Meu colega Paulo já tinha dado o cenário pessimista para os dois duelos das semifinais da Copa do Brasil, que envolvem quatro gigantes que estão entre os melhores times do país, mesmo que metade deles estejam sem muita moral com suas torcidas.
Tirando fanatismos – os seguidores de Cruzeiro e Corinthians estão felizes com os resultados – não há como negar que as partidas foram decepcionantes, de um nível técnico muito baixo.
Para um torcedor comum isso não importa tanto se acabar com título no final do ano, mas o tipo de futebol praticado (péssimo) tem ramificações, seja em queda no interesse pela baixa qualidade do espetáculo, a longo prazo, ou na nossa perda de protagonismo no futebol mundial, algo que se pode ver especialmente quando a Copa do Mundo chega.
Vou falar mais sobre os jogos agora porque parece que estou quase entrando em depressão.
Flamengo x Corinthians no ex-Templo
Não sou dos mais extremistas, daqueles que dizem que o Maracanã morreu porque ganhou algumas cadeiras coloridas e não existe mais Geral. Para mim um sintoma muito pior de descaso e descuido é ver o gramado de nosso principal estádio parecendo uma trincheira da Primeira Guerra Mundial. Pasto seria elogio, porque nem vacas saberiam como se comportar ali.
Isso já dificulta qualquer jogo de futebol. O que não ajuda também é o time da casa parecer nervoso porque está jogando para sua torcida. Já no primeiro tempo dava para ouvir vaias e sinais de impaciência do torcedor e a pressão de jogar no Flamengo é algo que muitos que vestem a camisa não conseguem suportar.
É bastante evidente que existe um problema quando o volante Cuellar é a única unanimidade. Diego e Everton Ribeiro nunca parecem estar em sincronia e qualquer atacante colocado à frente deles fracassa nas coisas mais básicas. Seja fazer um pivô, sair da área, aparecer desmarcado, aproveitar bolas que rondam a pequena área, dar um chute no gol, enfim, coisas que deveriam ser básicas. Toda a empolgação que Vitinho trouxe já foi por água abaixo.
E o Corinthians? Não falei nada até agora porque não tem nada para falar. O Corinthians simplesmente não quis jogar, algo que times visitantes, mesmo com 100 anos de tradição e verdadeiras lendas em sua história, cada vez mais fazem no Brasil. “Jogar por uma bola” é um verdadeiro câncer que está completamente espalhado pelo nosso futebol. O time não finalizou uma vez no segundo tempo e não conseguiu um mísero escanteio na partida.
Se o Corinthians passar, o torcedor do Timão não vai dar a mínima para tudo isso, porque o resultado no Maracanã foi bom. Mas é evidente que não destacar essa pobreza e isso ser recompensado com títulos é algo simplesmente péssimo para o futebol brasileiro a longo prazo.
Cruzeiro vence mais uma vez fora de casa
Cruzeiro e Palmeiras tinha tudo para ser um jogo mais técnico e foi isso mesmo (muito por causa da concorrência), especialmente em um primeiro tempo que começou acelerado e um gol de Barcos, logo contra seu ex-time.
O Cruzeiro conseguiu novamente marcar fora de casa, algo vital em mata-matas, mesmo sem gol premiado, repetindo o conquistado contra o Santos na Vila Belmiro e Flamengo no Maracanã.
Porém, no segundo tempo, o time mineiro recuou e Fabio começou a ganhar destaque, algo que também se tornou comum. Não é um problema o seu goleiro brilhar, afinal ele recebe um cheque de centenas de milhares de reais todo começo de mês. O problema é você ter Thiago Neves, Robinho e De Arrascaeta e em vez de dominar as partidas e impor o seu ritmo, você decide jogar atrás da bola apenas.
No final do jogo o goleiro Fabio salvou um quase patético gol contra do também ex-palmeirense Egídio, antes de cair no chão e fazer cera. E depois saiu do gol, teve o contato de Edu Dracena, caiu pedindo falta e recebeu o apito. Antonio Carlos completou para a rede com o jogo parado, fazendo a torcida gritar gol e a reclamação começar.
Aqui tenho duas coisas para pegar no pé para completar minha chatice digna de um acadêmico pentelho: odeio profundamente cera e goleiros que pedem atendimento por absolutamente nada ou caem com a bola nos braços e demoram 30s para botar ela em jogo. Eu acho que isso derruba finais de jogos, que se tornam modorrentos e decepcionantes em vez de emocionantes. Ainda mais quando sei que os dois times estão entre os melhores do Brasil.
Sobre a falta em Fabio, ela sempre é marcada no Brasil, assim como contato na linha lateral quando o defensor abdica de tudo, protege a bola e basicamente se joga no chão na mínima trombada.
Gostaria de ver um futebol brasileiro sem essas faltas, sem cera de goleiro, sem time grande jogar por uma bola e sem os jogadores do Palmeiras – especialmente Dudu, Antonio Carlos, Felipe Melo e Deyverson – se comportando como crianças birrentas a cada marcação do árbitro.
Acho difícil isso mudar.