
Passadas apenas oito rodadas do Brasileirão 2019 e o Palmeiras já é líder isolado e com um jogo a menos. A impressão que se tem é que o Verdão sequer notou que o campeonato de 2018 terminou e o atual começou, já que a colocação é a mesma.
Mais uma vez, o Palmeiras é o time a ser batido e potencial candidato ao título nacional (fora Copa do Brasil e Libertadores, sobre as quais nem começamos a falar ainda). A pergunta é simples: por quê? O que o Alviverde paulista tem que os adversários não têm?
Dias sombrios na Barra Funda
Para falar sobre a era de ouro de qualquer time, o normal é começar falando sobre os dias ruins que via de regra precederam esse período glorioso. Com o Palmeiras não é diferente. Nada mais justo, portanto, do que começar falando da temporada de 2012, aquela que foi um pesadelo sem fim para o torcedor do Verdão.
O elenco em si não era necessariamente ruim, mas o grande erro de ambos Felipão (primeiro) e Gilson Kleina (depois), além da diretoria em si, foi priorizar a Copa do Brasil – que acabou em título palmeirense, é verdade, mas às custas de rebaixamento no Campeonato Brasileiro depois de uma campanha patética com 22 derrotas em 38 jogos.
Não bastasse, o destino puniu o Palmeiras com requintes de crueldade trazendo ao arquirrival Corinthians o título da Libertadores e do Mundial de Clubes depois. Mas é como dizem, foi preciso ao clube chegar ao fundo do poço para recomeçar a galgar os degraus da ascensão.
Renascimento e drama
2013. Pela segunda vez em 10 anos, o Palmeiras amargava a Série B. Novamente, porém, o time se sagrou campeão da segundona, muito em parte graças aos investimentos do mais novo presidente do clube, Paulo Nobre, que tirou grana do próprio bolso e começou a colocar no clube.
A temporada seguinte, 2014, viu o time sofrendo demais e só se salvando de um segundo rebaixamento graças ao rival Santos, que ganhou o último jogo do Vitória e poupou o Palmeiras de sua terceira descida à Série B. Estava claro que Paulo Nobre sozinho não daria conta de segurar o time.
Crefisa

O que era para ser só mais um patrocínio máster de camisa se tornou a nova Parmalat na história do Palmeiras. Não nos cabe aqui fazer nenhum juízo de mérito, mas é inegável que a estrutura financeira fornecida pela Crefisa desde 2015 se tornou o pilar no qual o sucesso palmeirense se apoia desde então.
Com os valores milionários obtidos nos contratos com o banco de crédito, o Palmeiras conseguiu ressurgir como potência no mercado de contratações, arrancando logo de cara Dudu das mãos de Corinthians e São Paulo (que disputavam a contratação do jogador junto ao Grêmio) em janeiro de 2015. Depois vieram nomes como Robinho, Zé Roberto, Egídio, Arouca e Rafael Marques, entre outros, para reforçar as linhas palmeirenses. O time finalmente voltava a ser competitivo.
O Palmeiras hoje
Tudo o que falamos até agora é só para justificar o sucesso atual do Palmeiras. 2015 rendeu mais um título de Copa do Brasil e ano ano seguinte, sob comando de Cuca, o time saiu de uma fila de 23 anos de título no Campeonato Brasileiro. Em 2017, o clube ficou no quase, terminando vice-campeão atrás do Corinthians.
Em 2018, porém, veio a glória real, com um time extremamente eficiente e dono de ambos melhor ataque e melhor defesa do Brasileirão. Sem nenhuma mísera derrota no segundo turno inteiro, o Palmeiras deixou o milionário Flamengo para trás e faturou seu segundo troféu em três anos. Vale dizer que esse período dourado coincide com a volta de Felipão ao comando do time. Inicialmente desacreditado, ele levou o Palmeiras a mais um título.
A base do Palmeiras de 2019, atual líder e melhor time do campeonato em todas as estatísticas até agora, é praticamente a mesma que do ano anterior. Talvez aí resida um dos segredos do Verdão: não apenas qualidade de elenco (que tem de sobra), mas profundidade nele.
Não existe mais no Allianz Parque aquele papo de “priorizar tal competição”, motivo da derrocada em 2012. O Palmeiras compete em três fronts e com qualidade nos três. A Libertadores do ano passado ficou no quase, mas tem tudo para vir esse ano, bem como a Copa do Brasil, competição na qual o time já está nas quartas de final.
O que traz o sucesso, afinal?

Qual a resposta para a pergunta básica então – porque o Palmeiras é o melhor time do Brasil até agora? O motivo não é um só. Saúde financeira é o primeiro de todos, algo iniciado com Paulo Nobre, continuado pela Crefisa e mantido por Galiotte hoje.
Contratações cirúrgicas e vendas estratégicas também fazem parte da receita, bem como contar com Felipão, um técnico consagrado e experiente – que pode não ser o mais inovador, mas é mais do que eficiente num campeonato do nível técnico do Brasileirão, quer gostemos disso ou não.
Como dizem os ingleses, consistência e mentalidade vencedora são tudo, e nenhuma das duas está em falta na Barra Funda. Prova disso é a comparação de resultados nas competições recentes. O time foi bem nas fases de pontos corridos de ambas Libertadores e Paulistão de 2018, mas caiu no mata-mata, quando o momento, o instante, fala mais alto que o longo prazo. No Brasileirão, que é onde preparação fala mais alto do que momento, ninguém supera o Palmeiras.