o Liverpool vai no caminho oposto da maioria dos rivais até agora: o time base é o mesmo. De nomes conhecidos, apenas saem Daniel Sturridge, Alberto Moreno e Danny Ings, além dos goleiros Bogdán e Mignolet, enquanto que de chegadas relevantes, apenas o veterano goleiro Adrián (que veio grátis) e o garoto Sepp van den Berg, de 17 anos, que veio do Zwolle-HOL.
Se a ideia de Jürgen Klopp é não mexer em time que está ganhando, parece que este é de fato o caminho a ser tomado. Em poucos dias vamos começar a ter noção do que os Reds poderão aprontar na temporada e descobrir se, finalmente, a fila de vencer o Campeonato Inglês, que se arrasta desde 1990, termina.
Manchester City
Dá para dizer que City e Liverpool faturaram cada um o troféu mais cobiçado pelo outro. O time de Manchester faturou quatro dos seis títulos ingleses da sua história só na última década, mas até hoje não conseguiu um trofeuzinho europeu para contar a história. O Liverpool, como dissemos, tem seis Champions, mas está há 30 anos sem vencer o Campeonato Inglês. Ironias do mundo do futebol.
A campanha do Manchester City na última Premier League foi absolutamente sensacional, terminando apenas um pontinho a frente do Liverpool. É verdade que a campanha de 2017-18 foi ainda melhor, mas não impediu o City de conquistar sua segunda Premier League consecutiva.
A frustração de Pep Guardiola e seus comandados, porém, é ter caído na UEFA Champions League mais uma vez. No caso da temporada passada, a eliminação veio nas mãos do rival local Tottenham depois de um jogo espetacular e inesquecível, digno dos anais eternos do futebol.
Assim como o Liverpool, as mudanças de elenco até agora foram poucos, o que quer dizer que a fortíssima espinha dorsal do time azul está mantida. De mais importante, o torcedor Citizen se despede do herói Vincent Kompany, que volta para a Bélgica, de Fabian Delph, novo reforço do Everton e de Danilo, que foi para a Juventus. De chegada, os únicos nomes fortes são os de Rodri, meia vindo do Atlético de Madrid e de João Cancelo, lateral-direito português que veio da Juventus.
Como o que importa é o amanhã, o City se prepara para tentar algo que não acontece há 10 anos: ser tricampeão inglês consecutivo. Para atiçar ainda mais a vontade do time azul, o último (e único) time a fazer isso foi seu arquirrival Manchester United – uma vez entre 1999 e 2001 e outra entre 2007 e 2009. Se quiser chegar lá, o City terá trabalho pela frente. O sonho-mor, porém, continua sendo a UEFA Champions League, e a temporada que se inicia pode ser a dos sonhos do City.
Mas afinal, quem é melhor então?
Com a base de ambos os times mantidas, é difícil fazer uma previsão certeira. Os dois clubes possuem elencos excepcionais, titulares de nível mundial, reservas de luxo, jovens cheios de talento e vontade de se provar e até peças de reposição de qualidade. Vale dizer que hoje (8) ainda é o último dia de transferências no mercado inglês, então ambos podem apresentar novidades de última hora, grandiosas ou não.
O City ganhou fama de grande gastador, mas o Financial Fair Play (FFP) da UEFA pode cobrar seu preço do time e parece que os donos resolveram pisar um pouco no freio. O Liverpool, por sua vez, já fez algumas loucuras com dinheiro recentemente, mas parece ter aprendido com Klopp a extrair o máximo de cada peça que obtém e por preços justos.
As odds em Betfair apontam os dois times como favoritíssimos para conquistar a Premier League e ficar entre os quatro melhores. Título do Liverpool paga 3,75 para 1, enquanto que troféu mais uma vez com o City paga apenas 1,44 para 1 – é o time mais bem-cotado, com os Reds em segundo. Na composição do Top 4, o City aparece na liderança das odds com ridículos 1,01 para 1 e o Liverpool, novamente, em segundo, com 1,06 para 1.
Em qualidade técnica, empate. Em ambição, empate. Na final da Supercopa, empate. Como dissemos lá no começo, o que vai decidir são os detalhes.