
“Altamente improvável”. Dessa forma o extraordinário comentarista Claudio Carsughi costuma se referir a eventos cuja possibilidade de acontecer é praticamente desprezível.
Tal expressão seria extremamente eficiente para qualificar a possibilidade de que extraterrestres estivessem vivendo entre os aborígenes australianos, para uma análise indicando quais as chances de a Nigéria terminar a próxima edição dos jogos olímpicos de inverno no topo do quadro de medalhas ou de o presidente norte-americano Donald Trumph demonstrar bom senso ou mesmo um mínimo de sensibilidade em qualquer questão que lhe fosse dirigida.
São eventos em que não há como descartar totalmente a possibilidade de seu acontecimento. Contudo, ao aplicar o rótulo que virou um dos bordões do analista esportivo de 85 anos, há uma demonstração clara da falta de crença na chance de o fato realmente ocorrer. Imaginar que o Barcelona vá deixar escapar o título da temporada 2017/2018 do Campeonato Espanhol, por exemplo, poderia tranquilamente receber tal classificação.
Matemática faz com que esperanças sejam mantidas
Tal avaliação não encontraria corroboração na matemática. Afinal, o Barcelona completou o primeiro turno do Campeonato Espanhol com 51 pontos. A vantagem na comparação com o Atlético de Madrid, segundo colocado, é de nove. Restando 57 pontos em disputa no returno, a reversão, ao menos numericamente, é perfeitamente possível. Contudo, outros aspectos devem ser levados em consideração. Alguns deles são subjetivos.

Para que tal mudança aconteça, existe a necessidade do casamento de duas curvas de aproveitamento. A primeira seria uma queda do rendimento do Barcelona. Tal fato não é difícil. Afinal, no turno inicial, o time conquistou quase 90% dos pontos conquistados. É de se esperar que não consiga manter o ritmo na metade final da temporada, ainda mais que está na disputa de outros torneios.
Porém, só isso não seria suficiente. O Atlético de Madrid, que tem sido o principal perseguidor do Barça, ganhou quase 74% dos pontos. Assim, também teria que melhorar seu desempenho. Algo perfeitamente possível, até porque o time ganhou reforços para o ataque como Vitolo e Diego Costa, justamente o setor em que mais deficiências apresentou na primeira metade da temporada.
O que torna a possibilidade pouco crível é que os dois eventos teriam que acontecer simultaneamente para que houvesse esperança de mudança. Matematicamente, isso reduz as possibilidades da concretização de tal cenário.
Critérios subjetivos tornam chance ainda mais remota
Isso levando em consideração única e exclusivamente critérios objetivos. Quando a análise ultrapassa as fronteiras e atinge a subjetividade, a possibilidade real de uma mudança de planos torna-se ainda mais inviável. Afinal, o Barcelona tem certamente um elenco bastante superior tecnicamente na comparação com o Atlético. Entre seus principais perseguidores, apenas o Real Madrid conta com jogadores de mesmo padrão. Porém, os merengues sequer chegam ao aproveitamento de 60%.

Tudo isso faz com que a equipe da Catalunha seja considerada mais favorita à conquista do título. Até porque apresenta grande solidez em suas exibições Está sem perder há cinco meses e avançou também para as oitavas de final da Liga dos Campeões e para as quartas de final da Copa do Rei.
Cenário é completado por resultados fora do comum
O cenário extremamente positivo é completado por algo que poderia ganhar o nome de ‘efeito Superman’. É um momento em que o time se mostra capaz de superar desafios que em fases não tão boas seriam quase impossíveis.

Foi o que aconteceu na décima nona rodada do Campeonato Espanhol, a última do primeiro turno. Contra o Real Sociedad, na casa do adversário, o Barcelona saiu em desvantagem de 2 a 0. Porém, conseguiu reagir e virar o marcador para 4 a 2. Virada na casa do Real Sociedad não era obtida pelo time da Catalunha na liga espanhola desde 1930.
Se não houve grandes quantidades de criptonita no caminho, a soma de todos esses fatores agregada à chegada de reforços como o meia brasileiro Philippe Coutinho, mais cara contratação da história do Barcelona, e do defensor colombiano Yerry Mirna, ex-Palmeiras, fazem crer que é ‘altamente improvável’ que a taça de campeão espanhol na temporada 2017/2018 não vá dividir espaço com as dezenas de troféus já exibidos na galeria do Barça.