Contratado por 100 milhões de euros em 2013, o galês Gareth Bale ganhou absolutamente tudo no Real Madrid, com quatro ligas dos campeões, dois mundiais de clubes e uma liga espanhola com destaque. Mas a partir da temporada 2018/19, sua passagem pelo Real terá outro significado: ele finalmente terá a liberdade (e a pressão) para ser o líder do ataque merengue.
Na NBA – melhor liga de basquete do mundo – existe a figura do franchise player, o jogador da franquia, o atleta que é a cara do time, o líder indiscutível que precisa ter a bola em mãos no fim para decidir as partidas. O futebol costuma ser mais democrático, mas só até um certo ponto: o Real Madrid desta década sempre será lembrado como a equipe de Cristiano Ronaldo.
Com a saída de Cristiano Ronaldo para a Juventus, o fato que Vinicius Junior e Rodrygo ainda são muito jovens e o time não ter acertado (até o momento) com Neymar, Harry Kane e Eden Hazard, todos eles colocados como de interesse do Real, coloca Bale no holofote. O time é dele.
Do BBC para a quase saída
O futebol espanhol ficou com dois trios de ataque históricos. Enquanto o Barcelona tinha o MSN com o líder Messi e as companhias de Neymar e Suárez, o Real Madrid teve o BBC com Cristiano Ronaldo acompanhando de Benzema e Bale.
E Bale foi um coadjuvante incrível. Ele teve um lance espetacular na final da Copa do Rei, onde colocou a bola na frente e deu um pique que mostrou sua principal característica, a velocidade absurda, antes de cruzar para Ronaldo fazer o gol da vitória contra o Barcelona.
Na final da Liga dos Campeões, Bale foi o autor do gol de desempate na prorrogação contra o Atlético de Madrid, em jogo que terminaria em goleada e a 10ª conquista da Champions do Madrid, um troféu que o time perseguia por anos. O trio fez 97 gols para o Madrid na temporada 2013/14.
A partir dessa temporada sua passagem foi de altos e baixos, com lesões e queda técnica atrapalhando enquanto a equipe continuava vencendo. Segundo levantamento, foram 49 jogos perdidos pelo ex-atacante do Tottenham desde que ele chegou a Madrid por causa de 10 lesões diferentes. A imprensa espanhola, sempre mantendo o nível no subsolo, chegou a culpar a paixão pelo golfe por essas contusões.
Na temporada 2017/18, Bale saiu do banco em diversos jogos, inclusive a final da Liga dos Campeões. E mesmo entrando aos 16 minutos do segundo tempo, o galês foi o homem da partida, marcando um gol espetacular de bicicleta e outro em chute que contou com a contribuição do goleiro.
Esses 30 minutos de futebol no maior palco do futebol europeu provavelmente fizeram o Real Madrid segurar o jogador, que estava sendo ligado ao Manchester United por meses. Se Cristiano Ronaldo não saísse, seria difícil também imaginar a permanência do jogador. No fim, tudo combinou para que o jogador ficasse na Espanha.
Bale consegue ser a referência?
Essa é a grande pergunta do Real Madrid entrando na temporada 2018/19. Com Julen Lopetegui de treinador, Bale já foi colocado no patamar de referência e terá como companheiro o francês Karim Benzema, outro que precisa dar sinais depois de uma temporada passada instável.
O principal problema com certeza não é a canhota, sua velocidade e sua técnica, porque elas são inegáveis. A questão aqui é se seu físico vai aguentar a temporada inteira, com marcações ainda mais fortes por sua nova posição. Em 2017/18 ele fez 39 jogos, com 21 gols, muito mais que nos anos anteriores (27 em 2016/17 e 31 jogos em 2015/16). Cristiano Ronaldo, que foi poupado em diversas situações, teve 44 jogos e 44 gols em 2017/18. E esse rombo vai precisar ser compensado de alguma forma. Na Betfair, Bale paga 9 para 1 para artilheiro da La Liga. Pode ser uma boa.