A janela de transferências de 2019 do futebol brasileiro ainda não pegou fogo com grandes nomes, mas já teve duas das maiores compras do país em sua história: o atacante Pablo, saindo do Athletico-PR para o São Paulo e o também atacante Carlos Eduardo, do Pyramids para o Palmeiras.
Historicamente o Brasil não é um grande mercado comprador, seja por revelar muitos jogadores ou então pela péssima situação financeira dos clubes. Mesmo assim tivemos algumas loucuras, especialmente nos anos 2000, algumas delas que se justificaram e outras que deveriam mandar dirigentes para o hospício.
Vamos então à lista das contratações mais caras do futebol brasileiro na história. As cotações são as da época que a compra dos direitos econômicos foi feita.
10. Javier Mascherano – Corinthians
A MSI ficou pouco tempo no Corinthians e deixou um legado mais do que complicado. Mas pelo menos trouxe dois jogadores de peso, que já atuavam na seleção argentina. O primeiro que vamos falar aqui é de Mascherano, que chegou do River Plate por 25 milhões de reais.
Já com o apelido de Jefecito (“Chefinho”), o volante jogou bem quando teve condições. Mas uma fratura por estresse no pé, seguidas convocações para a seleção e a erosão da parceria Corinthians – MSI fez a passagem durar pouco. Seu melhor futebol apareceria anos depois no Liverpool e Barcelona.
9. Carlos Eduardo – Palmeiras
O Palmeiras está com dinheiro sobrando e por isso pode tirar dos cofres 6,5 milhões de dólares, o equivalente a 25,2 milhões de reais para contratar o atacante Carlos Eduardo.
Obviamente não dá para fazer grandes prognósticos ainda, já que ele acabou de ser contratado e por mais que tenha ido bem no Goiás, seu desempenho foi na Série B.
Ele foi contratado pelo Pyramids do Egito em 2018 por 20 milhões, mas não foi tão bem lá. Também não é justo usar isso contra ele, já que o treinador Alberto Valentim, que o levou para lá, durou pouco no cargo e o clube se viu em um imbróglio político.
Aqui é o famoso “vamos ver”
8. Pablo – São Paulo
O atacante Pablo teve excelente temporada pelo Athletico Paranaense, marcando 16 gols e sendo importante na conquista da Copa Sul-Americana. O São Paulo cresceu o olho e pagou R$ 26,6 milhões, entrando na lista das 10 contratações mais caras com mais um reforço.
A contratação de Pablo tem mais argumentos que a de Carlos Eduardo, já que o primeiro provou ter faro de gol e sabe jogar com a bola nos pés, algo que muitos centroavantes no Brasil peca. Mas com 26 anos, seu retorno precisa ser grande em campo para o São Paulo, já que times da Europa dificilmente vão investir pesado em um jogador está mais próximo dos 30 que dos 20.
Isso não é um grande problema para o São Paulo, que tinha essa posição para sanar há anos e mesmo com ídolos – Luis Fabiano, por exemplo – não conseguia uma produção constante de gols e poderio ofensivo. Veremos se Pablo soluciona o problema.
7. Nilmar – Corinthians
Quem chegou por bastante dinheiro e solucionou o problema da 9 foi Nilmar. O Corinthians da MSI queria um companheiro para Tevez no ataque e a cobrança por esse jogador era pública por parte da torcida. Eis que veio de Lyon o atacante Nilmar, ex-Inter, por empréstimo de um ano.
Rápido, habilidoso e ainda artilheiro, ele fez excelente dupla com o argentino rumo à conquista do Campeonato Brasileiro. Mas duas lesões sérias no joelho e uma briga na justiça obrigaram o Corinthians, já sem a MSI, a pagar seus direitos econômicos (8 milhões de euros, 27,8 milhões de reais à época) e não poder contar com o atleta, em uma dessas coisas que só acontece no Brasil.
Nilmar até jogou uma Copa do Mundo (2010) e passou por muitos clubes, inclusive voltando ao Inter (2x), uma ida ao Villareal e uma saída do Santos em 2017 com a alegação que sofria de depressão. Pena, já que ele sempre jogou muito quando estava em condições.
6. Miguel Borja – Palmeiras
O Palmeiras primo rico volta a aparecer na lista com uma contratação que pode causar certos sentimentos antagônicos. Borja chegou no Palmeiras tendo brilhado como peça vital do Atletico Nacional na Libertadores de 2016, especialmente no duelo contra o São Paulo nas semis.
Mas os 33 milhões pareciam ter sido enfiados no lixo com o começo ruim do colombiano, que até fazia gols, mas seguidas vezes não convencia. Ele foi um dos mais perseguidos no ruim 2017 do Verdão e começou sob desconfiança em 2018.
Dá para dizer que seu segundo ano no Brasil foi muito melhor, sendo o artilheiro do time com 20 gols, o dobro do ano anterior. Mas ainda é pouco para um jogador de R$ 33 milhões e que seguidas vezes foi substituído ou colocado em segundo plano pelo maluco Deyverson.
5. Nico López – Internacional
Os jogadores de nossos países vizinhos podem chegar valorizados, como já deu para perceber. Nico López era jogador da Udinese quando foi contratado, mas foi seus gols pelo Nacional do Uruguai, especialmente nos duelos contra o Corinthians e Palmeiras pela Libertadores de 2016.
O Inter pagou 35,8 milhões de reais pelo atacante uruguaio, que chegou no mesmo ano para o pior capítulo da história do clube: o primeiro rebaixamento para a Série B do Brasileirão.
Criticado, López fez uma série B decente e voltou muito bem para a elite do futebol nacional, com 11 gols no Brasileirão e sendo o artilheiro do time na temporada, com 14 balançadas na rede. Mas aqui é o mesmo problema de Borja: o futebol até pode ser bom, mas o preço pago pede mais.
4. Alexandre Pato – Corinthians
Quando Pato foi anunciado para jogar no Corinthians campeão mundial, comprado do Milan por 40 milhões de reais – 15 milhões de euros à época -, todo tipo de prognóstico sobre a mudança de patamar do futebol brasileiro e até da economia dos clubes foi feito.
Seis anos depois, a depressão voltou e hoje vemos como Pato foi decepcionante. Não foi só o pênalti com cavadinha para cima de Dida, talvez o maior pegador de pênaltis da história do futebol. O atacante revelado pelo Inter era para ter sido um dos melhores do mundo, não estar na China antes de completar 30 anos.
Pato foi uma tragédia completa no Corinthians, especialmente por jogar sem intensidade e garra no time que junto com o Grêmio mais premiou jogadores limitados mas que suam sangue. Trocado para o São Paulo, ele com certeza não valeu nem 10% o investido. Pelo menos Jadson veio do Tricolor nessa negociação e deu muito certo no Timão.
3. Leandro Damião – Santos
Incrível como o Internacional está envolvido, seja revelando o jogador, vencendo, comprando ou tendo um dos atletas aqui de passagem. Damião apareceu no Internacional e foi vendido para o Santos por 41,6 milhões para tentar suplantar o vazio deixado por Neymar no ataque. Aliás, Neymar saiu por um trocado em relação ao que valia.
É verdade que faltou um pouco de paciência, mas o Santos é um dos times que mais valorizam o técnico e depois da era Neymar, ver um atacante que entrava com uma canela de dois metros em campo era difícil. A falta de gols, a derrota para o Ituano na final do Paulista e ainda a crise financeira que logo veio foram todos ingredientes para a explosão no coitado do camisa 9, que não ajudava.
A experiência durou apenas um ano e Damião depois rodou por Betis, Flamengo, Cruzeiro antes de se reencontrar no Inter. A conta do Santos com a Doyen, que comprou os direitos e depois exigiu pagamento com juros, ainda está em aberto.
2. Vitinho – Flamengo
Assim como o Palmeiras, o Flamengo finalmente conseguiu acertar as contas e explorar direito toda sua noção. E por isso deu para fazer algumas contratações mais robustas: o maior caso disso foi em 2018, com o atacante Vitinho, que estava no CSKA da Rússia.
Seja no Botafogo ou no Inter, o atacante mostrou rapidez, habilidade e certo faro de gol. Mas os 10 milhões de euros que até é pouco para um time europeu, são 44 milhões de reais e muito para o Brasil. E Vitinho não conseguiu fazer o decepcionante Flamengo decolar no ano, caindo na Libertadores e Copa do Brasil e vendo o Palmeiras atropelar no segundo turno do Brasileiro.
Com Dorival Jr. o atacante até teve bons momentos e descartar ele com apenas meses de volta é absurdo. O fiel da balança realmente será de 2019 e a expectativa pelo preço pago é grande. O retorno também precisará ser.
1. Carlos Tévez – Corinthians
Como deu para facilmente notar, a presença nesta lista não é uma honra para os jogadores. A exceção é justamente o primeiro: Carlitos Tévez, contratado por 60,5 milhões de reais pelo Corinthians, dinheiro da MSI.
O time não começou bem o ano de 2005, inclusive levando uma goleada de 5 do São Paulo, demitindo o treinador Daniel Passarela. Mas a equipe foi crescendo de rendimento e Tevez não parou de fazer gols, somando 20 no Campeonato Brasileiro, conquistado de forma polêmica. Ele foi eleito o melhor jogador do torneio, levando a Bola de Ouro da Placar.
Entretanto, assim como Nilmar, o ano de 2006 e a treta com a MSI dificultaram os resultados em campo, com a eliminação para o River sendo o momento marcante, e ele acabou saindo com Mascherano para o West Ham. Mesmo assim, se voltar para São Paulo, a contratação mais cara do futebol brasileiro será cumprimentado pelos corinthianos. Isso é mais do que muita gente nesta lista conseguiu.