É hora de uma mudança na Seleção Brasileira pensando em 2022?

Se o Brasil conseguir a proeza de não vencer o duelo de logo mais contra a Coreia do Sul, terão sido seis partidas sem vitória – a última foi a da conquista da Copa América. Isso leva qualquer um a pensar: acabou o encanto da Seleção com Tite de vez? O que fazer para sair do marasmo dos últimos meses, que parece não levar a lugar nenhum?

O que vimos de Tite até agora

Quando Tite aceitou trocar o Corinthians pela Seleção Brasileira, houve comoção geral entre os interessados por futebol – dos corintianos se sentindo abandonados pelo técnico campeão brasileiro em 2011 e 2015 e da Libertadores e Mundial de 2012 até os torcedores rivais, que viam no treinador gaúcho uma “corinthianização” da Seleção Brasileira.

De fato, o Brasil que jogou a Copa do Mundo de 2018 na Rússia era a cara do treinador e do clube alvinegro paulista: placares magros, vitórias suadas de último instante e complicações em jogos desnecessários – vide Suíça e Costa Rica, até a eliminação amarga perante a Bélgica.

Não foi um 7×1, mas foi o retrato de um time que simplesmente não era bom o suficiente para chegar mais longe do que chegou. Não pareceu injusto, não pareceu má sorte. Pareceu incompetente, apenas.

Para o jogo de logo mais, contra a Coreia do Sul, o Brasil deve entrar em campo com cinco mudanças em relação ao time que perdeu para a Argentina. Coutinho e Richarlison devem ganhar as posições de Firmino e Willian no ataque, enquanto que Casemiro sai para dar vaga a Fabinho, que vive fase excepcional no Liverpool. Na zaga, saem Alex Sandro e Thiago Silva para entrarem Renan Lodi e Marquinhos.

As odds para o jogo em Betfair são amplamente favoráveis ao Brasil: 1,25 para 1 contra enormes 15 para 1 a favor da Coreia de Sul.

Um Brasil apático

Mesmo com gente jovem e promissora como David Neres e Richarlison, o Brasil parece preso no passado num esquema conservador duvidoso

Se o desempenho na Rússia não foi lá essas coisas, o mesmo não pode ser dito sobre os amistosos que vieram logo depois: estes foram piores. Pra começo de conversa, algo que foge do escopo dos jogadores ou mesmo de Tite: os adversários, estes escolhidos e negociados pela cartolagem.

Enquanto os europeus jogavam uns contra os outros em duelos de gigantes, os torcedores brasileiros tiveram que se conformar com Panamá, Catar, República Tcheca e Honduras como preparação para a Copa América.

A Copa América, aliás, parece ter sido o último trunfo de Tite numa trajetória que faz cada vez mais sobrancelhas se levantarem e arrancam cada vez menos aplausos de quem assiste. Vitórias convincentes contra Bolívia, Peru e, principalmente, Argentina, fizeram os olhos do torcedor brilhar.

Na final, jogando de novo contra o surpreendente Peru, mais uma bela vitória, e daquelas para consagrar nomes que exalavam renovação por todos os poros: Everton Cebolinha, Richarlison e outros. Ainda assim, basta uma olhadinha um pouco mais profunda para notar que isso tudo é apenas mais do conservadorismo de Tite traduzido na forma de jovens atletas promissores.

Mudança dentro e fora de campo

Assim como do 7×1 de Felipão até a Rússia foram quatro anos que passaram voando, da eliminação para a Bélgica até a Copa do Catar não vai demorar nada. O que preocupa o torcedor, óbvio, é o que esperar de um time que já acumula cinco jogos sem vencer, sendo estes jogos contra adversários como Senegal e Nigéria, além dos vizinhos Colômbia, Peru e Argentina.

Antes de pensar no Catar, o Brasil tem que pensar nas Eliminatórias da Copa do Mundo, competição essa que começa em março de 2020 – ou seja, em torno de quatro meses. A classificação para a Rússia foi mamão com a açúcar, é verdade, mas a tendência é outra para 2022 se as coisas continuarem como estão.

Já houve muita troca na comissão técnica e entre os cartolas, mas as mudanças ainda não apareceram – ou não foram devidamente engatilhadas, ou simplesmente não foram o suficiente para serem sensíveis. Dentro de campo, com Tite, é difícil esperar qualquer coisa que fuja muito da ideia básica do técnico.

A verdade é que o gaúcho é um treinador conservador ao extremo, da mesma safra dos quais o Brasil está recheado. Vendo, porém, Felipão, Carille e tantos outros perdendo o emprego e sendo substituídos, com sucesso enorme, por gente como Jorge Jesus e Jorge Sampaoli, estrangeiros de pensamento futebolístico progressista, faz a gente pensar que a filosofia de Tite pode estar mais do que questionada. Pode, muito bem, estar com os dias contados, na verdade.

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