Parece que não quero fugir de polêmicas. Depois de ter escolhido os melhores treinadores do Brasil – Renato Gaúcho em primeiro foi uma boa seleção, vai – e ter falado mal do futebol do Brasil, agora preciso mostrar o que verdadeiramente gostei de ver no futebol brasileiro na virada do século para cá (2001 em diante).
Estes times ganharam títulos e isso precisava ser um critério de seleção. Mas não é porque um ganhou uma Libertadores e o outro “só” um Brasileiro, que o campeão da América fica na frente. A técnica em campo, jogadores marcantes e até uma partida memorável podem colocar um time um pouco à frente do outro.
E outra: esta é minha lista, tentando ser justo com os parâmetros, mas obviamente bastante subjetiva. Você tem a sua? Fale conosco nos comentários ou nas redes sociais! Vamos para a lista.
Já aviso: tive que deixar algumas equipes boas de fora. Entre elas o Cruzeiro bicampeão brasileiro, o Fluminense de 2012, o Corinthians de Ronaldo e o Atlético-MG campeão da Libertadores.
10. Corinthians de 2015
Foi o time que levou Tite para a seleção brasileira, depois de ter sido esnobado um ano antes para a contratação mais inexplicável da história da humanidade: a volta de Dunga para a Seleção.
O Timão fez uma reformulação no elenco que foi campeão mundial e novas peças ascenderam. Jadson, envolvido em troca com o São Paulo, se tornou no líder de assistências. Renato Augusto carimbou sua passagem para a Copa do Mundo três anos depois sendo o ditador de ritmo dessa equipe. E Vagner Love, criticado no começo de sua passagem, tornou-se o artilheiro do time e fez a torcida esquecer do fato que ele foi revelado pelo Palmeiras.
Não era uma equipe brilhante (como outras desta lista), mas era eficiente, moderna e matadora. E o título veio com três rodadas de antecedência e 12 pontos sobre o segundo colocado.
9. Flamengo de 2009
Muitos podem estranhar a inserção desta equipe aqui, já que esse Flamengo de 2009 é na verdade um Flamengo de três meses, na arrancada espetacular da equipe para o título brasileiro do ano.
Adriano estava de volta da Europa depois de não terem mais paciência com suas questões pessoais. Petkovic basicamente chutou a porta do CT para jogar, trocando uma dívida por um lugar no elenco. E os dois juntos clicaram, enquanto o Grêmio e Palmeiras não aproveitaram as chances que tiveram para abrir vantagem e levar o título.
O jogo mais icônico foi Palmeiras 0 x 2 Flamengo, com até gol olímpico de Pet. Por razões de “Flamengo” (falta de organização, comando e outras coisas), o time durou pouco. Uma pena.
8. Grêmio de 2016 até hoje
Roger Machado começou a fazer o Grêmio jogar bola e deixar um pouco a história de nosso 10 é o 5 para trás. Mas foi com Renato Gaúcho que o Grêmio decolou, vencendo a Copa do Brasil, a Copa Libertadores no ano seguinte e quase, por muito pouco, ficando fora da final neste ano.
O time mudou e perdeu vários jogadores – Pedro Rocha, Arthur – mas conseguiu manter o toque de bola, a velocidade nas pontas, a segurança com Pedro Geromel lá atrás e Renato sendo inventivo e querendo a bola em um futebol brasileiro onde cada vez menos se quer a bola. Coloco este time nesta lista não só pela conquista da Libertadores, mas por ser um time diferente entre várias equipes que não tem criatividade. Até as que vencem títulos.
7. São Paulo de 2007
O São Paulo de 2007 não parecia com o São Paulo de 2005 e nem com o de 2006, muito menos com o de 2008. O time que ganhou o segundo campeonato brasileiro seguido, com Muricy Ramalho no comando, foi a equipe que melhor sabia se defender entre todas as citadas neste post.
O time tomou 13 gols desde o início da competição até o jogo que decidiu o título, contra o América-RN. TREZE gols em 34 rodadas. Este foi o time de Breno, que com 17 anos surgiu como um tanque de guerra e logo foi vendido para o Bayern de Munique, onde se perdeu. Foi o time de Hernanes, um volante ambidestro sensacional que liderava o meio de campo. E de Rogério Ceni, que com sete gols no Brasileiro foi o artilheiro da equipe na competição junto com Borges.
O time de 2008 era menos talentoso e mais dependente da bola aérea. O de 2006 era mais ofensivo, mas não tão sólido. E o de 2005 – que vai aparecer nesta lista – tinha muitos nomes diferentes.
6. Internacional de 2006
O Internacional era só no nome até 2006. O time de Abel Braga foi o responsável por acabar com o incômodo que era ter o Grêmio como bicampeão da América e campeão do mundo como único time gaúcho a fazer algo fora do país.
Seis meses separaram dois jogos icônicos. O primeiro deles o 2 a 1 contra o São Paulo no Morumbi, com Rafael Sóbis entortando a defesa do time campeão do mundo e encaminhando um título que ainda teria uma emoção no jogo da volta, que terminou empatado (2 a 2).
O segundo jogo foi contra o Barcelona de Ronaldinho Gaucho, que foi engolido por Ceará e com o gol de Adriano Gabiru provando que Deus pode ser um piadista de vez em quando. Claro que não dá para esquecer as referências Fernandão e Clemer, Iarley, Tinga e por aí vai.
5. Santos de 2002
Aqui falamos de outro time que teve que encarar uma barra histórica. O Santos estava em um jejum de 18 anos, atolado de dívidas e teve que colocar um time quase sub 20 em campo. Deu mais do que certo.
A equipe de Robinho, Diego, Elano, Leo, Renato e Fabio Costa ficou em oitavo, classificando em último para o mata-mata no último ano do Brasileirão com esse formato. A partir dali, atropelou o São Paulo, de Kaká, e o Grêmio e venceu as duas contra um Corinthians que vinha vencendo tudo nos últimos anos. As pedaladas de Robinho foram a cereja do bolo de um time ofensivo, jovem e cheio de talento.
No ano seguinte a base se manteve para a Libertadores, mas o Boca veio com um time que estará na lista de melhores equipes argentinas do século XXI quando fizermos ela e a final foi para os argentinos.
4. Corinthians de 2012
Para terminar a sub-seção equipes que terminaram com jejuns, nenhum era mais incômodo que o Corinthians nunca ter ganho uma Libertadores, ou sequer chegado a uma final. O time se reformulou após a saída de Ronaldo e Roberto Carlos e a patética eliminação para o Tolima, foi campeão brasileiro e chegou forte em 2012.
Muitos vão lembrar do gol perdido de Diego Souza no Pacaembu. Ou então o jogo horroroso do Santos na Vila, onde o Timão ganhou por 1 a 0. Mas a verdade é que todos os méritos vão para o Corinthians, que era sólido defensivamente depois de ter encontrado Cassio e tirado Julio Cesar. E no ataque, Romarinho fez um gol brilhante na Bombonera contra o Boca e Emerson Sheik decidiu com dois gols no Pacaembu.
Como todo time de Tite, não estamos falando de uma equipe que era um primor de talento. Mas foi eficiente. E o peso do maior tabu que existia no Brasil não parecia pesar para seus comandados. O Mundial, contra o Chelsea, foi a cereja do bolo, colocada com a cabeça por Paolo Guerrero.
3. Cruzeiro de 2003
O Cruzeiro de 2003 vai ser muito citado como time memorável nos anos que se aproximam, porque com nosso calendário horrível e times cheios de desculpa, uma Tríplice Coroa é cada vez mais improvável.
Esse foi o feito da Raposa, com seu camisa 10, Alex, jogando o fino da bola e Vanderlei Luxemburgo em seu auge de domínio de elenco, como estrategista e na agressividade nas substituições. Gomes no gol, Maicon na lateral direita, Luisão, Maldonado, Aristizabal, Deivid e por aí vai em um dos elencos mais recheados que foram montados.
Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro foram para Minas Gerais. A pena é que em 2004, Luxa foi demitido e o Cruzeiro foi eliminado da Libertadores logo nas oitavas de final. Alex sairia logo depois também. Uma pena.
2. São Paulo de 2005
A falta de um craque inegável – um Alex, Neymar, Robinho – faz muita gente não lembrar com tanto carinho do São Paulo de 2005. Bom, o craque era Rogério Ceni, que naquele ano contrariou a teoria que embaixo da trave ele era um goleiro qualquer. Seu ano foi espetacular tanto no gol como fazendo gols.
O São Paulo de 2005 estava à frente do tempo na questão da recomposição rápida, roubada no campo de ataque e verticalidade. Josué e Mineiro eram máquinas de desarme, Cicinho uma força na direita e Junior na esquerda. Amoroso e Luizão na frente foram contratações cirúrgicas, conseguindo aproveitar toda a produção dos alas.
É até engraçado que no gol do título do Mundial, o passe de três dedos do centroavante Aloísio tenha achado o volante Mineiro para a finalização. Era um time moderno, mas com qualidade técnica e que ainda consegue ser subestimado, mesmo com as conquistas pesadíssimas.
1. Santos de 2010/11
Falamos bastante de eficiência e time moderno neste post. O Santos de 2010 não era eficiente e jogava como se fosse 1962 porque tinha o talento para isso. Novamente endividado, o clube jogou a responsabilidade para os jovens. Deu certo porque ajuda ter Neymar e Ganso pedindo passagem.
Eles receberam sinal verde e junto com a volta de Robinho, os dinâmicos Arouca e Wesley e André empurrando bolas para dentro, o melhor ataque do Brasil foi acionado. O time fez 10, 9 e 8 gols em um jogo só no 1º semestre de 2010 e ao mesmo tempo que marcava e driblava como queria, cedia gols e espaço para qualquer um. O Santo André parecia a Holanda de 74, o Grêmio fez 4 gols em 45 minutos e Diego Souza e Armero dançaram na Vila Belmiro. Jogava e deixava jogar.
O Santos ganhou o Paulista e a Copa do Brasil jogando de forma kamizake e encantando o Brasil com seu talento. Neymar e Ganso logo foram colocados na seleção no pós-Copa de 2010. Pensando em 2011, alguns reforços foram trazidos – inclusive Danilo (hoje no Manchester City) e Alexsandro (hoje na Juventus) -, Muricy Ramalho acabou com o suicídio tático e o time se tornou mais eficiente e moderno. Ganhou a Libertadores com um Neymar dominante. Soube ser espetacular e também ganhar títulos. Pena que no Mundial tinha o maior Barcelona da história pela frente.