O Flamengo é campeão brasileiro e os torcedores ainda estão de ressaca (os que já estão sóbrios, eu digo). Parabéns ao Rubro-Negro pela conquista, claro, mas o Campeonato Brasileiro ainda não acabou, e muita coisa ficou pendente para essas últimas três rodadas. A seguir vamos falar sobre isso e também sobre a rodada que acabou de terminar, beleza?
A briga pela Libertadores
Bom, prioridades primeiro, sem dúvida. Essa temporada de futebol no Brasil está vivendo um fenômeno curioso, sendo bem irônico, que é o do “depois de você” na tabela – ou seja, parece que ninguém está afim de ficar com as vagas na Libertadores. Rodada sim rodada não, times como Grêmio, Corinthians, Inter e São Paulo parece que se esforçam para dar a posição uns para os outros.
Na última rodada, o Grêmio foi superado pelo Athletico-PR, que já está muito bem classificado para a Liberta graças ao título da Copa do Brasil, enquanto que o Inter conseguiu perder para o Goiás por 2×1 dentro do Beira-Rio. São Paulo e Corinthians fizeram sua parte vencendo Vasco (1×0) e Avaí (3×0) em casa, respectivamente, mas a tabela continua totalmente embolada.
É importante lembrar que, com o Flamengo garantido como atual campeão da Copa Libertadores e o Athletico-PR indo via Copa do Brasil, existem vagas que vão do vice-campeão até o 8º (levando em conta que o Furacão está neste bolo, em 5º). No momento, quem pega essas vagas são Palmeiras, Santos, Grêmio, São Paulo, Corinthians e Internacional, na ordem.
Faltando três rodadas, ou seja, nove pontos em disputa, muita coisa pode acontecer nessa briga, e gente de baixo pode querer se meter – notadamente o Goiás, que só tem dois pontos a menos que o Inter. Fortaleza, Bahia e Vasco, todos livres do rebaixamento (ao menos virtualmente no caso dos dois últimos) correm por fora, mas devem acabar nas vagas de Sul-Americana mesmo.
O (des)honroso segundo lugar
Num campeonato como o deste ano, com um campeão tão disparado em pontos, quase não dá graça ficar com o vice-campeonato. Esse posto, pelo que parecia até recentemente, iria ficar com o Palmeiras, mas o Verdão não está fazendo por merecer. O time não vence há quatro jogos e vem de duas derrotas consecutivas, tendo caído para terceiro.
O segundo colocado de momento é o Santos, empatado em pontos com o rival Palmeiras, mas superando o Alviverde no número de vitórias. O problema é que o Peixe também vem de derrota e perdeu a chance de ficar tranquilo na vice-liderança. Matematicamente falando, porém, basta um empate de cada nos três jogos restantes para que, necessariamente, um deles fique com a medalha de prata.
Os times lá embaixo e a dança das cadeiras dos técnicos
A expressão que melhor pode definir a parte de baixo da tabela é provavelmente “fogo no parquinho”. Enquanto esta matéria era escrita, os times brasileiros nos presentearam com mais uma espetacular dança das cadeiras dos técnicos. O CSA venceu o Cruzeiro em pleno Mineirão e, como consequência, os dois times perderam seus técnicos. Argel Fucks sai do clube alagoano para substituir Adílson Batista no Ceará – o mesmo Adílson que já fechou com o Cruzeiro, que viu Abel Braga pular fora do barco quase no mesmo momento em que o apito final soou.
O mais bizarro nessa situação é que os três times – Ceará, Cruzeiro e CSA, nessa ordem – estão grudados na tabela, e são os mais fortes candidatos para ocupar as duas vagas finais do rebaixamento (com Chapecoense e Avaí já garantidos na Série B, naturalmente).
O Ceará foi atropelado pelo campeão Flamengo por 4×1, mas continua fora do Z4, com um ponto a mais que o Cruzeiro, o primeiro time dentro. Com a derrota para o CSA, aliás, o Cruzeiro se vê numa situação bem complicada na qual não depende mais das próprias forças para escapar da degola.
A Raposa pega Vasco (fora), Grêmio (fora) e Palmeiras (em casa) nas últimas rodadas, precisa vencer todos os jogos e torcer para o Vovô perder pelo menos dois pontos no caminho (o Ceará tem 10 vitórias contra 7 do Cruzeiro, ou seja, os mineiros perdem no primeiro critério de desempate). A tabela do Ceará tem Athletico-PR (em casa), Corinthians (em casa) e Botafogo (fora).
A situação mais delicada é do CSA. Na verdade, só um milagre pode salvar os alagoanos da Série B em 2020, já que o time tem 32 pontos e o Ceará tem 37. O CSA precisa ganhar suas três partidas restantes (Bahia em casa, Chapecoense fora e São Paulo em casa) e torcer para, no mínimo, os dois rivais empatarem seus jogos, ou perderem dois deles. É difícil demais.
Vale acrescentar que, com as vitórias, Fluminense e Botafogo respiram aliviados e já não são candidatos tão fortes ao descenso – mesma situação do Atlético-MG. A não ser que haja um desastre, os três estão salvos, mesmo depois de campanhas horrorosas de todos, sem exceção.