É bastante adequado que o último jogo da Copa Libertadores como nos acostumamos a ver seja um River Plate x Boca Juniors no estádio Monumental de Núñez, em uma Buenos Aires parada. O jogo de ida já foi sensacional, um 2 a 2 cheio de alternativas, momentos e boa técnica na Bombonera.
A partir do próximo ano, a Conmebol teve a estúpida ideia de colocar final em jogo único, imitando a ideia da Champions League, que funciona perfeitamente lá mas por causa de diversos fatores: alto poder aquisitivo, viagens mais baratas, maior estrutura de estádios, cidades e aeroportos, deslocamentos menores.
Em 2019 a final será em Santiago. Imagina quanto esta final de 2018 entre dois arquirrivais de Buenos Aires perderia sendo jogada em campo neutro. Isso sem contar as finais no fim de semana, com luz do dia, e a competição que foi estendida para o ano inteiro, quando antes se concentrava em seis meses e não dava tempo para esfriar.
Enfim, vamos para o jogo antes de lamentar o que virá no ano que vem. O jogo deste sábado promete muito. E só uma torcida vai poder sair feliz no maior River x Boca da história dessa rivalidade sensacional.
Boca Juniors terá ligeira desvantagem
O time hexacampeão da Libertadores saiu duas vezes na frente contra o River, mas sofreu o empate – no primeiro gol foi logo na saída de bola do rival – e agora não levará nenhuma vantagem para jogar na casa do adversário. Pelo menos não há gol fora de casa na final, o que seria um grande trunfo para os milionários, que poderiam empatar por 0 a 0 e 1 a 1 e levar o título caso existisse esse fator de desempate.
O time treinou na Bombonera nesta semana, que ficou lotada para dar o apoio final ao seu time. O 11 inicial é uma completa dúvida até o momento, já que o treinador Guillermo Barros Schelotto faz mistério.
O jornal esportivo Ole fez matéria sobre esse mistério e afirmou que apenas cinco jogadores estão garantidos: os zagueiros Izquierdoz e Magallán, o lateral Olaza e os meio-campistas Nández e Barrios. Nem o goleiro Rossi está garantido, já que o titular Andrada pode voltar. Sim, o mesmo da cabeçada levada na cara de Dedé.
O capitão Pablo Perez recupera-se de contusão, assim como Pavón. Com ambos em condições, eles jogam com certeza. O ataque é sempre o local das dúvidas, já que Schelotto não teve medo de variar até nos jogos decisivos da Libertadores. Benedetto saiu do banco contra o Palmeiras nos dois jogos. Villa virou titular na final da Libertadores. Ábila parece garantido, ainda mais depois de ter feito gol na partida de ida.
Só vamos saber mesmo quando as escalações tiverem que ser anunciadas na hora final antes do jogo, porque Schelotto não vai querer dar munição para Marcelo Gallardo.
Gallardo também tem o que pensar
Em entrevista nesta semana, o treinador do River Plate disse “considero tudo e não descarto nada”. Ou seja, mistério também no lado dos millonarios.
Algo que não tem como esconder é que Santos Borré não vai poder jogar a segunda partida contra o Boca por causa do terceiro cartão amarelo. Ignacio Scocco, ex-Internacional, ainda não está recuperado de lesão na panturrilha, mas talvez possa ir para o banco e entrar no segundo tempo.
Esses mesmos suspenses foram feitos antes dos jogos contra o Grêmio. Deu certo.
O Clarín disse que o treinador considera uma linha de cinco atrás ou então no meio de campo, variando as peças. A maior dúvida fica entre Martínez Quarta, para ter uma linha de 5 na defesa, ou então o veterano Enzo Pérez no meio, para jogar com cinco no meio de campo.
O resto da equipe terá Franco Armani; Gonzalo Montiel, Maidana, Pinola, Milton Casco; Ponzio, Ignacio Fernández, Exequiel Palacios; Pity Martínez e Lucas Pratto.
O peso para o jogo de sábado
A imprensa argentina foi buscar até embaixo de pedras quem poderia dar alguma declaração, seja ex-jogadores, personalidades do mundo do futebol e até o nosso Rivaldo. O presidente da FIFA, Gianni Infantino, chegou a Buenos Aires para conferir a partida, algo que não é nada normal.
Não é à toa, já que estamos falando de um superclássico de proporções épicas turbinado por ser a final da Libertadores.
Por 14 anos se falou da semifinal entre as duas equipes, vencida pelo Boca. Agora ela fica pequena perto de uma final que vale tanto. O ex-atacante chileno Marcelo Salas, que jogou pelo River, disse que quem perder levará uma cruz para a vida. E pior que não parece exagerado.
Isso pode deixar o jogo de volta mais nervoso, especialmente no começo porque as duas equipes vão precisar se estudar, já que Schelotto e Gallardo fazem completo mistério.
O jogo ainda tem uma carga emocional que vai além dos 90 minutos (ou possíveis 120 minutos e pênaltis). Schelotto recebeu proposta da MLS e uma sondagem do Villarreal da Espanha. O Boca pode passar por uma reconstrução, com Tevez aposentando, Pavón indo para a Europa e outras saídas. Gallardo já está no River há anos e pode querer novos ares.
Então pega essa: o treinador da seleção argentina é Lionel Scaloni, que apesar das vitórias nos amistosos é um interino e já recebeu uma patada de Maradona, sempre com a elegância de um carro enferrujado e sem rodas na lama.
Então a vitória na partida de sábado e consequente ida para o Mundial para encarar, provavelmente, o Real Madrid, pode significar o ticket para a seleção argentina. Por mais que ela esteja descredenciada por anos de pancadas e decepções, ainda pode ter Messi e muitos jogadores talentosos para 2022.
No que apostar?
Eu disse que apostaria no Boca para a primeira partida, mas a equipe não conseguiu segurar as duas vantagens que conquistou e nos 10 minutos finais pareceu extenuado. Mesmo assim teve um cara a cara de Benedetto contra Armani que foi um verdadeiro gol perdido.
O esforço físico foi realmente considerável, já que apesar de terem a marca da catimba e da cera, hoje os times brasileiros são 40x piores que os argentinos nesse quesito.
O River Plate era considerado o favorito para a conquista da Copa Libertadores por ter um elenco mais técnico. E o 2 a 2 no campo do rival só ajudou a aumentar esse favoritismo, pagando 1,53 para 1 a sua conquista na Betfair, enquanto o Boca paga 2,37 para 1.
Talvez algo mais interessante seja apostar em 0 a 0 no intervalo, pagando 2,25 para 1, pelo elemento do estudo que citei acima, além do nervosismo da partida.
Mesmo com nervosismo, ou sem, e independente das escalações, será um jogaço sensacional.