Todos já falaram sobre o atropelamento que foi a vitória do Flamengo contra o Grêmio. O 5 a 0 ficou barato e o 6 a 1 no geral nunca será esquecido pelo torcedor gremista. Mas mais traumático para eles, só o que aconteceu com os treinadores brasileiros.
Mais uma vez, depois do jogo, Mauro Cezar Pereira matou a pau a questão. E ainda falou mais em seu Instagram.
Grêmio não perdeu porque o Flamengo é milionário
Diversos times não foram goleados no Maracanã mesmo tendo essa diferença de dinheiro. O Santos perdeu por 1 a 0. O Atlético-MG em uma fase ruim se segurou por bastante tempo. O Internacional empatava por 0 a 0 até os 30 e poucos do segundo tempo.
Só investir dinheiro não é garantia de resultados. Vimos isso com Abel Braga, que jogava um futebolzinho minúsculo com o Flamengo, mesmo tendo talento para muito mais. Jorge Jesus ganhou reforços? Sim. Mas ele sabe o que fazer com eles. Sabe quando Abel Braga colocaria Arão, Gerson, De Arrascaeta, Bruno Henrique, Everton Ribeiro e Gabriel em campo juntos? Quando estivesse perdendo de 1 a 0 e precisasse de resultado.
O Grêmio perdeu porque diretoria e Renato Gaúcho não colocaram seus jogadores em posição de vitória, com chances reais de vencer.
E depois vieram com a desculpa do dinheiro. Tanto não é só sobre dinheiro que o Grêmio bateu o Palmeiras na fase anterior. E não é como se o Grêmio fosse o Juventude na Série C. O atacante de 1 milhão de reais por mês estava no banco.
Erros de Renato e diretoria
Depois de falar muito por meses e meses, Renato botou o Grêmio em campo com Paulo Miranda de lateral direito e André no comando de ataque. A diretoria deixou Paulo Victor no gol um ano depois do caso Bressan. O primeiro gol do Flamengo foi anunciado há tempos, é claro que teria falha.
O Flamengo se impôs, claro. Mas também fez três gols em faltas e escanteios do mesmo lado, algo que é treinamento, não é investimento. Rodrigo Caio não subiu sozinho porque custou 22 milhões de reais.
Mas aqui também entra um pouco o ego de Renato, que recentemente disse que não tinha um jogador que não tivesse recuperado. Paulo Victor não foi recuperado e Tardelli, grande investimento para a temporada – superestimado, com certeza – está jogando de forma péssima.
O dinheiro com certeza faz com que as coisas fiquem mais fáceis, mas diversos times hoje pagam salários astronômicos para os jogadores errados. E para os treinadores errados. Jorge Jesus chegou e fez muito e está dando um baile nos treinadores brasileiros. Renato Gaúcho, que era e é nosso melhor representante, precisa de mais humildade.
O que aconteceu ontem foi um novo 7 a 1, por mais que desta vez brasileiros tenham saído felizes. É bom que tenha acontecido porque evidencia novamente como estamos presos a um passado de “talento basta” e “não preciso aprender com ninguém”. É fácil falar que com Gabriel e Bruno Henrique qualquer um, mas o Santos tinha os dois menos de um ano atrás e terminou o Brasileiro em 10°, com Bruno Henrique jogando mal. E Rodrigo Caio era zagueiro de condomínio no São Paulo.
Ainda vamos falar muito da final da Libertadores entre Flamengo e River Plate. As odds ainda não abriram na Betfair, mas por ser em campo neutro é normal esperar o rubro-negro até como ligeiro favorito.
Mas para esta quinta-feira, o futebol brasileiro tem que botar a mão na cabeça e perceber que precisou vir um português, que nem é um treinador top da Europa, para tirar o freio de uma equipe talentosa e fazer ela jogar para a frente, querer golear e não poupar esforços. Temos que reaprender isso enquanto dá, em vez de ficar escondido atrás de argumentos como “ele não ganhou nada” e “tem uma seleção“.
Até porque Renato Gaúcho é o que melhor entende questão de identidade futebolística e explorar talentos. Falta o passo final que é aprender com os melhores.