O leitor de olhar mais atento vai notar que na terça e quarta-feira fiz dois textos com títulos terminados em interrogação e envolvendo as equipes vivas na Libertadores. O do Grêmio foi sobre a possibilidade do bi, enquanto o do Palmeiras era sobre o favoritismo do time paulista.
O Cruzeiro está em igualdade com esses dois times, só que teve pior sorte no sorteio, pegando o Boca Juniors nas quartas, enquanto Grêmio e Palmeiras pegaram Atletico Tucumán e Colo-Colo, respectivamente.
E para piorar a situação, a arbitragem na Bombonera foi claramente prejudicial, com uma expulsão por VAR de Dedé sendo tão absurda que até a patética Conmebol teve que reconhecer e retirar a suspensão automática. O gol depois da expulsão sofrido pelo Cruzeiro não tem como tirar.
Com 2 a 0 contra, tem como o Cruzeiro virar essa eliminatória e se classificar para as semifinais da Copa Libertadores? É isso que vamos analisar agora.
Tarefa é ingrata
Virar uma eliminatória estando dois gols atrás é uma tarefa ingrata. Sem ter feito um gol fora de casa ainda mais, já que um gol do Boca obriga o Cruzeiro a fazer 4. E estamos falando do Boca Juniors: dê o peso que você quiser para camisa e tradição, caso você acredite nisso, mas muito mais importante é que o time argentino é bom tecnicamente.
O atacante Pavón, que esteve na Copa do Mundo, pode ser um inferno em contra-ataques e jogadas dinâmicas, algo que o Boca deve investir porque tem a vantagem no marcador. Zarate, uma das mudanças do Boca no meio da competição, chegou fazendo gols. Inclusive fez o primeiro contra os mineiros, em finalização de quem sabe.
Por fim, Pablo Perez foi o maestro da equipe argentina e no momento que o Boca quiser acalmar o ímpeto dos mineiros vai jogar a bola nele. Seu gol na partida de ida também mostra sua qualidade técnica.
Este é um time que traz Carlitos Tévez do banco. O ex-corinthiano com certeza não é o mesmo de 2005, mas seria titular no Brasil em absolutamente todos os times. Tevez pode jogar como titular hoje por causa da lesão de Benedetto. Outra opção é Ábila, que jogou no Cruzeiro em 2016 e 2017.
O que o Cruzeiro pode apresentar
Do trio de meio-campistas acima da média para o futebol brasileiro, o uruguaio De Arrascaeta é o mais capaz de desequilibrar com um drible, chute de fora ou passe inesperado. Ele volta hoje, recuperado de lesão na coxa esquerda.
Esse é um imenso retorno, já que o time terá mais verticalidade e capaz de furar as linhas do Boca, que deve abrir mão da bola. Sem De Arrascaeta, o time corria sério perigo de girar a bola pelo campo de ataque como uma equipe de handebol, mas sem conseguir criar chances.
A permanência de Dedé também não pode ser subestimada, tanto pelo técnico como psicológico. Caso fique exposto ao se lançar para o ataque, ter um zagueiro rápido com bom tempo de bola é uma mão na roda.
Mas o Cruzeiro vai precisar mesmo é de Hernan Barcos. Na eliminatória contra o Palmeiras ele foi vital, fazendo gol na ida e na volta. Porém, contra o Boca na Argentina foi mal. O fato dele ser uma referência é a razão para a escalação, já que o time terá três “armadores” que vão buscar o pivô e o 9 tradicional para empurrar a bola para a rede.
Se ele não der certo, Sassá estará no banco.
Mineirão precisa ferver
Na Copa do Brasil e Libertadores o Cruzeiro conseguiu fazer sua vantagem fora e se segurou no Mineirão, de forma até arriscada. Agora o papel se inverteu e a torcida vai precisar estar ligada no 220v.
Na noite de ontem o foguetório rolou solto na frente do hotel do Boca, o que não é lá uma atitude muito legal mas é a mesma arma usada pelos rivais nesse clima de guerra criado na competição. Se isso funciona ou não, veremos no gramado do Mineirão nesta quinta.
Na Betfair, a classificação do Cruzeiro paga 5,5 para 1. Será muito difícil, mas para aproveitar esse valor, vale confiar nos mineiros.
Palmeiras bate Colo-Colo
Não podemos deixar de mencionar o Palmeiras, que bateu o Colo-Colo pela segunda vez, com Dudu sendo o maestro da equipe e grande destaque. O Palmeiras voltou às semifinais depois de 17 anos e agora espera o vencedor de Cruzeiro e Boca.