Com algum atraso por motivos de COVID-19 e todo o caos gerado, é hora de começarmos a falar de Copa do Mundo de 2022, e a única maneira de fazer isso é falando do acesso até o maior evento de futebol do mundo, ou seja, as Eliminatórias para a Copa.
Este post vai servir como guia especial para as Eliminatórias Sul-Americanas, já que já falamos bastante das atribuições da UEFA, que está focada na Liga das Nações e, para o ano que vem, na Euro (que passou de 2020 para 2021).
Assim sendo, nossa preocupação aqui será a CONMEBOL e seus 10 países-filiados, que vão brigar por quatro vagas diretas para o Catar e mais a tradicional vaga de repescagem contra um time asiático – um verdadeiro campeonato de pontos corridos quase tão gostoso de acompanhar quando o Brasileirão! Vamos lá?
Seleção Brasileira: a convocação para as primeiras rodadas
Falar em Eliminatórias da América do Sul é falar antes de mais nada de Seleção Brasileira, claro. O time comandado por Tite já foi devidamente escalado e fará sua estreia na próxima quinta-feira (8) diante da Bolívia, na recém-batizada Neo Química Arena, casa do Corinthians, onde o técnico tem história, aliás.
A convocação para a primeira rodada das Eliminatórias é bem diferente daquela que formou o time para o último jogo do Brasil, há quase um ano – vitória de 3×0 sobre a Coreia do Sul, num amistoso. Como todo mundo sabe, Eliminatória de Copa não tem nada de amistoso ou amigável.
A primeira ausência sentida no elenco é a de Alisson, goleiro do Liverpool, que está lesionado (e desfalcou o time inglês na recente humilhação na Premier League). O posto de titular deve ficar com Ederson, do Manchester City, com Weverton (Palmeiras) e Santos (Athletico-PR) completado.
A zaga é o óbvio: Felipe, Rodrigo Caio, Marquinhos e Thiago Silva, todos veteranos de Seleção já, embora Felipe, do Atlético de Madrid, esteja fazendo apenas seu segundo jogo – mesmo caso do volante Douglas Luiz, do Aston Villa. Falando em volância, Tite convocou os calejados Fabinho e Casemiro, que serão acompanhados pelo estreante Bruno Guimarães, do Lyon.
As laterais também verão um estreante: o jovem Gabriel Menino, de 19 anos, do Palmeiras, que deu show no Campeonato Paulista e logo conquistou a titularidade no Verdão. Deve começar na reserva de Danilo, ainda dono da lateral direita. O lado esquerdo vai ficar por conta de Alex Sandro, com o também jovem Renan Lodi (22 anos), do Atlético de Madrid.
Chegando no setor médio e ofensivo, Tite vai na segurança de seus convocados de segurança, incluindo aí Philippe Coutinho, Firmino, Richarlison, Everton, Éverton Ribeiro e, óbvio, Neymar, mas o técnico brasileiro também deu chance para experimentações, que aparecem na figura da jovem revelação Matheus Cunha, do Hertha Berlin, e do ainda pouco aproveitado Rodrygo, do Real Madrid.
Os desafios do Brasil
Como dissemos, o primeiro compromisso da Seleção Brasileira é contra a Bolívia, tradicionalmente a seleção mais fraca da América do Sul ao lado da Venezuela. Não há desculpas para não vencer os bolivianos, e com facilidade – ainda mais jogando em São Paulo, ou seja, sem a famosa desculpa da “altitude de La Paz”.
Tite já é o terceiro técnico mais longevo da história da Seleção Brasileira, atrás apenas das lendas Zagallo e Flávio Costa, e o aproveitamento do atual treinador já é superior ao de ambos em jogos oficiais. Isso não quer dizer, porém, que o gaúcho seja blindado no cargo; ele, os jogadores, a CBF e os torcedores brasileiros todos sabem que não.
Ter caído perante a Bélgica em 2018 não foi nenhuma vergonha, analisando friamente – era um adversário formidável, e perder faz parte, ainda mais num 2×1 tão sofrido. Ganhar a Copa América 2019 foi quase que um brinde.
As cobranças, porém, existem, e também tem a ver com o desempenho pouco empolgante da Seleção Brasileira em amistosos como empates com Senegal e Nigéria e derrotas perante Peru e nossa arquirrival Argentina – jogos que, em outros tempos, deveriam ter sido passeios (no caso dos africanos e do Peru) e um jogaço (contra os Hermanos).
De qualquer maneira, a prova de fogo é agora e todo mundo sabe disso. O Brasil tem muito orgulho de ostentar o recorde de ser o único país a nunca ter ficado de fora de uma Copa do Mundo sequer, tradição de, por enquanto 90 anos. Qualquer técnico que conseguir a proeza de quebrar esse tabu vai entrar para a história do pior jeito possível, e Tite deve ter pesadelos só de imaginar a possibilidade.
Assim sendo, força máxima contra a Bolívia no dia 8 e igual fúria dentro de campo contra o Peru na terça (13), em Lima, são essenciais para a Seleção se aproveitar do começo contra adversários mais fracos e se estabelecer como favorita para uma das quatro vagas diretas para o Catar – de preferência, a primeira.
Na Betfair, o Brasil é obscenamente favorito na sua estreia: odds de 1,06 para 1 se vencer contra absurdos 20 para 1 pró-Bolívia.
Argentina e Uruguai
O Brasil é a potencial da América do Sul quando o assunto é futebol, mas esse protagonismo é historicamente dividido com a Argentina e, em períodos irregulares, com o Uruguai também – e atualmente é um desses períodos.
Começando pela Argentina, podemos dizer que o primeiro desafio do técnico Lionel Scaloni é arrumar sua defesa, um problema constante dos hermanos há décadas. Os goleiros parecem mais sólidos dessa vez, com a convocação de Martínez (Aston Villa), Marchesín (Porto) e Musso (Udinese), todos titulares de times de primeiro escalão europeu.
Nomes consagrados da zaga e laterais também estão lá, incluindo Otamendi, Tagliafico e Kannemann, do Grêmio, enquanto que os olhos dos torcedores brilham mesmo com o meio e o ataque, sempre fortes, e que desta vez contam com Lo Celso, Palacios, Pavón, Papú Gomez e os monstros Dybala, Lautaro Martínez e, óbvio, Messi.
Já o Uruguai se viu recentemente num problema típico: seus grandes craques começaram a envelhecer, mas não há muita opção para renovação. Claro, bons nomes entre os jovens existem, vide Torreira e Federico Valverde, mas o time ainda depende de veteranos de grife, especialmente Godín, Martín Cáceres e Luis Suárez.
A Argentina vai pegar, nesses dois primeiros jogos, Equador em casa e Bolívia fora, e todos esperam vitórias em ambos os jogos, mesmo com a famosa altitude boliviana em campo. Já o Uruguai tem vida mais complicada, estreando contra o Chile em casa e depois indo até Quito pegar o Equador.
Colômbia e Chile
Potências um tanto recente do futebol sul-americano, Colômbia e Chile souberam impor respeito e viraram nomes frequentes em Copas do Mundo, além de exportadores de craques para a Europa (e para o Brasil também).
A Colômbia é talvez a grande incógnita entre as Seleções de futebol da América do Sul no momento, já que passa por claro momento de renovação. Dos 25 jogadores, cinco nunca entraram em campo pelo time nacional, e nenhum chegou aos 100 jogos com a camisa do seu país – algo diferente do que se vê em Brasil, Chile, Argentina e Uruguai, por exemplo.
Os bons nomes, porém, estão lá, com destaque para os “jovens veteranos” da defesa Santiago Arias, Yerry Mina e Davinson Sánchez, além de craques como Muriel, Cuadradro, o interminável Falcao García e, lógico, o principal jogador do time, James Rodríguez, que reencontrou o bom futebol e está voando no Everton.
Já o Chile, a exemplo do Uruguai, se vê um pouco envelhecido, e não tem nenhum jogador com menos de 20 anos convocado – e 11 acima dos 28 no seu plantel. Isso não quer dizer que os chilenos não sejam candidatos a vagas – eles são sim, sem dúvidas. Alguns astros do time já estão lá, prontos para dar mais show, com destaque para Vidal, Alexis Sánchez e o lateral Isla, do Flamengo.
Os jogos de Colômbia e Chile nas duas primeiras rodadas são contra Uruguai e Venezuela, respectivamente, e depois os dois se enfrentam em Santiago, capital Chilena.
Paraguai, Equador, Peru e mais
Os favoritos para as cinco vagas de Copa (4 diretas + 1 via repescagem) definitivamente são os cinco acima, mas restam outros cinco países filiados à CONMEBOL que sonham com uma vaguinha.
O principal dele talvez seja o Peru, que chegou à Copa de 2018 e deu muita alegria ao seu torcedor só por isso. O herói do país continua sendo o veteraníssimo Paolo Guerrero, do Inter, só que ele está lesionado e sem previsão de retorno. Com isso, ao menos no começo das Eliminatórias, e responsabilidade cai nos ombros de gente como Farfán, Yotún e Advíncula.
O Paraguai está fora de Copas há 10 anos, e não tem time para lutar com força, analisando friamente. Mesmo caso é o do Equador, que jogou a Copa de 2014 n Brasil e que tem Arboleda e Enner Valencia como bons nomes, mas é fraco no conjunto.
Venezuela e Bolívia, com o devido respeito, só chegam ao Catar por milagre, já que são fraquíssimos em futebol. Bolivianos não jogam uma Copa desde 1994 e venezuelanos simplesmente nunca jogaram, caso único aqui na América do Sul.