A derrota para o Corinthians, em casa, na final do Campeonato Paulista foi marcante, especialmente pela polêmica com a arbitragem. Mas o estadual, mesmo com sua importância, é a competição de menor peso do clube paulista neste ano. O elenco milionário foi montado para a Copa Libertadores da América e o Campeonato Brasileiro e agora ele será colocado à prova.
Campeão Brasileiro em 2016, depois de 22 anos de jejum, e vice em 2017, o Palmeiras chega como grande favorito em 2018 pelas peças que tem no seu time titular e banco de reservas. Com o caixa cheio e a ajuda de um patrocinador bastante atuante, o time visa recuperar a hegemonia nacional, perdida para o arquirrival Corinthians no ano passado e voltar a dominar a América, coisa que só conseguiu uma vez, em 1999.
A trajetória do Palmeiras no Campeonato Brasileiro de 2018 começará no Rio de Janeiro contra o Botafogo. Nas 12 rodadas que antecedem a parada para a Copa do Mundo, o alviverde receberá seus rivais Corinthians e São Paulo no Allianz Parque e terá grandes desafios, como o Grêmio na Arena do Grêmio e o Flamengo em São Paulo.
Ou seja, nos dois próximos meses o time começa uma maratona que ainda terá dois duelos contra o Boca Juniors para basicamente decidir a classificação ou ter que esperar os outros dois jogos, contra Alianza Lima no Peru e Junior Barranquilla em casa para definir sua vaga.
Portanto, daqui até o meio de junho, veremos se o treinador Roger e o elenco estarão à altura do investimento e expectativa. Espere muitas mudanças nas escalações para poupar os jogadores e evitar fadiga e lesões musculares.
Os titulares do Palmeiras e a força de seu elenco
Nos primeiros jogos da Libertadores e sua campanha no Campeonato Paulista, Roger já mostrou sua filosofia e como ele pensa o time do Palmeiras. Primeiro, com um meio-campo talentoso, com a chegada de Lucas Lima e a recuperação de Felipe Melo, o toque de bola é algo vital para a equipe.
Segundo, o atacante Borja conseguiu fazer as pazes com as redes e é o camisa 9 inegável, tendo uma linha de três para criar as oportunidades e gerar o último passe. Nela é que ainda restam algumas dúvidas. No último jogo do Campeonato Paulista, o time entrou com Willian e Dudu junto com Lucas Lima e Borja. Willian foi substituído no intervalo por Keno, que é um dos melhores jogadores do Palmeiras na temporada e briga diretamente por posição no time titular.
E é ai que Roger tem uma vantagem sobre vários outros treinadores, inclusive de seus rivais, como o Corinthians ou o Santos: ele pode mudar de 11 titular dependendo do jogo. Sem Felipe Melo, suspenso, ele usou Moisés, melhor jogador da campanha vencedora em 2016, junto com Bruno Henrique. Moisés também pode jogar no lugar de Lucas Lima caso seja necessário. Já o venezuelano Guerra pode ajudar em qualquer uma das três posições que municiam o centroavante.
Portanto temos do meio para a frente uma grande variedade de opções, que é positiva para o treinador, mas pode gerar ruído no vestiário, já que alguém terá que sentar no banco. Ainda há Gustavo Scarpa, que pouco jogou no Palmeiras, mas deixou boa impressão, antes de ser impedido judicialmente de jogar pela equipe após sua saída contestada do Fluminense. A resolução do caso parece que será mesmo nos tribunais.
Do meio para trás há menos certezas
A qualidade e versatilidade com certeza não é a mesma. O miolo de zaga do time ainda é um ponto fraco e a saída de Yerry Mina para o Barcelona é sentida. As laterais com Marcos Rocha e Victor Luis são mais sólidas que na temporada passada, quando o lateral esquerdo Egídio se tornou um dos alvos preferidos da torcida.
No gol, Jailson é o titular indiscutível, sendo a razão para o time ter chegado à final do Paulista, eliminando o Santos.
O fato do time ter controle da posse de bola na maioria dos jogos deixa o sistema defensivo mais desafogado, sem dúvidas. Assim o time não precisa ter uma zaga e meio de campo tão eficientes como o Corinthians, por exemplo. Mas no momento que a pressão vier, a zaga será verdadeiramente testada. E aí veremos se o investimento quase inteiro voltado para o meio de campo e ataque foi uma decisão certeira.
Para sermos justos, até o momento, Thiago Martins e Antonio Carlos não deram sustos, mas o nível de intensidade e qualidade só subirá até o final do ano.
Principal Jogador
Dá para ter várias linhas de raciocínio ao escolher o principal jogador do Palmeiras começando o Campeonato Brasileiro. Felipe Melo pode ser uma resposta, já que a maioria das jogadas começarão de verdade em seus pés e ele já mostrou sua visão de jogo diversas vezes. O problema com os cartões continua sendo uma realidade, infelizmente, mas não é isso que tiraria esse status de principal jogador do time.
O lado de quem defende Jaílson para o título de principal jogador pode argumentar seu aproveitamento incrível de vitórias quando ele está embaixo das traves. O veterano goleiro ainda não é um mero espectador, sendo capaz de defesas incríveis.
E um pouco abaixo dá para citar o atacante Borja. Depois de uma primeira temporada muito ruim, ele conseguiu subir seu nível com Roger Machado e cumprir um papel que ficou órfão depois da saída de Gabriel Jesus. Ainda há Dudu, maior ídolo atual do clube e capitão da equipe.
Mas minha escolha será Lucas Lima. Falar sobre ele é como falar de Los Hermanos. Quem adora a banda vai destacar os passes para gols, a grande visão de jogo, sua perna esquerda habilidosa. Quem não gosta vai jogar um holofote na sua falta de vontade aparente em diversos jogos, o fato que ele dá assistências, mas elas vem de forma esporádica e também sua propensão a perder uma bola e ceder um contra-ataque matador para os rivais. E os dois lados não só estão certos como são barulhentos.
A campanha do Palmeiras dependerá de Lucas Lima. Se ele estiver desconectado do mundo, sem motivação, o time sofrerá com a falta de inspiração na frente e ainda o combate na primeira linha e manutenção da posse, vital para a defesa não ser bombardeada. Se ele for para o banco, questionamentos sobre seu altíssimo salário virão e ele mostrará descontentamento, coisa que já fez em seus tempos de Santos quando pressionado.
Mas um Lucas Lima atuante é garantia de gols para Borja e chances para seus companheiros. As chances de ir para a Copa do Mundo, mesmo que pequenas, são uma garantia de motivação pelo menos. Será interessante notar se assistir a Copa de casa murchará o ímpeto do talentoso meio-campista.
Conclusão
É difícil ver um time mais completo que o Palmeiras na disputa pelo Campeonato Brasileiro. O investimento foi feito para a conquista nacional e internacional e a pressão será por um bom desempenho nas duas frentes. Com Lucas Lima e Felipe Melo de termômetros, o alviverde tem tudo para conquistar o hexa desde 1971 e 10º título Brasileiro no geral.