O futebol tem muito a agradecer ao pequenino Levante. Na trigésima sétima rodada do Campeonato Espanhol, a equipe derrotou o Barcelona, por 5 a 4, em um jogo espetacular, impedindo que a primeira vez na história o time da Catalunha conquistasse o título nacional de forma invicta.
Embora o tropeço possa ter entristecido os torcedores do Barça, o resultado acabou sendo uma bênção para quem coloca a paixão pelo futebol acima de qualquer clube. Ele fez com que a partida deste domingo, 20 de maio, em que o clube recebe o Real Sociedad para colocar um ponto final na temporada 2017/2018 de LaLiga, entre para história única e exclusivamente como aquela que marcou a despedida de um dos maiores meio-campistas do futebol mundial.
Iniesta deixa clube com mostra de amor à camisa
Por 22 anos ininterruptos Andrés Iniesta defendeu as cores do Barcelona depois de ter dado seus primeiros chutes como jogador no Albacete (1994/1996). Vestirá pela última vez a camisa do clube em uma partida oficial provando com duas atitudes, não apenas com palavras, seu amor ao Barça.
A primeira dessas provas foi justamente a decisão de deixar o clube. Aos 34 anos, o craque teve a grandeza de admitir que não apresenta condições físicas de atuar em alto nível. Embora não exista confirmação oficial, a imprensa já anunciou que o jogador passará os próximos três anos, provavelmente os últimos de sua carreira, defendendo o Vissel Kobe, do Japão.
Até mesmo a escolha do novo clube foi uma amostra do amor de Iniesta ao Barcelona. Embora ainda tivesse mercado em outros clubes europeus, preferiu encher ainda mais o seu cofrinho em um país onde não correrá o risco de ter que encarar o clube de seu coração em competições oficiais.
Meia deixa Barça como vice-líder em atuações
Quando a bola rolar neste domingo em Camp Nou, Iniesta completará 675 partidas como profissional no Barcelona. É o segundo atleta que mais jogos disputou pelo clube. Apenas Xavi, que foi seu companheiro entre 1998-2015, atuou mais vezes. Foram 767 partidas.
Porém, embora a quantidade de anos em um mesmo clube e também do número de partidas disputadas seja algo extraordinário, é a qualidade que mais impressiona em Iniesta. Com ele no plantel, o Barcelona colocou 32 troféus em sua galeria. Foram nove títulos do Campeonato Espanhol, seis da Copa do Rei da Espanha, quatro conquistas da Liga dos Campeões da Europa, três mundiais de clubes, três supercopas da Europa e sete espanholas.
Isso, naturalmente, sem falar dos títulos da seleção espanhola em que Iniesta foi o maestro. Com ele, a “Fúria” finalmente fez jus ao apelido ao conquistar pela primeira – e até agora única – vez uma Copa do Mundo. Foi em 2010 na África. Da Eurocopa, participou das vitórias em 2008 e 2012. No Mundial da Rússia, ainda terá chance de melhorar sua lista de recordes.
Craque contraria o padrão do esporte
Em uma modalidade onde praticamente apenas os artilheiros são endeusados, Iniesta contrariou o padrão. Fez do passe a maior estrela. Foi desta maneira que conseguiu uma honraria que pode ser considerada por muitos superior até mesmo à conquista de um título. Em 2015, depois de criar uma jogada de gol e marcar um tento em goleada do Barça sobre o Real Madrid, por 4 a 0, deixou o campo aplaudido pela torcida do maior rival do Barcelona. Um privilégio para poucos.
Sua última grande atuação no clube aconteceu no último dia 21 de abril. Jogando como se tivesse dez anos a menos, Iniesta arquitetou as principais jogadas do Barcelona na goleada, por 5 a 0, em cima do Sevilha. De quebra, ainda fez um gol. Mas uma vez em Madrid, mas no estádio do Atlético, deixou o gramado com lágrimas nos olhos ao ser aplaudido de pé pelos torcedores.