
Depois de 31 dias, a Copa do Mundo da Rússia de 2018, vigésima primeira da história dos mundiais, chegará ao seu final neste domingo, 15 de julho. A partir das 12h (horário de Brasília), França e Croácia vão lutar pela taça. Os franceses já têm um troféu em sua coleção. Os croatas ainda buscam a chance de entrar para o clube dos campeões do mundo.
Ao longo desses quase 100 anos de disputas, algumas partidas valeram muito mais do que a taça. Acabaram sendo marcadas por relatos de superação ou por atuações marcantes que as tornaram os jogos mais importantes da modalidade.
Veja a seguir uma lista das cinco decisões de mundiais que ficaram na memória dos torcedores e ganharam um capítulo especial nos livros sobre a história do futebol.
1. Maracanaço, a final com nome próprio – 1950, Brasil
A maior de todas as decisões de copas do mundo não foi uma final. Apesar de ter ganho um nome próprio – Maracanazzo ou Maracanaço, dependendo da língua-, a partida que indicou o campeão do mundo em 1950 não era eliminatória. Constava na tabela apenas como o último jogo do quadrangular decisivo. O empate, inclusive, servia para os brasileiros, que pela primeira vez sediaram a disputa de um Mundial, contra os uruguaios.
O cenário de otimismo foi formado em torno do jogo não apenas pelas duas vantagens – a do empate e a de atuar em casa -, mas por grandes exibições da seleção brasileira ao longo do torneio, que teve goleadas de 7 a 1 contra a Suécia, 6 a 1 contra a Espanha e 5 a 0 diante do México na partida de abertura.
As exibições de gala serviram para criar um grito que se tornaria tradicional no futebol: “olé”. Ele tornou-se marcante quando a torcida brasileira cantava para embalar as vitórias da equipe canarinho a marchinha “Touradas de Madrid”, do compositor Braguinha.

O clima de já ganhou cresceu ainda mais durante a partida quando o Brasil saiu em vantagem no marcador. Porém, os uruguaios, que já detinham um título de campeão do mundo viraram o marcador vencendo por 2 a 1, com o segundo gol assinalado por Gigghia aos 34 minutos do segundo tempo calando mais de 200 mil pessoas – público estimado da partida – que estavam no Maracanã e fazendo com que o jogo entrasse para a história como a mais marcante partida de uma Copa do Mundo.
Oficialmente, o público foi contabilizado como 173,5 mil pagantes, o maior já registrado em uma decisão de mundiais.
Muito prazer, Pelé – 1958, Suécia
Os brasileiros só foram se recuperar do trauma e alcançar pela primeira vez um título mundial oito anos depois. Em 1958, foi a vez dos suecos experimentarem o gosto amargo de perder uma decisão de Copa do Mundo em casa. Levaram 5 a 2 da seleção do Brasil.
Porém, mais expressivo que o placar foi a participação de uma dupla que entraria para a história tornando o futebol brasileiro conhecido mundialmente como o melhor do mundo. Mané ainda foi decisivo na Conquista do bi em 1962, no Chile, e Pelé, além da competição chilena, chegou ao tricampeonato no México, em 1970.

A decisão foi disputada no estádio Rasunda, em Solna, teve dois gols de Pelé, dois de Vavá e um de Zagallo em favor da seleção brasileira. Também ficou marcada por um gesto que seria repetido em muitas outras decisões. Ao receber a Taça Jules Rimet, que então era dedicada ao campeão do mundo, o zagueiro Hideraldo Bellini, antes de exibir o troféu para a torcida, o beijou. Esse ritual foi repetido por todos os capitães das seleções do Brasil nas demais conquistas do Mundial.
Outro marco da competição foi o golaço marcado por Pelé em sua primeira partida no Mundial. Ao fazer o tento que garantiu a vitória por 1 a 0 sobre País de Gales ele se tornou no mais jovem atleta ao fazer um gol em uma copa do mundo. Tinha 17 anos e 249 dias de idade.
O milagre de Berna – 1954, Suíça
Não é exatamente um nome próprio, mas a decisão da Copa do Mundo de 1954, que foi disputada em 1954, na Suíça, também ganhou um rótulo: “O Milagre de Berna”. Virou até roteiro de filme.
Isso porque a seleção da Hungria era considerada imbatível. Contava com jogadores espetaculares como Puskás e Kocsis que fizeram com que o time passeasse pela primeira fase. Foram 17 gols marcados em quatro partidas, incluindo uma vitória tranquila sobre a Alemanha Ocidental, que chegou à final tendo como papel ser coadjuvante dos húngaros.

A história de superação ganhou tons ainda mais fortes com o início arrasador da seleção húngara, que fez 2 a 0 em apenas oito minutos de partidas. Os gols foram assinalados por Puskás e Czibor. A reação alemã começou com Morlock, aos 10 minutos do primeiro tempo. Rahn igualou o marcador oito minutos depois e fez o gol da virada aos 39 minutos do segundo tempo deixando surpresos os mais de 62 mil torcedores que lotaram o Wankdorfstadion, em Berna.
A final de mentira e da mentira – 1982, Espanha
Brasil e Itália decidiram a Copa do Mundo de 1982. Mas o jogo não foi uma final de verdade. A decisão, de mentira, aconteceu nas quartas de final. Na época, o Mundial tinha duas fases de grupos. A primeira nas oitavas de final for marcada por uma grande crise de relacionamento na Itália, que só conseguiu sobreviver no critério de desempate de maior número de gols marcados após três empates seguidos.
Foi colocada no grupo de Brasil e Argentina, que só levava o campeão para as semifinais. A seleção brasileira, era considerada a grande favorita. Apresentava um futebol ofensivo e bonito com um meio-campo formado por Toninho Cerezzo, Falcão, Socrátes e Zico. Porém, acabou perdendo por 3 a 2 o confronto direto com os italianos.

Assim, a Copa da Espanha ficou marcada como vitória do futebol bruto e de resultados sobre o futebol arte. Uma grande mentira. A Itália, que depois atropelou Polônia e Alemanha Ocidental para chegar ao título possuía um time de alto nível com atletas como o espetacular goleiro Dino Zoff, o lateral Cabrini, o meia Tardelli e os atacantes Altobelli, Graziani e Conti.
Porém, teve como maior estrela um jogador que sequer deveria ter disputado o Mundial. Envolvido em um escândalo de manipulação de resultados, o artilheiro Paolo Rossi teve sua suspensão ajustada na medida para que pudesse participar da Copa. Com 25 anos, marcou seis gols em sete partidas e foi o chuteira de ouro da Copa da Espanha.
A primeira a gente nunca esquece – 1930, Uruguai
O fato de ser a primeira decisão de Copa do Mundo da história coloca a vitória do Uruguai, por 4 a 2, no Mundial de 1930, na lista. Quase 70 mil pessoas presenciaram o jogo que concedeu a Celeste o direito de ser proclamada a primeira campeã do mundo.
O jogo foi disputado no estádio Centenário, em Montevidéu, em 30 de julho, repetindo a final dos Jogos Olímpicos de 1928. Foi marcado por duas viradas. Os donos da casa saíram na frente logo aos 12 minutos com Dobrado. Peucelle, aos 20 minutos, e Stábile, aos 37 minutos, colocaram a Argentina em vantagem.

Na segunda etapa, Cea, aos 12 minutos, Iriarte, aos 23 minutos, e Castro, aos 44 minutos, fizeram com que a taça não deixasse a capital uruguaia.