A Copa América até agora não foi uma maravilha, já falamos sobre isso. Mas é duro virar a cara para um Brasil x Argentina, ainda mais valendo uma vaga em final e sendo o mais importante clássico entre as duas seleções desde 2007.
Voltando nos anos, o único que tivemos nesse período foi um bando de Superclássico das Américas que até o mais fanático tem dificuldade de lembrar e alguns jogos de eliminatórias. Temos que chegar em 2007 para pegar um jogo de comparável importância: a final da Copa América da Venezuela.
A Seleção Argentina fez excelente competição e tinha Messi e Riquelme clicando. Mas mesmo sem Kaká, Ronaldinho Gaucho e Adriano, Dunga esparadrapou um time que fez 3 a 0 naquele dia e basicamente ganhou carta branca até 2010.
Tite quer essa mesma carta branca. Se ele perder hoje, é difícil imaginar que ele viaje em 2022 para o Catar com um emprego na CBF.
O jogo vale mais para o Brasil
Não acho que existam muitas dúvidas sobre a frase abaixo. O Brasil joga em casa, por alguma razão no Mineirão, que deveria ser banido de competições de seleções, especialmente nas semifinais. E Tite, depois de ter conquistado o país nas eliminatórias para a Copa de 2018, perdeu pouco a pouco a moral na Copa e nos jogos posteriores.
Para a Argentina está é uma chance de uma mísera alegria depois de 20 anos de dor. Ninguém espera nada dessa seleção, que ainda está se reconstruindo e o treinador Lionel Scaloni é um provável tapa-buraco. Acho que se o Messi vencer esse jogo ele até chora de alegria tamanha é a falta de esperança neste momento.
O que foi feito até agora não vale de muito
Não falo isso no sentido “clássico é clássico e não tem favorito” porque é claro que isso é bobagem: o Brasil é favorito. Mas a campanha ligeiramente superior até agora não conta muito porque o futebol segue fraco.
O 5 a 0 contra o Peru pode ser mais colocado na conta das circunstâncias, já que o rival precisava sair para tentar a classificação. E, no fim, conseguiu mesmo assim passar. O time de Tite mais uma vez sofre demais para furar retrancas e vimos isso contra Venezuela e Paraguai, assim como contra a Costa Rica na Copa.
A Argentina não irá botar 10 embaixo do gol e por isso pode deixar espaços – e como eles gostam de deixar espaços – o que vai mais de encontro com o estilo cagã… reativo de Tite. Só que do outro lado tem Messi e Aguero, que por mais que pareçam deprimidos, ainda são Messi e Aguero. Lautaro Martinez é talvez o melhor jogador da equipe na competição e também exige cuidado. A Argentina cresceu contra a Venezuela. A esperança do Brasil é que isso fique só em um espasmo.
Defesa do Brasil é o grande trunfo, mas diferencial deve ser o meio
Todo o pragmatismo de Tite pelo menos entrega uma defesa sólida e até agora a equipe não sofreu um gol. Alisson é um dos melhores goleiros do mundo e foi um dos responsáveis pela classificação contra o Paraguai.
Claro que este será o maior desafio, já que o trio de frente da Argentina é de enorme qualidade. Só que o problema durante toda a competição foi alimentar eles sem Messi ter que voltar e pegar a bola com os zagueiros. Essa cena deve se repetir bastante nesta terça.
Já o Brasil é mais organizado em seu jogo vertical. Everton entrou no time para não sair mais e deve jogar bem aberto. Firmino e Gabriel Jesus podem se revezar na referência, mas o jogo precisa passar bem e rápido por Coutinho e Arthur. Os dois podem dominar a partida, já que seus adversários na zona são inferiores. Aqui estará o segredo do jogo.
As odds na Betfair pouco se alteraram nos últimos dias. O Brasil é favorito, pagando 1,84 para 1 pela sua vitória, contra 5 para 1 da Argentina. O empate no tempo regulamentar paga 3,3 para 1 e pode ser uma excelente aposta.