Fim de temporada na Premier League: o que vimos em 2018-19

Uma das temporadas mais acirradas e de alto nível de todos os tempos na Premier League chegou ao fim com o capitão Vincent Kompany levantando seu quarto troféu de campeão com o Manchester City – o sexto da história do clube. Mas indo além da glória dos Citizens, o que mais chamou a atenção nessa temporada tão especial do Campeonato Inglês?

Recorde de gols de todos os tempos

A primeira coisa que vale a pena citar é que a temporada 2018-19 se tornou a recordista de número de gols marcados em todos os tempos. O número de 1066 gols, estabelecido em 2011-12 (quando o City faturou seu primeiro troféu da era moderna) foi superado na última rodada. O novo recorde a ser batido é de 1072 tentos.

Aliás, falando em gols marcados, pela primeira vez em 20 anos a artilharia do campeonato acabou dividida não por dois, mas por três atletas diferentes. Mohamed Salah não marcou pelo Liverpool na última rodada, mas ambos Sadio Manè (também do Liverpool) e Pierre-Emerick Aubameyang (Arsenal) anotaram duas vezes e empataram com o egípcio em 22 gols cada. Troféu de Chuteira de Ouro para três africanos, merecidamente.

Herói debaixo das traves

A primeira temporada de Alisson Becker no Liverpool não acabou em título de Premier League, mas já foi histórica

O brasileiro Alisson foi contratado pelo Liverpool junto à Roma para solucionar o maior problema do time, podemos dizer, desde que o auge de Pepe Reina ficou para trás: um goleiro que fosse do nível do resto do time.

Com a chegada de Alisson, o Liverpool aliou um ataque destruidor responsável por 89 gols (atrás apenas dos 95 do campeão Manchester City) com sua defesa mais sólida em toda a era moderna da Premier League, sofrendo apenas 22 gols. Alisson se tornou, em sua primeira temporada, o goleiro menos vazado do campeonato. Luva de Ouro para o brasileiro, que obteve 21 clean sheets.

Os grandes destaques

Sem gastar um centavo sequer em reforços, o Tottenham se garantiu na Champions do ano que vem, está final na deste ano e, de brinde, ficou de novo na frente do rival mortal Arsenal

Sem dúvida que o Liverpool fez uma temporada maravilhosa (e ainda pode acabar campeão da Champions League), mas o primeiro time que precisamos citar é o campeão Manchester City, naturalmente.

Numa temporada em que os Reds perderam um único jogo – adivinha para quem? – coube aos Citizens manter a cabeça no lugar e colecionar resultados positivos initerruptamente para não deixar os rivais escaparem de vista na tabela. Deu mais do que certo. 14 vitórias consecutivas para o time de Pep Guardiola e, faltando 10 rodadas para o fim do campeonato, os Citizens roubaram a liderança para não sair mais.

O Liverpool, por sua vez, merece todos os aplausos pela temporada em que não apenas chegou mais perto do título em 30 anos, mas por ter se tornado, literalmente, o melhor vice-campeão de todos os tempos. Basta dizer que ainda tem a final da Champions League de “prêmio de consolação”. Além do mais, fora a Chuteira de Ouro de ambos Salah e Manè, o zagueiraço Virgil Van Dijk levou pra casa o prêmio de Jogador da Temporada.

Outro time que fez bonito dentro da sua realidade foi o Tottenham. O quarto lugar pode parecer frustrante, claro, mas numa temporada em que os Spurs não contrataram absolutamente ninguém e tiveram problemas com lesão o tempo todo, uma vaga na próxima Champions e, “de brinde”, uma final épica contra o Liverpool logo mais na competição deste ano falam por si só em questão de sucesso. Mauricio Pochettino já merece uma estátua sua na frente do estádio novo no norte de Londres.

Pequenos guerreiros

Na temporada seguinte à sua ascensão da segundona inglesa, o Wolverhampton deixou pra trás concorrentes de peso, arrancou pontos dos gigantes e pode jogar até Europa League

Vale também citar alguns times menores, mas que fizeram temporadas ótimas dentro do que se espera deles – antes de qualquer outro, o Wolverhampton, que saiu da segunda divisão e viu o mágico Nuno Espírito Santo arrancar pontos de cinco dos seis gigantes da Premier League (só o Liverpool escapou ileso), terminando numa espetacular sétima posição e candidato à vaga na Europa League (depende da final da FA Cup).

Outros dois times que surpreenderam positivamente foram Crystal Palace e Brighton – o primeiro por ter ficar livre do rebaixamento e, de brinde, vencido muita gente grande pelo caminho, e o segundo por ter um dos piores elencos de todos (superior talvez apenas ao do Huddersfield Town) e ainda assim escapar da segundona mais uma vez.

Medianos e sobrevientes

Chelsea e Arsenal tiveram momentos de pura inspiração e outros de pane total, então dá pra chamar a temporada de ambos de mediana – e os dois estão mais preocupados com a final da Liga Europa um contra o outro do que qualquer outra coisa. Palmas, porém, para a dupla de ataque Gunner Aubameyang e Lacazette, e também para o Blue Eden Hazard, que carregou o time nas costas e acabou líder de assistências do campeonato.

Everton, Leicester City e West Ham ficaram na parte de cima da tabela, mas podiam ter feito coisa melhor. Outros times medianos como Watford, Newcastle, Bournemouth, Burnley e Southampton não foram rebaixados, mas não assustaram muita gente.

As grandes decepções

O talento de Marcus Rashford e de todas as outras estrelas do Manchester United não impediram um sexto lugar frustrante e uma temporada que é melhor esquecer que existiu

Nem tudo são flores, e só existe vitória se existe derrota. Assim sendo, temos que falar também de quem deixou a desejar.

O primeiro que merece ser citado é o Fulham, tradicional clube londrino que construiu um time bem interessante no começo da temporada e acabou rebaixado de maneira vergonhosamente adiantada na penúltima posição.

Além do Fulham, Huddersfield (20º) e Cardiff (18º) completam o pelotão do descenso. O primeiro foi o lanterninha quase o campeonato inteiro e era claramente inferior ao nível de jogo de todos os outros, mas o clube do País de Gales foi guerreiro, lutou até o fim e caiu de pé, dá pra dizer. Quem sabe em 2021 eles não estão de volta?

Quem realmente deixou o torcedor chateado pra valer, porém, foi o Manchester United. Maior campeão de todos os tempos, os Red Devils sofreram na mão de José Mourinho por meses com resultados medíocres e, mesmo depois do começo arrasador de Ole Gunnar Solskjaer, nunca atingiram nada acima do quarto lugar.

Pior defesa dos nove primeiros colocados com 54 gols sofridos, a temporada Red Devil acabou de forma melancólica, com cinco jogos sem vencer (três derrotas e dois empates), tomando 10 gols e fazendo só dois. Mesmo com o elenco recheado de estrelas e dinheiro transbordando do bolso, provavelmente nunca o torcedor sentiu tanto a falta de Sir Alex Ferguson como agora.

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