Quem lê os textos do site sabe que minha visão sobre o futebol praticado no Brasil não é das mais positivas e empolgadas. Eu não sou chato, mas a atuação do Cruzeiro ontem me faz ser chato.
A do Corinthians eu nem falo, já que é algo que está colado na imagem de Jair Ventura, que se pegar o Barcelona com Messi vai fazer o time finalizar duas vezes no gol em 90 minutos e dizer que foi um jogo inteligente. Não ter um grande time é uma coisa. Não finalizar em 90 minutos e mal pisar na área do rival é outra.
Mas a decepção de ontem foi o Cruzeiro, que ganhou de 1 a 0 e agora corre riscos que não precisava. Vamos aos tópicos então.
Cruzeiro não sabe ser um time dominante
Em três jogos da fase de grupos da Libertadores o Cruzeiro mostrou o que poderia ser: um time com um trio de imensa qualidade – para o padrão brasileiro – no meio de campo e independente se o atacante fosse Fred, Sassá ou agora Barcos, conseguiria fazer gols, criar chances a vontade e empurrar o time adversário para trás.
Agora que começou o mata-mata, esquece tudo isso. Claro, brigar contra resultados é sempre uma batalha inglória para analistas, já que Mano Menezes está em mais uma final e deve ganhar o título da Copa do Brasil. Ou pelo menos tem a obrigação.
Mas esse Cruzeiro pode muito mais. Ontem o time pressionou durante o primeiro tempo e conseguiu criar oportunidades para abrir o placar: dois chutes de Thiago Neves, um na trave, cabeçada de Dedé defendida por Cássio à queima-roupa. E os mineiros tiveram a bola nos pés na maior parte do tempo. O gol saiu aos 46 minutos, mas poderia ter saído antes e saído mais.
O Corinthians teve novamente a atitude covarde que apresentou no Maracanã. E quem fala que isso é inteligente precisa de uma troca de óculos urgente, porque o time não é um ferrolho defensivo digno de nota. Ele permite chances, a saída de bola com os pés não é boa, especialmente do goleiro Cássio e o time é exposto nas laterais.
Só que o Cruzeiro cometeu, a meu ver, um crime grave: voltou no segundo tempo para fazer o que mais gosta de fazer.
Esse time só quer defender resultado
Não é um crime querer defender resultado. Ele fez isso contra o Santos, no Mineirão, e por muito pouco não deu com a cara na parede. Fez isso contra o Flamengo na Libertadores e mesmo que não tenha sido tão ameaçado, viu a vantagem de 2 a 0 no Maracanã ser diminuída no Mineirão. E também fez isso contra o Palmeiras na metade final do jogo das semis.
O problema é querer defender resultado no primeiro jogo da Copa do Brasil, sendo que o segundo é na casa do adversário, onde ele será empurrado por uma das torcidas mais atuantes que existem no Brasil.
O segundo tempo foi pífio dos dois lados. O Cruzeiro não pressionou tanto quanto deveria e mesmo com as entradas de Raniel e David, o espaçamento aumentou, o contra-ataque não encaixou e o jogo se tornou moroso.
Quem precisava ter jogado a faísca era o Corinthians. Mas o time estava completamente satisfeito com o 1 a 0 contra e com não ter chutado uma vez no gol. Até recuou a bola para os zagueiros tocarem quando perdia a partida e, supostamente, precisava de um gol.
E o Cruzeiro a mesma coisa, cozinhando o jogo no final em vez de tentar com tudo fazer o segundo e basicamente matar a final, já que para um time de Jair Ventura, dar um chute a gol é um feito, fazer dois gols é quase um milagre.
Nem Pedrinho, autor desse milagre contra o Flamengo, conseguiu fazer chover dessa vez. O futebol brasileiro sofre com finais assim.