Quando faltavam duas rodadas para o Brasileirão 2019 chegar ao fim, fizemos um especial falando dos grandes clubes brasileiros que já haviam sido rebaixados, pensando na situação delicadíssima do Cruzeiro, e que se concretizou com o descenso à Série B.
No especial de hoje, vamos falar não de rebaixamentos, mas das grandes vergonhas que os clubes brasileiros passaram ao longo da década, entre 2010 e 2019. Confira e, se achar que faltou algum, coloque nos comentários! Boa leitura e cuidado com a vergonha alheia.
10. Flamengo na Libertadores 2017
Para abrir nossa lista, nada melhor do que falar do melhor time das Américas no momento, o Flamengo. Quem vê a máquina de fazer gols e vencer que o Urubu foi em 2019 quase esquece o vexame que foi a Libertadores 2017 do time, que acabou eliminado ainda na fase de grupos.
Sorteado no grupo D, ao lado de San Lorenzo, Universidad Católica e Athletico-PR, o Flamengo alternou vitórias e derrotas nos seus seis jogos, acabando eliminado ao perder para o San Lorenzo ao mesmo tempo em que o Athletico vencia a Universidad Católica.
Não bastasse o vexame de deixar a vaga escapar por entre os dedos, o time ainda conseguiu a proeza de ir até a final da Sul-Americana apenas para perder a final para o Independiente, com a volta dentro do Maracanã lotado, aliás.
9. Cruzeiro 6×1 Atlético-MG (2011)
Hoje em dia os atleticanos têm motivos de sobra para zoar os arquirrivais cruzeirenses, mas em 2011 a coisa foi bem diferente. Vivendo situação similar à de 2019 na época, o Cruzeiro naquela vez precisava de uma vitória simples para escapar do rebaixamento, mas o adversário não seria nada simples: o Atlético-MG.
O Galo estava recém-liberado do rebaixamento e almejava a Sul-Americana, mas acabou absolutamente surrado pela Raposa num jogo que virou motivo de chacota por anos a fio (mas talvez não mais, pelo menos por enquanto). Roger, Leandro Guerreiro, Anselmo Ramon, Fabrício, Wellington Paulista, Réver e Everton marcaram na goleada de 6×1, que salvou o Cruzeiro do descenso e, de quebra, impediu a vaga da Sul-Americana do rival.
8. Barcelona enfia 8×0 no Santos
Para alguns pode surpreender ver a goleada mais elástica da nossa lista apenas numa humilde oitava posição, mas a verdade é que o troféu Joan Gamper é apenas um amistoso – ainda assim, ser motivo de chacota mundial por causa dele não é muito legal.
O jogo de 2013 (ou seria melhor chamar de massacre?) do Barcelona contra o Santos, como todos se lembram, acabou num 8×0 acachapante, durante o qual o Barça fez o que quis do Peixe, convidado especialmente por causa da negociação dos dois clubes envolvendo Neymar.
Se o 4×0 da final do mundial entre os mesmos clubes dois anos antes já havia sido humilhante, perder pelo placar dobrado, como se fosse um timeco de churrasco contra profissionais, não é uma lembrança que o torcedor santista gosta de reviver.
7. Grêmio atropelado pelo Flamengo na Libertadores 2019
Só der ler esse título acima eu tenho certeza que o rosto do Renato Gaúcho completamente chocado já apareceu na sua mente, acertei? Pois é, o rosto do treinador do Grêmio diz muito sobre o que foi o jogo da semifinal da última Libertadores contra o Flamengo.
O jogo de ida tinha sido uma prova de fogo para os dois, e acabou num 1×1 suado em Porto Alegre, muito por conta de um esforço gremista que beirava o sobre-humano. Quando chegou a volta, no Maracanã, porém, não houve raça nem santo que salvasse o Tricolor da goleada aplicada pelo Rubro-Negro.
O 5×0 construído quase todo no segundo tempo foi a maior derrota do Grêmio na temporada e em bons anos. Campeão da competição em 2017 e forte candidato a mais um título, o Imortal voltou para o Sul absolutamente destroçado pelos futuros vencedores.
6. Corinthians eliminado pelo Tolima em 2011
Falando em Libertadores, quem não se lembra do que foi uma das eliminações mais sofridas do Corinthians na competição, na época em que vencer a Liberta era a absoluta obsessão do clube paulista, que ainda não tinha vencido.
Classificado para a fase Pré-Libertadores em 2010, o Timão teria que encarar o desconhecido Tolima para chegar aos grupos, e a confiança estava em alta. Depois de um 0x0 preocupante no Pacaembu, o Corinthians acabou eliminado por 2×0 na Colômbia, num jogo com nervos à flor da pele.
Foi a primeira vez na história que um brasileiro caiu nas preliminares da Libertadores, e o Timão colecionou mais uma derrota amarga na competição, para se unir à do ano anterior, contra o Flamengo, e outras históricas contra Palmeiras e River Plate, por exemplo.
5. Santos salva Palmeiras do rebaixamento em 2014
Lá no começo lembramos que já fizemos um texto sobre a tristeza dos rebaixamentos, e então aqui não tem nenhum item sobre queda de times, ao menos não diretamente. O que vamos falar agora é sobre como um time escapou do rebaixamento através de outro, no caso, de um rival.
Tendo jogado Série B em 2013, o Palmeiras e sua torcida estavam bem traumatizados com a ideia de mais uma queda, e essa possível queda não aconteceu por um triz em 2014. O Cruzeiro já era campeão de velho, e o Verdão precisava vencer o Athletico-PR para escapar. Não conseguiu, empatando em casa por 1×1.
O que salvou o Palmeiras, no fim, foi o rival Santos, que venceu o Vitória por 1×0, com golzinho nos acréscimos. Eis aí o tipo de gratidão que time e torcedor nenhum querem ter.
4. Reservas do Corinthians fazem 6 no São Paulo em 2015
O Corinthians já era campeão quando entrou em campo contra o rival São Paulo, em novembro de 2015, e muita gente falava até em atletas de ressaca em campo – o time era composto basicamente por reservas, diga-se.
O São Paulo estava longe de fazer uma campanha ruim, aliás, acabou o campeonato em quarto. Mas tomar uma surra tão humilhante do rival, 6×1, e ainda por cima no meio de uma festa completa dos corintianos, foi um momento amargo que o torcedor Tricolor prefere fingir que nunca aconteceu.
Sem Rogério Ceni, o São Paulo assistiu ao Corinthians jogar bola em Itaquera. O 6×1 foi difícil de engolir, mas foi justo, e o Timão pôde celebrar com requintes de crueldade quando Cássio defendeu até um pênalti. É, não era dia do Tricolor.
3. Inter cai para o Mazembe em 2010
Numa época em que as semifinais de Mundial de Clubes da FIFA eram desprezadas como se não existissem, o Internacional estreou uma proeza que seria repetida poucas vezes: ser eliminado antes de poder jogar a finalíssima contra o invariavelmente europeu do torneio.
A Libertadores de 2010 viu uma campanha ótima do Inter, que chegou até a final com algumas dificuldades, mas mostrando muita raça. Depois de vencer o Chivas Guadalajara na final, o Colorado só pensava no Mundial, que havia sido vencido por um brasileiro pela última vez pelo próprio Inter, em 2006.
Talvez tenha sido o pensamento totalmente focado na Inter de Milão, mas o Inter simplesmente esqueceu de jogar nas semis contra o Mazembe (nome que arrepia o torcedor colorado até hoje), time obscuro da República Democrática do Congo, campeão africano.
A partida acabou 2×0 a favor do Mazembe, que explorou contra-ataques para ser cirúrgico contra o Inter de Celso Roth que, sem se achar em campo, não transformou sua clara superioridade em gols e acabou, humilhado, voltando ao Brasil de mãos vazias.
2. Cruzeiro no buraco atual
Nossa medalha de prata vai, infelizmente, para o Cruzeiro, que está passando por aquela que é a maior crise da sua história e vai muito além do rebaixamento à Série B, já concretizado. O desempenho patético dentro de campo em 2019, ao que parece, foi só a pontinha do iceberg de pesadelos dos mineiros.
O buraco no qual a Raposa se meteu é difícil de explicar, mas inclui um número alarmantemente alto de fatores. Primeiro, existe a questão financeira. O Cruzeiro está passando pela maior crise financeira da sua história, endividado até o pescoço, demitindo funcionários, estabelecendo teto de gastos e até vendendo carros da sua frota.
A queda de receita, a saída de jogadores importantes por preço baixo e as dívidas monstruosas, que chegam às centenas de milhões, estão quebrando as pernas do clube. Não bastasse, uma penca de processos judiciais está afundando ainda mais time na areia movediça das incertezas.
Sendo muito, muito otimista, o Cruzeiro remonta seu elenco com peças mais baratas, mas de qualidade, joga a Série B como se sua vida dependesse disso, sobe de divisão e começa a sanar seus problemas extra-campo com o dinheiro monstruosamente maior que ganharia na Série A. Sendo pessimista…melhor nem pensar muito nisso.
1. Fluminense puxa o tapete da Portuguesa em 2013
Por mais polêmico que seja falar sobre isso e correndo o risco de ganhar a inimizade dos torcedores do Tricolor das Laranjeiras, o que o Flu fez extra-campo em 2013 é, de longe, a maior vergonha do futebol brasileiro na década, não só pela forma como tudo aconteceu, mas pelo resultado absolutamente trágico.
Menos de 7 anos atrás, o Fluminense fazia uma campanha horrorosa de 12 vitórias, 10 empates e 16 derrotas e estava devidamente rebaixado ao fim do campeonato, quando começou um caso judicial de tristes consequências.
O Flu entrou na Justiça e conseguiu com que Portuguesa e Flamengo fossem punidos por escalação irregular. Com a penalização, ambos perderam quatro pontos, o que salvou o Fluminense, deixou o Flamengo na última posição fora do Z4 e rebaixou a Lusa.
Não vamos entrar no mérito da justiça e da legalidade – somos jornalistas esportivos, não advogados ou juízes – e também não podemos negar que, de fato, a Portuguesa se viu totalmente despreparada gerencial e financeiramente pelo que viria, mas o que é fato é que o famoso “tapetão” marcou o virtual fim da Lusa como a conhecíamos.
Para resumir, de lá para cá, o clube caiu de divisão quase de maneira ininterrupta em tudo que disputou, a ponto de não ter mais acesso nem à Série D, quase faliu, foi desmontada, depenada e abandonada. Rolaram boatos de pedido de falência, mas a Portuguesa negou e, disse, vai jogar a Série A2 do Paulistão em 2020, sonhando com dias melhores.
Eles não esquecem, porém, que o calvário começou naquele fatídico ano de 2013, numa sala cheia de engravatados.