Internacional volta aos treinos, Grêmio faz o mesmo: para que?

gremio internacional libertadores

As competições estão longe de voltar no Brasil. A pandemia do COVID-19 só deve piorar no país nos próximos dias. Mesmo assim os jogadores do Internacional se apresentaram para treinar e os do Grêmio farão o mesmo nesta semana. A dúvida é: para que?

Os jogadores do Inter tiveram suas temperaturas tiradas e realizaram um circuito de corridas e academia ao ar livre. Todos os cuidados foram tomados. Eles não podem usar as áreas dos vestiários, refeitório e academia e foram divididos em grupos, mantendo espaço entre eles.

“Parabéns” ao Internacional por achar uma forma de fazer um treino de futebol ser segura nesses tempos loucos. Mas se isso não se assemelha a um trabalho tático e técnico para o futebol, não temos competições no horizonte e mesmo assim se corre riscos, para que isso foi feito?

As alternativas

Federações e clubes ao redor do mundo pensam em alternativas para voltar o futebol e poder movimentar o setor. O dinheiro da televisão é o grande motivador, claro. O Campeonato Alemão pode voltar ainda neste mês de maio.

Entretanto, mesmo em um país que está na parte descendente da curva de contágios ainda tem problemas. Três profissionais do Colônia – seriam dois jogadores e um fisioterapeuta, segundo a imprensa local – testaram positivo.

Na Inglaterra a situação não está tão controlada como na Alemanha, por isso os planos são por enquanto para voltar aos treinos. O chamado “Projeto Recomeço” terá testagem dos atletas ainda nos seus carros, distanciamento nos treinos e medidas rígidas de limpeza. A Associação de Jogadores Profissionais está procurando alternativas e aventando até a possibilidade de jogos com menos de 90 minutos de duração.

Assim como aqui no Brasil, tudo parece apressado. O Reino Unido tem mais de 30 mil mortes, e recentemente superou a Itália, primeiro país europeu a ser golpeado com dureza pelo vírus.

Voltando ao Brasil

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O Campeonato Paulista já tem um protocolo a seguir, mas ainda está longe de recomeçar

Apesar dos grandes gaúchos terem voltado, o presidente da Federação Gaúcha e o Governador do Rio Grande do Sul se reuniram e declararam que o futebol não voltará em maio.

São Paulo é o principal foco da doença no país e pensar em futebol em maio beira a insanidade. O máximo que dá para fazer é o protocolo apresentado nesta terça-feira. Ele envolve as mesmas ideias que falamos acima: testes para os jogadores, uso de máscaras constante, restrições no número de pessoas nos treinos e posteriormente nos jogos.

Até o uso de mangas compridas e luvas e a proibição de comemorar gols com aglomerações foi sugerida. A ideia é que o Campeonato Paulista seja decidido em formato de Copa, com os times confinados antes e depois dos jogos.

Qualquer ideia para retomar os campeonatos é válida. Os clubes estão sangrando dinheiro, as televisões querem um produto para colocar no ar e que com certeza será um sucesso de audiência (como foi a reprise da final de 2002). E por mais que os jogadores não inspirem muita pena com cortes nos seus salários absurdos, não são só eles que “lucram” pela volta do futebol. Massagistas, roupeiros, imprensa, profissionais de limpeza e muitos outros dependem dos clubes e de sua atividade financeira. O Flamengo, que é o todo poderoso financeiro, cortou profissionais em abril.

Além, é claro, da questão psicológica. Ver o futebol ao vivo, mesmo que seja uma versão “diferente” e sem torcida, é uma volta à normalidade.

Mas não adianta apressar as coisas. O Brasil sofre imensamente com falta de testes, estrutura de saúde e subnotificação de casos. Colocar jogadores de futebol para fazer testes e ter acompanhamento médico só para termos futebol de novo e tirar esses recursos de hospitais e do sistema de saúde em geral é algo mesquinho. Vamos pensar em treinos e jogos quando começarmos de verdade a limitar esse maldito vírus.

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