Semana após semana nós falamos sobre Série A do Campeonato Brasileiro, e também sobre tudo quando é campeonato europeu: Premier League, Calcio A, La Liga, Bundesliga e Ligue 1 – sem contar os continentais Libertadores, UEFA Champions League e outros. Mas, e a Série B do Brasileirão? Um campeonato disputado, cheio de times tradicionais e novas potencias brigando para jogar na elite.
Pensando nisso, resolvemos fazer esse especial de meio de temporada falando um pouco sobre o que rola na segundona do Brasileiro depois de 27 rodadas (a 28ª começa logo mais, aliás) – quem está brigando para subir, quem está embolado no meio da tabela, as boas e más surpresas e quem luta para não cair para a Série C. Vamos lá então?
A briga em cima: Bragantino, Atlético-GO e Sport
Praticamente desde o início da competição, quem colocou as manguinhas de fora foi o Bragantino, um dos mais novos patrocinados da Red Bull, responsável pelo sucesso de gente como RB Leipzig, Salzburg, New York e outros na Europa e nos EUA. Este patrocínio, aliás, permitiu ao clube contar com alguns nomes já conhecidos dos torcedores, como o goleiro Julio César (ex-Corinthians) e Thiago Ribeiro (ex-Santos), entre outros.
Líder desde a rodada 7, o time de Bragança Paulista tem o melhor ataque e a melhor defesa disparados, além de o maior número de vitórias. Em suma, é uma máquina de jogar futebol e, mesmo faltando 11 rodadas para o campeonato terminar, parece que só um milagre tira a vaga na elite e mesmo o título do Bragantino, atualmente 8 pontos à frente do segundo colocado.
Esse segundo colocado, no caso, é o Atlético-GO, um time que se tornou o famoso “ioiô” entre as séries A e B nos últimos anos. Com campanha de 46 pontos, o Dragão é um time extremamente eficiente, mas não exatamente vistoso e goleador. São muitas vitórias por um gol de diferença, e de pouquinho e pouquinho o time goianiense chegou lá em cima.
Empatado em pontos com o Atlético-GO está o Sport, time mais que tradicional de Pernambuco e do Brasil e que luta para voltar à Série A depois de apenas uma temporada na segunda divisão. O Sport impressiona pelo seu ataque (tanto que os dois artilheiros do campeonato, Guilherme e Hernane, empatados com 12 gols, são do Leão) mas peca na defesa, além de empatar demais (13 vezes, o que mais empatou no campeonato todo), e talvez por isso não esteja tão próximo assim do Bragantino.
De qualquer maneira, esses três parecem muito próximos da Série A de 2020 e devem brigar por título um com o outro, a não ser que algo muito bombástico aconteça nas próximas semanas.
Tudo embolado no meio da tabela
No momento em que esta matéria foi escrita, apenas três pontos separavam o quarto do nono colocados, e nesse bolo tem gente que deu arrancadas, gente que estava no topo e tropeçou feio e gente que sempre esteve ali.
O primeiro dessa turma é o América-MG, um dos que deve brigar seriamente pela quarta e última vaga de ascensão à primeira divisão até o fim da temporada. Mais um que veio direto da Série A em 2018, o clube mineiro perdeu jogos que não podia, como Atlético-GO e Botafogo-SP em casa, mas foi um dos únicos que conseguiu vencer o líder Bragantino.
Logo depois vem o também rebaixado em 2018 Paraná Clube, que tem um ataque horroroso de 23 gols (quarto pior de todos), mas uma defesa bem sólida, e foi, de 1×0 em 1×0, chegando até a parte de cima, e agora briga por um lugar na Série A. O time tem 41 pontos, os mesmos que o América-MG.
Quem está louco para voltar à elite, onde está bem acostumado a jogar, é o Coritiba. O Coxa tem um bom ataque e uma defesa razoável, mas peca na regularidade dentro do campeonato, quase sempre intercalando derrota com vitória, jogo após jogo. 2
Em sétimo colocamos nossa primeira decepção: Botafogo-SP. O time do interior paulista, que chegou chegando, tomando liderança logo de cara e ficando invicto por sete rodadas, agora tem que se contentar em ser um mero coadjuvante na luta pela última vaga do G4. Apenas um pontinho atrás do quarto colocado, a Pantera de Ribeirão Preto pode muito bem surpreender para cima nessa reta final de campeonato.
Outro time instável aparece logo em seguida: o CRB, que não conseguiu emendar três vitórias consecutivas desde que o campeonato começou. O mérito do clube alagoano é surpreender times considerados mais fortes, vide suas vitórias sobre Atlético-GO, Ponte Preta e Coritiba, todas fora de casa.
As surpresas – para bem e para mal
Entre os times que arrancaram positivamente, ninguém supera o já citado América-MG. Se atualmente o clube está em quarto, 15 rodadas atrás era o lanterninha da competição. Nessas últimas 15 rodadas, aliás, o clube mineiro só perdeu uma vez e venceu outras dez.
Quem decepcionou seu torcedor em relação a expectativa e realidade é a Ponte Preta, que começou o campeonato muito bem, brigando lá em cima com os líderes e sonhando com título, mas agora tem que se conformar com uma oitava posição insossa. É verdade que o acesso ainda é bem possível, mas a Macaca podia ter tido vida muito mais fácil.
O grande rival da Ponte, o Guarani, também não deu muitos motivos para alegrar seu torcedor até agora. É verdade que o Bugre tem melhorado e muito nas últimas rodadas, mas é inegável que as rodadas a fio na lanterna da segundona são uma decepção enorme para quem começou a temporada sonhando até com o glorioso retorno à elite.
Já falamos de Bragantino e Botafogo-SP, mas ambos merecem constar aqui de novo por terem vindo direto da Série C em 2018 e estarem brigando seriamente por vaga na primeira divisão. Quem também subiu da terceira na temporada passada foi o Operário-PR, campeão da Série C 2018, aliás, e que faz campanha segura na 10ª posição. Os paranaenses, porém, precisam abrir o olho, já que perderam as últimas três partidas consecutivas.
Colado no Operário está o quarto promovido da terceira divisão de 2018, o Cuiabá, derrotado justamente pelo time do Paraná na final naquela ocasião, aliás. 5 pontos atrás do G4, o time mato-grossense pode até sonhar, se jogar bem nessa reta final.
Por fim, surpreende também o desempenho lamentável de dois clubes que vieram da Série A em 2018: Vitória e Figueirense. O clube da Bahia ainda está fora da zona de rebaixamento, mas já foi lanterninha por um tempo, enquanto que o clube catarinense está pronto para enterrar, sem exageros. Aí é necessário citar os problemas gravíssimos que o Figueira enfrenta, que culminou até em W.O., sem contar atrasos de salário de praticamente todo mundo no clube. Se o Figueirense simplesmente continuar existindo e for capaz de jogar futebol no final do ano, está de bom tamanho. O rebaixamento, porém, é virtualmente garantido.
Quem briga para não cair
Brasil de Pelotas e Oeste, dois times na parte de baixo da tabela que não citamos, não devem exatamente lugar contra o rebaixamento, mas também não parecem ter fôlego para brigar na parte de cima.
A preocupação mesmo começa no Londrina, atual 15º colocado e que já esteve no G4 por um bom tempo, tendo chegado mesmo a liderar o campeonato por uma mísera rodada (a quarta). Hoje em dia, o clube do Paraná se preocupa em não voltar à Série C, de onde saiu em 2015 para não voltar desde então.
Além do já citado Figueirense, que parece longe de qualquer tipo de salvação, três times ocupam o resto da zona de rebaixamento, separados por apenas um ponto. O primeiro time no Z4 é o Vila Nova, dono do pior ataque do campeonato (19 gols). Se não começar a balançar as redes, o clube de Goiás vai acabar caindo.
O antepenúltimo é o Criciúma, segundo pior ataque da Série B e chafurdado na zona de rebaixamento há um bom tempo. Logo depois, em penúltimo, está o São Bento, que começou o campeonato até que bem, mas foi rolando tabela abaixo até chegar à última posição na rodada #22. A esperança do time do interior paulista é fazer um resto de campeonato de recuperação, mas a degola parece quase certa.