O Campeonato Brasileiro pode ser dividido em diversas fases, como a era antiga começando no início da década de 1960, depois a partir de 1971, com a oficialização da competição como campeonato nacional mais importante e, por fim, a era dos pontos corridos iniciada em 2003.
Sabe o que todas essas fases têm em comum? O domínio da região Sudeste brasileira nos títulos, especificamente São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Não vamos entrar aqui no mérito disso, afinal, falar da força dos times de futebol divididos por estado ou regiões está a um passo de uma análise política e econômica longa, ampla (e meio chata até) que não é nosso objetivo aqui. Mas vamos voltar a falar de futebol.
Dentro desse longo período, ficou claro que os times paulistas levam vantagem sobre os outros – afinal, somados, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos e Guarani têm 32 títulos, mais que o dobro da soma de todos os troféus dos cariocas (15) e mais que seis vezes o número dos mineiros (5).
Mas afinal, onde vamos chegar com esse papo? Explico. A última década em que os times do Rio de Janeiro foram superiores em títulos aos de São Paulo foi a de 1980. De lá pra cá, é verdade, Corinthians e Palmeiras somaram três rebaixamentos, mas estes mesmos times conseguiram 11 títulos brasileiros. Somando São Paulo e Santos, o número chega a 17 canecos. No Rio de Janeiro, porém, a realidade é outra: sete rebaixamentos (contando só Vasco, Fluminense e Botafogo) e sete títulos.
A fila de espera
Essa longa introdução ali em cima não foi gratuita. O Flamengo é o único carioca grande que nunca foi rebaixado (e faz parte do seleto grupo nacional que conta com São Paulo, Santos, Cruzeiro e Chapecoense), além de ser responsável por dois dos títulos nacionais do estado nos últimos 30 anos.
Além do mais, o Rubro-Negro da Gávea é exemplo de administração financeira nos últimos anos, situação rivalizada apenas pelo Palmeiras e invejada por todos os outros. É por conta disso que o Flamengo foi protagonista pelo menos nas três últimas edições do Campeonato Brasileiro.
O problema é que esse protagonismo e qualidade nos bastidores não se convertem em taça nacional desde 2009. Em alguns momentos desse período, o clube carioca chegou a flertar seriamente com o rebaixamento, mas a partir de 2016 sempre foi um forte candidato ao título – mas ainda não chegou lá.
10 anos depois: seria a vez do Flamengo de novo?
A quantidade de nomes grandes que chegaram (ou passaram) pelo Flamengo de 2015 pra cá é de dar inveja a qualquer um: Paolo Guerrero, Leandro Damião, Diego, Willian Arão, Réver, Diego Alves, Everton Ribeiro, Rhodolfo e, para esta temporada, Rodrigo Caio, Arrascaeta e Gabriel Barbosa, o Gabigol.
Mesmo sem contar os jogadores citados acima que já foram embora, o Flamengo tem um time excelente para começar a trabalhar em 2019. Talvez o grande erro do Rubro-Negro nos últimos anos tenha sido perder não os medalhões experientes, mas sim jovens promissores. Lucas Paquetá é o caso mais recente, mas antes dele Vinícius Júnior já havia trocado o Rio pelos gramados europeus – e está dando gosto de ver no Real Marid.
O Flamengo talvez esteja aprendendo a duras penas que dinheiro não necessariamente ganha campeonato (a não ser que você seja o Manchester City, talvez). O Palmeiras de 2016 é um excelente exemplo de que extrair o máximo de talentos jovens é um jeito barato e eficiente de conquistar troféus, assim como o Corinthians de 2017, que mesmo depois de ter sido depenado no ano anterior, foi lá e se sagrou campeão.
O Flamengo de 2019 terá o Campeonato Carioca como primeiro teste real da temporada para tentar entrosar seu time (a não ser que você ache que o título da lamentável Florida Cup seja um bom termômetro). O Mengão estreia no dia 20, domingo próximo, contra o Bangu, no Maracanã.