Não é preciso qualquer complicação. Acesse qualquer tabela de classificação de torneios de futebol espalhados pelo mundo. Isso permitirá perceber que o aproveitamento caseiro da grande maioria dos clubes é superior à pontuação que conseguem atuando nos estádios dos rivais. É por isso que o torcedor recebeu o rótulo de “12º jogador”.

Porém, esse elemento também gera outro reforço para os times que atuam em seus domínios. O “13º jogador” nesse caso é o árbitro, que também na grande maioria das vezes acaba se deixando influenciar pela pressão e tende a optar pela equipe mandante na hora das decisões difíceis.
Fenômeno é ainda mais importante na Copa do Mundo
Em competições no sistema de ida e volta e por pontos corridos, essas duas condições acabam tendo sua importância diminuída. No entanto, em torneios no formato da Copa do Mundo crescem como fator decisivo. Afinal, não há jogos de volta onde tal diferença possa ser compensada. Além disso, em partidas de caráter eliminatório, uma decisão favorável da arbitragem ou uma atuação turbinada pelo ‘doping’ da torcida não permite reação.
Das 20 edições já realizadas dos mundiais organizados pela Fifa (Federação Internacional de Futebol), 13 tiveram os países mandantes alcançando a fase de semifinais e seis delas terminaram com a taça na mão dos anfitriões.
Coreia do Sul é maior exemplo do benefício
Desse bloco, o maior exemplo do benefício concedido para o país sede pode ser encontrado na Copa do Mundo de 2002. Impulsionada pela força de sua torcida no Mundial que dividiu com o Japão, mas principalmente pela força da arbitragem, a Coreia do Sul chegou pela primeira – e única – vez à fase de semifinais. Quando não contou com esse apoio jamais superou a fase de grupos.

Os títulos caseiros foram alcançados por Uruguai (1930), Itália (1934), Inglaterra (1966), Alemanha (1974), Argentina (1978) e França (1998). Desse bloco, franceses e ingleses não conseguiram resultado similar quando não tiveram o fator mando de campo a seu lado. O longo período desde que um país sede não vence o Mundial sinaliza que a importância desse aspecto tem diminuído.
Parte dessa mudança pode ser atribuída pelas exigências de segurança feita pela Fifa, que diminuem a pressão da torcida sobre adversários e juízes.
Árbitro de vídeo reduz ainda mais força do apito amigo
Na Copa do Mundo da Rússia de 2018, além disso, o papel das arbitragens amigáveis em favor dos donos da casa deve ser reduzido de forma significativa. Isso porque o Mundial será o primeiro a contar com o uso da ferramenta do árbitro de vídeo.
Dessa maneira, além da equipe de arbitragem que atuará nas quatro linhas, uma segunda parte do time ficará em um estúdio tendo acesso a todas as imagens da partida, de vários ângulos, e com direito a replay para que, percebendo uma marcação equivocada, entrem em contrato como o árbitro principal e o alertem sobre a necessidade de alterar sua decisão.
Assim, ele poderá seguir a orientação ou mesmo ter acesso às imagens para que possa verificar se a decisão que tomou foi acertada e deve ser mantida ou precisa ser revista.

Na prática, isso diminuiu o poder de influenciar o resultado que até então ficava concentrado única e exclusivamente na boca do árbitro principal. Ele terá que justificar suas decisões aos seus colegas se for acionado pelo responsável por acompanhar as imagens em vídeo.
Isso também oferece mais tempo para decisão, o que também torna menos importante a pressão da torcida uma vez que o responsável por sobrar o apito poderá deixar os ânimos esfriarem e indicar o árbitro de vídeo pela mudança em qualquer posição lavando, assim, suas mãos.