O que esperar dos clubes do Brasileirão pelo resto da temporada?

Os times brasileiros entram em campo ainda hoje (13) e depois param por quase um mês para que a Copa América comece. Nesse meio tempo, os olhos vão ficar afastados do Brasileirão, que vai estar em stand-by, mas não quer dizer que os times vão ficar parados.

A seguir vamos dar uma olhada no que esperar de alguns dos protagonistas da edição 2019 do Campeonato Brasileiro.

10. Luxemburgo e a luta do Vasco contra o rebaixamento

Andrey e o Vasco vão ter que correr muito atrás do prejuízo se quiserem evitar outro rebaixamento

Não são poucos times que, nos momentos de desespero, se voltam para nomes antigos, tradicionais e até lendários para tentar dar jeito na bagunça. Parece ser o caso do Vasco, que chamou Vanderlei Luxemburgo para ser técnico do Gigante da Colina depois de apenas três rodadas do Brasileirão.

O desempenho até agora com Luxa é de uma vitória, dois empates e duas derrotas. O Vasco ainda sequer esteve fora da zona de rebaixamento desde que a Série A está rolando, e por isso a preocupação para o futuro próximo é gigantesca.

As coisas também não vão bem nos bastidores, com funcionários fazendo greve e protestos por falta de salário, caos na diretoria e atletas insatisfeitos. O Vasco faria muito bem de aproveitar esse mês de folga de jogos oficiais do clube para sentar, respirar e descobrir o que está errado – e como consertar o mais rápido possível.

9. Cruzeiro de candidato a título a pior defesa do campeonato

A cabeça de Mano Menezes pode rolar em breve caso as coisas não melhorem no Cruzeiro – dentro e fora de campo

Logo no começo da temporada, eu fui um dos que cravou o Cruzeiro como possível candidato ao título nacional. Recém-campeão da Copa do Brasil, competição na qual a Raposa reina soberana, parecia justo que também fosse o caso de ver um belo desempenho no Campeonato Brasileiro. A campanha fantástica na Libertadores só ajudou a alimentar isso. Mordi a língua.

O que estamos vendo no Brasileirão, porém, é um Cruzeiro que conseguiu a proeza de acumular cinco derrotas em nove jogos e ficar com a pior defesa do campeonato no momento, vazada 16 vezes. A seca do Cruzeiro no momento é de seis jogos sem vencer e as coisas não param por aí, com o time se metendo em encrenca com patrocinadores, atrasando salário de jogador para pagar funcionário e outros problemas dentro e fora de campo.

A perspectiva não é das melhores, mas o Cruzeiro tem aí um mês para repensar estratégias e tentar se manter vivo e bem nos três fronts nos quais compete.

8. À frente do Fortaleza, Rogério Ceni se redime como técnico da Série A?

Tudo o que falhou com o São Paulo como técnico, Rogério Ceni tem compensado com o Fortaleza. Resta ver até onde ambos treinador e time irão chegar

Todo mundo que acompanha futebol brasileiro lembra bem como foi a primeira experiência de Rogério Ceni dirigindo um time da Série A (o próprio São Paulo): nada bom. O ex-goleiro tricolor não desanimou, fez seus cursos no exterior e voltou para transformar o Fortaleza em uma máquina de ganhar jogos e papar troféus em apenas uma temporada.

O Tricolor do Pici vem bem para um time que acabou de subir de divisão e, embora próximo da zona de rebaixamento em pontos, vem jogando cada vez melhor desde que parou de dividir sua atenção entre Copa do Nordeste (já que foi campeão desta), a Copa do Brasil (eliminado semana passada) o Brasileirão.

A tendência é que o trabalho de Ceni e dos atletas, agora focados em apenas uma competição, faça do Fortaleza um adversário azedo de se enfrentar – o Cruzeiro que o diga.

7. Grêmio subindo cada vez mais alto

Mesmo sem Geromel (machucado), o Grêmio venceu o Botafogo no Rio de Janeiro num jogo dificílimo e parece ter engrenado de vez sua escalada pela tabela da Série A

Muita gente esperava ver o Grêmio lá em cima desde o começo do campeonato, mas o Imortal foi tropeçando sem parar e chegou a estar na vice-lanterna do Brasileirão há algumas semanas. Os resultados, porém, finalmente começaram a aparecer, e as nuvens negras que rondavam por cima da cabeça de Renato Portaluppi deram uma dispersada, ao menos no momento.

Mesmo jogando sem Geromel e Maicon, o time gaúcho visitou o Botafogo no Rio de Janeiro e saiu de lá com a vitória, que os alçou à 11ª posição – a mais alta que atingiram nessa edição de Brasileirão até o momento.

Com vaga nas quartas da Copa do Brasil confirmada e também nas oitavas da Libertadores, Renato Gaúcho e seus comandados precisam aprender a dividir a atenção entre as competições ou, talvez, eleger prioridades. Eis aí uma boa folga para repensar estratégias.

6. Mediocridade e apatia no Corinthians

Os resultados não aparecem e o torcedor corintiano está perdendo a paciência com gente como Henrique, Jadson, Clayson e outros

Enquanto corintiano eu mesmo, devo dizer que, discordando do meu colega Miguel, nunca coloquei o Corinthians como candidato ao título de 2019. O desempenho do ano anterior foi ruim demais e as mudanças de lá para cá muito poucas para fazer algum efeito real. O que está acontecendo com o Timão é exatamente o que eu esperava.

O que foi uma excelente defesa e um time encaixadinho em 2017 sob Fábio Carille virou uma equipe deficiente no ataque e que, embora construa uma retranca respeitável, toma gol quando não pode e não ameaça o adversário. A zaga do Corinthians é lamentável, o meio-campo precisa de mudanças urgentes e o ataque simplesmente não funciona como deveria levando em conta os nomes que tem.

Fora da Copa do Brasil, o Corinthians espera Cássio e Fagner voltarem da Copa América para tentar dar um upgrade num Brasileirão absolutamente medíocre até o momento e se manter como um dos favoritos da Copa Sul-Americana.

5. Cuca e um São Paulo que não sai do lugar

O trabalho de Cuca já começou a ser questionado no Morumbi. A fase recente do São Paulo, disputando apenas o Brasileirão depois de ser eliminado de tudo, é pífia

O torcedor do São Paulo chegou naquela fase de “nem dói mais”, de tanto ver seu time decepcionar. O problema tricolor parece ser, como sempre, a criação de uma grande expectativa no início da temporada, com boas contratações e mudanças de técnico, seguidas por bons jogos no começo – só para ver tudo desmoronar em seguida.

A eliminação precoce da Libertadores já foi o primeiro golpe, mas cair na Copa do Brasil com duas derrotas perante o Bahia superou as expectativas até do torcedor mais pessimista.

Resta o Brasileirão, e o São Paulo já começou a dar deixas de que a fase não é das melhores – de novo. O começo foi excelente, disputando a liderança, mas agora o Tricolor já caiu para oitavo, não ganha há quatro jogos e tem um dos piores ataques da competição.

O elenco não é ruim, mas simplesmente não está rendendo. Cuca precisa fazer alguma coisa com seu time, e rápido, ou não seria de espantar vê-lo desempregado num futuro não muito distante.

4. Inter ainda não provou se é surpresa ou cavalo paraguaio

Um elogio pode ser feito ao Inter: acreditar em Paolo Guerrero quando ninguém mais o fez. O peruano vive grande fase

A campanha do Inter no ano passado, tendo vindo direto da segundona, foi excepcional, terminando em vaga de Libertadores e chegando até a esboçar uma disputa pelo título, que não se concretizou. Em 2019, o Colorado fez bonito na Libertadores e na Copa do Brasil, onde aguarda adversários bem complicados.

No Brasileirão, a campanha do Inter é de quarto lugar de novo por enquanto, mas essa pode ser uma posição enganosa. Depois de nove jogos, o Colorado venceu cinco vezes, mas só duas contra adversários da parte de cima da tabela (Flamengo e Bahia).

Provavelmente é muito cedo para ver o que o time gaúcho tem a oferecer até dezembro, mas o ataque é um ponto forte e jogos com muitos gols tendem a ser a assinatura de Odair Hellmann.

3. Devagarinho, o Flamengo está chegando lá

gabriel flamengo
Jorge Jesus terá um mês para trabalhar com seu elenco estelar no Flamengo antes de o Brasileirão ser retomado. Julho poderia ser o início da glória Rubro-negra

Fizemos um artigo especial falando sobre a fila do Flamengo e como o Rubro-negro carioca se coloca como principal perseguidor do Palmeiras – não apenas nos pontos corridos do campeonato, mas também no aspecto comercial, publicitário e afins. Ano após ano o Urubu fica no quase. Em 2019, por enquanto… mais do mesmo.

Isso que falamos se refere aos tempos de Abel Braga no comando. A partir de agora o Flamengo vai contar com Jorge Jesus, recém-chegado de Portugal, para ser seu novo técnico. Ninguém sabe bem ainda o que esperar do português, fora mudanças, e profundas. A promessa do técnico é ser criativo, original e diferente do que está aí no futebol brasileiro – um dos mais conservadores entre os principais do mundo.

O Flamengo é o terceiro, tem o segundo melhor ataque do campeonato e, se tudo ocorrer como planejam, tem tudo para brigar por troféu. O trabalho de Jorge Jesus já começou, e veremos os resultados logo que a Copa América terminar.

2. Sampaolibol fazendo o Santos alçar voos mais altos

Jogando de maneira ofensiva e com muita pressão, o Santos de Sampaoli chegou à terceira posição como quem não quer nada e ainda emplacou Eduardo Sasha como artilheiro da competição

A outra celebridade estrangeira entre os técnicos é Jorge Sampaoli, que está fazendo um belíssimo trabalho no Santos, aclamado por torcedores e adversários, com razão.

Depois de anos de marasmo dentro do futebol brasileiro, se contentando com um ou outro Campeonato Paulista, o Peixe parece ter finalmente encontrado um estilo novo de jogo, que o tornou competitivo e, principalmente, adaptável a vários tipos de adversários – vide o último duelo santista antes da pausa do Campeonato, o clássico contra o Corinthians na Vila Belmiro. Aliás, a cidade de Santos se tornou uma fortaleza para o time, algo a ser explorado, diga-se.

Pela primeira vez em muitos anos – desde Neymar, provavelmente – o Santos pode fazer papel de protagonista no Brasileirão. Não há mais outras competições para “distrair” o Peixe, então conquistar uma vaga para a Libertadores é obrigatório, mas sob Sampaoli, o Santos finalmente pode sonhar ainda mais alto do que isso.

1. Quem tira o trono do Palmeiras?

Zé Rafael foi um dos poucos que chegou ao Palestra este ano. Se adaptou rápido e já virou peça importante na engrenagem bem azeitada do futebol palmeirense

Falamos há poucos dias sobre como o Palmeiras é, de novo, o time a ser batido no Brasil. Líder de novo do Brasileirão e vivíssimo em ambas Libertadores e Copa do Brasil, o time de Felipão é o protagonista absoluto da temporada até o momento, e a tendência é que isso prossiga.

Com uma saúda financeira de dar inveja à maioria dos governos do mundo e um elenco assustadoramente competitivo, Luiz Felipe Scolari é prova viva de que “time que está ganhando não se mexe”. As contratações pontuais vieram só para substituir saídas igualmente pontuais, e o Palmeiras continua jogando com a mesma qualidade que em 2016 e 2018.

No momento, ninguém mais parece capaz de beliscar o primeiro lugar do Verdão. Resta ver se os estrangeiros-sensação Sampaoli e Jesus e suas estratégias mais progressistas superam o conservadorismo palmeirense que, até o momento, só trouxe glória para a Barra Funda.

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