Com sua retomada agendada para 6 de janeiro, o Campeonato Espanhol é entre as ligas nacionais da Europa o torneio com programação mais atrasada. Enquanto quase todos os demais países adiantaram a realização das partidas devido ao calendário mais apertado de 2018 em função da disputa da Copa do Mundo da Rússia, LaLiga manteve seu padrão. Dessa forma, ainda restam duas rodadas para o final do primeiro turno.

A vitória do Barcelona, por 3 a 0, diante do Real Madrid, em pleno Santiago Bernabéu, na última jornada de 2017, acabou levantando a questão: qual é a maior ameaça para o time catalão na disputa pelo título?

Messi (de pênalti), supera Navas e marca o segundo gol da vitória do Barça sobre o Real deixando o time com folga mais ampla na liderança

Com outras prioridades, Real parece fora da disputa

Em condições normais de temperatura e pressão, não haveria sequer necessidade de pensar muito para indicar o Real Madrid como resposta para essa pergunta. Afinal, o time levou o troféu do Campeonato Espanhol 2016/2017 e possui um elenco repleto de estrelas.

Seria o suficiente até mesmo para relevar a situação da tabela, que aponta o Real apenas na quarta posição com 31 pontos. Embora necessitando de uma série de tropeços do Barcelona para reverter uma diferença que já é de 14 pontos, a qualidade de seus jogadores é suficiente para crer que a equipe tem capacidade para enfileirar uma série de vitórias capaz de aumentar de forma significativa seu aproveitamento.

No entanto, o clube parece não estar muito interessado nisso. O Real tem mantido seu foco nas últimas temporadas principalmente na conquista de copas. Ganhou duas vezes seguidas a Liga dos Campeões e tem um desafio gigantesco na próxima fase diante do Paris Saint-Germain, em fevereiro.

Copa pode afetar desempenho de Cristiano Ronaldo

Outro aspecto importante é o fator Cristiano Ronaldo. Multivencedor do prêmio de melhor jogador do mundo, o português, que antigamente atuava em quase todas as partidas como se fossem finais de campeonato em busca de quebrar recordes, reconheceu que seu condicionamento físico não permite mais esse tipo de comportamento.

A proximidade do Mundial da Rússia pode fazer com que Cristiano Ronaldo se preserve no final da temporada espanhola

Foi convencido pelo técnico Zinedine Zidane de que precisaria diminuir o número de partidas disputadas ao longo do ano. Assim, teve condições de melhorar sua preparação para os jogos considerados mais importantes. Parece até mesmo ter ido além, poupando-se até mesmo em partidas em que foi escalado não mostrando a mesma disposição de outros anos.

Talvez seja, ainda que inconscientemente, uma forma de se preservar para a disputa daquele que pode ser seu último mundial. Na Copa de 2014, no Brasil, ele não chegou em boas condições físicas e teve uma atuação abaixo do que se esperava. Como dificilmente a idade lhe permitirá atuar em alto nível o Mundial de 2022, no Catar, a Copa da Rússia será sua chance final de brilhar com a seleção de Portugal.

Valencia surgiu como antagonista, mas perdeu força

Isso praticamente descarta, ao menos em teoria, o Real como uma ameaça ao Barcelona. Deixa, então, Atlético de Madrid e Valencia como principais rivais na briga pelo troféu de LaLiga.

O Valencia até chegou a ameaçar em alguns momentos o primeiro lugar do Barça na classificação. Algo surpreendente para um clube que passou as duas últimas temporadas na briga contra o rebaixamento e promoveu uma reformulação em seu elenco que teve como objetivo principal cortar custos.

Essas limitações impostas ao plantel, tanto em qualidade como quantidade, acabaram cobrando seu preço na reta final da primeira metade da temporada. O time sofreu três derrotas em quatro partidas e viu o Barcelona abrir 11 pontos de vantagem. O período de descanso para as festas de Natal e Ano Novo pode até ajudar na recuperação, mas dificilmente o Valencia terá condições de reverter esse quadro.

Falta de gols reduz chances do Atlético de Madrid

Até porque perdeu o segundo lugar na classificação para o Atlético de Madrid, que em nenhum momento da temporada chegou a encantar. Embora tenha mantido sua invencibilidade até a décima sétima jornada, apresenta uma imensa dificuldade em fazer gols. Muito provavelmente esse problema será diminuído a partir de janeiro com a inscrição do atacante Diego Costa. Mas seu estilo extremamente conservador e defensivo de atuar, que resultou em seis empates em 17 jogos, não indica que o time tenha capacidade de ameaçar o Barcelona.

Assim, na prática, a única ameaça Real ao título do Barcelona é o próprio clube. Somente uma queda brusca de rendimento faria com que o time da Catalunha deixasse escapar a oportunidade de colocar mais uma taça de campeão nacional em sua galeria. Tal possibilidade perde força quando se avalia o sistema imposto pelo técnico Ernesto Valverde em sua primeira temporada no clube.

Sem afetar muito o desempenho ofensivo do time, que com 45 gols tem o melhor ataque de LaLiga, conseguiu, com a posse de bola, reduzir o número de tentos sofridos. Com sete gols em 17 partidas, o Barça tem a defesa menos vazada do Campeonato Espanhol. Esse equilíbrio rendeu uma invencibilidade de 25 partidas. Está prestes a completar cinco meses sem derrotas. Tal performance indica que o departamento de futebol catalão pode reservar um espaço em sua galeria para a chegada de mais um troféu.

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